31 de março | 2019

Para Helena Santa Casa precisa de presença constante e de um administrador hospitalar

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Para a advogada Helena de Souza Pereira, que foi provedora da Santa Casa entre 2006 e 2010 e que, neste período conseguiu construir o pronto-socorro e o hospital do olho e colocar o hospital entre os melhores de São Paulo, afirmou, no programa Cidade em Destaque, na Rádio Cidade, 98,7 Mhz, que a Santa Casa tem que ser dirigida por quem tenha tempo de estar presente constantemente e também de um administrador hospitalar, um especialista no assunto, além de conseguir conquistar a confiança da população, pois necessita dela para sobreviver.

Segundo ela, para tocar a Santa Casa tem que ter muita dedicação. “Todas as pessoas que prestam este trabalho voluntário tem que receber os agradecimentos da população. É muito desgastante e precisa ter dedicação e é como a Luzia diz, nunca mais seremos as mesmas. No hospital, no dia a dia, você lida com quadros tristes e que necessitam da sua presença. Quando você assume o hospital, tem que estar ali 24 horas por dia, porque é assim que se evita que muita coisa aconteça. É a mesma coisa na Upa. Você acha que está assim por quê? Falta gerenciamento, falta presença, acolhimento, porque quando você chega num lugar destes você quer ser bem atendida”, declarou.

TEM QUE DAR SATISFAÇÃO PARA O POVO

Na sequência, entre outras coisas, Helena ressaltou a necessidade de dar satisfação para o povo. “São eles que ajudam. Se na época eu tivesse o apoio que a Santa Casa tem hoje com o Thermas dos Laranjais, Usina Guarani e a prefeitura ajudando da forma em que estão eu teria construído outra Santa Casa”, destacou.

E continuou: “O primeiro erro que fizeram quando eu sai do hospital foi dispensar o administrador hospitalar. Você não toca um hospital sem um administrador hospitalar. Nem a saúde. Isso é fundamental. A gente consegue administrar a nossa casa, a nossa vida, mas saúde é pra quem entende do assunto. Hoje eu acho que nem Deus dá jeito naquilo lá, porque tá meio complicado”.

Sobre a importância da participação da população, Helena ressaltou: “Este terceiro andar do Hospital que está interditado eu reformei inteirinho com a ajuda da população. Você não administra sem ajuda da população, e pra isso você precisa de transparência. Tudo a gente prestava conta para a população que gosta de ver como o dinheiro está sendo usado”.

TERCEIRO ANDAR QUE ESTÁ INTERDITADO HOJE FOI REFORMADO PARA O SUS NA MINHA ÉPOCA

E complementou: “Hoje a Santa Casa não compra alimentos, porque em várias campanhas se arrecada alimento e dá pra fazer um cardápio de primeira linha. A minha direção era o SUS, porque quem ajuda é o pessoal mais humilde, os que são reconhecidos. Santa Casa é do povo e você tem que abrir para todas as pessoas”.

A advogada garante que na época dela não fez nenhum financiamento. “A única coisa que nós fizemos foi uma negociação que eu fui a Brasília e fizemos um acordo. Era uma verba de R$100 mil de outro provedor que aplicou dinheiro carimbado em pagamento de funcionários e com multa ficou quase 1 milhão e fomos lá para parcelar. Esse negócio de político falar que conseguiu tantos mil pra Santa Casa é fácil, eu quero ver é o dinheiro lá. A única dívida que deixamos foi deste parcelamento, nós não tínhamos dívida e hoje eu assusto quando ouço falar o valor que está a dívida”, explicou.

Sobre o fato de os que a sucederam terem mudado o estatuto da Santa Casa dando o poder apenas para a diretoria escolher quem é sócio com direito a voto, Helena asseverou: “Na minha segunda eleição nós levamos quase quatrocentos pessoas lá pra votar. Você tem que fazer junto com a população. Quem te ajuda verdadeiramente é a população porque se ela quiser te derrubar ela te derruba também. A Santa Casa não é do prefeito, não é ele que tem que botar uma pessoa dele lá, a pessoa que entra lá tem que ter um bom relacionamento com ele, mas não ser indicada e estar na mão do prefeito. A Santa Casa não é a casa da mãe Joana não, existe um estatuto, meio fajuto, mas existe”, comenta.

A SANTA CASA É DO POVO

E continua: “Na minha época eu tinha a participação da dona Eunice Diniz. Deus colocou essa mulher abençoada na minha vida, conheceu meu trabalho e quis me ajudar. Fiz um mini-hospital ali no pronto-socorro e queria saber que fim levaram os equipamentos que foram comprados. Isso foi um horror. O pronto socorro foi cons­truído com verba pública, já o hospital do olho foi construído com o dinheiro da dona Eunice Diniz e era para o povo do SUS, e tiraram o nome dela de lá, a pessoa precisa ter respeito, a sociedade precisa fazer parte do hospital. A pessoa que assume lá tem que agregar, conquistar a população, ter um bom relacionamento com o prefeito, ter respeito pelos médicos. E tudo o que você faz tem que mostrar”.

MINHA VEZ PASSOU

Perguntada sobre se voltaria a ser provedora, a advogada afirmou que teria que pensar muito bem e que torcia muito pela Santa Casa. “Mas eu acho que minha vez já passou”.

Ela acredita que o estado de falência do hospital começou quando o Geninho assumiu a direção do hospital colocando o seu vice, à época como interventor.

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