08 de junho | 2008
Tentativa de suicídio é válvula de escape para crise existencial
Embora haja uma série de fatores geralmente elencados para justificar uma tentativa de suicídio, mas para o padre Ivanaldo Gonçalves de Mendonça (foto), responsável pela Quase Paróquia São José, a atitude é uma válvula de escape para o que é conhecido por crise existencial.
"A perda do sentido de vida e de objetivos, quando a pessoa não tem motivação, levam na maioria das vezes, à tentativa de suicídio como escape para que a pessoa possa respirar diante do sofrimento e da angústia que vive", justifica.
E tudo isso, na avaliação de Mendonça, pode ser provocado por diversas situações. Além da perda do sentido de vida, a carência também é apontada como forte suficientemente para levar a uma decisão extrema. "Falta força suficiente pra poder lutar, persistir ou resistir", acrescenta.
Para Mendonça as pessoas que mergulham nesse abismo da angústia e do sofrimento, também do nível psicológico e até do espiritual, enxergam o suicídio como uma forma de respirar.
"Porém, elas não têm noção que essa tentativa de respirar está colocando limite, está colocando fim a todas as possibilidades que ela têm de superar e resistir àquela crise ou aquela dificuldade que está vivendo", reforça.
Acreditando que o ser humano vive um conjunto de situações, diz que as questões sociais, econômicas e culturais estão profundamente envolvidas numa tentativa de suicídio. "Porém, ainda reforço que a perda do sentido da vida faz com que a pessoa, diante de tantos desafios, perca as razões pra continuar lutando", considera.
Mendonça destaca que encontra muitos desempregados e pessoas em situação de pobreza e miséria, com problemas gravíssimos de doenças e de vários níveis sociais que jamais pensam em dar fim à própria vida.
Por outro lado, ressalta a importância da boa convivência familiar como esteio que pode dar continuidade à vida: "Sem dúvida nenhuma o enfraquecimento da família é reflexo do enfraquecimento e empobrecimento das relações".
Se o núcleo familiar não é bem estruturado em todos os sentidos, desde o físico, material, espiritual e psicológico, as pessoas dessa família viverão com desajustes de caráter e personalidade, que fazem com que se perca a referência.
"Hoje temos pessoas que não sabem de onde vêm e nem pra onde vão. São filhos de ninguém, descartados por seus pais e pela sociedade e se o ser humano não se sente amado não se permite amar. A vida carece de um sentido maior. Acredito que isso influencie bastante", conclui.
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