21 de abril | 2024

Perfil do morador de rua mudou e precisa de medidas mais robustas

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À MARGEM DA SOCIEDADE?
É preciso buscar a reintegração social como forma de resolver o problema em Olímpia. Assistente social aposentada aponta mudanças no perfil dos moradores de rua e sugere ações para melhoria.

O aumento no número de moradores de rua tem sido notado, mais notadamente nos últimos anos e tem causado reclamações principalmente de comerciantes e moradores das regiões onde costumam ficar. Mas, segundo Edna Marques, assistente social aposentada e atualmente vereadora e advogada, o que realmente mudou foi a visibilidade desta população. “Eu não acredito que seja o aumento, eu acredito que seja a visibilidade”, afirmou ela em entrevista.

De acordo com Marques, as cidades maiores, como Olímpia, têm atraído essas pessoas em busca de melhores condições de sobrevivência, que se concentram onde conseguem sustentar-se.

NÃO MUDOU APENAS O NÚMERO,
MAS TAMBÉM O PERFIL

A tendência observada mostra que não apenas o número, mas também o perfil dos moradores de rua tem evoluído. “O morador de rua era uma pessoa mais idosa, hoje a gente tem visto muitos jovens”, explicou Edna, destacando uma faixa etária predominante entre 30 e 50 anos. Essas são, em sua maioria, pessoas que já tiveram famílias e empregos, mas que, por diversos fatores, acabaram nas ruas.

Entre as causas para essa situação, a assistente social apontou os conflitos familiares e os vícios como principais fatores. “O principal fator mesmo é o conflito familiar”, disse ela, acrescentando que problemas como o uso indevido de drogas, o desemprego e a pandemia também influenciaram significativamente.

PANDEMIA DIFICULTOU
CENÁRIO ECONÔMICO

“A pandemia fez com que várias pessoas perdessem seus empregos”, mencionou, explicando que o cenário econômico dificultou ainda mais a situação para quem já estava vulnerável.

Questionada sobre as ações que poderiam ser implementadas pelas prefeituras e órgãos de assistência social para lidar com os moradores de rua, Marques sugeriu que o foco deveria estar na reinserção social dessas pessoas. “Eles são muito difíceis de ser recolocados no mercado de trabalho”, comentou, citando o estigma e a desqualificação como barreiras.

FALTAM PROGRAMAS
DE REINTEGRAÇÃO SOCIAL

Em Olímpia existem serviços de atendimento à população de rua, que incluem acolhimento emergencial, mas a vereadora vê uma falha na falta de programas eficazes de reintegração social. “O serviço de atendimento à população de rua faz muito tempo que já existe no município”, ela informou, mas destacou que a assistência vai além do emergencial.

Sobre as políticas de alimentação, ela indicou que a distribuição de marmitas, embora benéfica, pode atrair moradores de rua de outras localidades, mas ressaltou que a alimentação é um direito básico de dignidade humana.

FALTA ASSISTÊNCIA
MÉDICA E PSICOLÓGICA

Edna também apontou a importância da assistência médica e psicológica, mencionando que tais serviços são oferecidos, mas muitos moradores são resistentes a aceitá-los devido a diversos fatores, incluindo o uso de substâncias.

Em relação ao que pode ser melhorado, Marques sugeriu um enfoque mais humanitário, tratando cada indivíduo como tal e não como um número. “É diferente daquela população antiga de morador de rua”, comentou, explicando que muitos têm algum nível de escolaridade e poderiam se beneficiar de programas de formação e reintegração no mercado de trabalho.

Ela encerrou a entrevista destacando a necessidade de um programa governamental mais robusto para realmente mudar a situação dos moradores de rua, não apenas em Olímpia, mas em outras cidades também.

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