10 de maio | 2015

Olímpia já pode estar vivendo o estouro da bolha imobiliária

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O município de Olímpia já pode estar sentindo os efeitos do estouro da bolha imobiliária, que teria surgido, principalmente após a implantação de grandes investimentos imo­biliários através de vários loteamentos, a maioria de alto padrão, fazendo crescer as expectativas de grandes lucros aos compradores.

Além disso, a economia local vivia também dos gastos de turistas com hospedagem, fossem em hotéis ou pousadas, ou casas de aluguel. No entanto, o que já se vê é que, principalmente as casas que foram construídas ou remodeladas para serem alugadas para turistas e as pousadas construídas para abocanhar uma boa parte dos rendimentos com o turismo, já não têm obtido o mesmo resultado que anteriormente.

Situação esta que pode ser creditada ao grande número de hotéis que já entraram em atividade e outros que ainda estão em fase de construção ou se preparando para iniciar suas obras, sem que novas atrações, fora o Thermas, ou mesmo se tenha visto algum planejamento voltado para poder trazer mais turistas para Olímpia.

O parque aquático não pode sozinho ser a única atração para tantos investimentos na área de hospedagem.

Só para se ter uma ideia nesta semana surgiu a informação de que um novo resort começará a ser construído em outubro deste ano, nas proximidades da rodovia Assis Chateaubriand, SP-425, na zona norte da cidade.

Entretanto, ai é que começam os problemas. De acordo com uma pesquisa realizada por estudantes da Etec, supervisionada pela Olímpia Con­vention&Visitors Bureau, nos últimos 12 meses apenas aproximadamente 37% dos turistas se hospedaram em pousadas (e casas de temporada).

Isso pode até explicar o grande número de prédios residenciais colocados à venda. Basta circular com atenção pelas ruas da cidade para perceber o grande número de placas com a inscrição “vende-se”. Quer dizer, começaram a sobrar casas que já podem ter sido adaptadas e aproveitadas como pousadas.

Além disso, sobram terrenos nos loteamentos já comer­cializados na cidade. É comum acompanhar os anúncios classificados, sejam em emissoras de rádio ou em jornais, que se percebe até certo arrependimento de quem comprou um desses terrenos apontados como a tábua de salvação da riqueza olim­piense. Ora, essas casas trans­for­madas em pousadas seriam a base para a construção de novos imóveis na cidade.

Aumento exorbitante do IPTU pode ter causado o estouro da bolha imobiliária

Como se recorda, no início de maio de 2014, esta Folha da Região publicou uma entrevista com o professor da USP (Universidade São Paulo), engenheiro Gerson Ro­drigues de Castro, na qual embora não tivesse afirmado categoricamente, já avisava que o aumento exorbitante do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) poderia ser uma das causas de um provável estouro da bolha imobiliária que já estava instalada em Olímpia.

“Considerando o aumento exagerado do IPTU que ocorreu na cidade, ele é um fator externo assim como poderá ser o aumento do valor dos condomínios para as unidades habitacionais de edifícios”, analisava à época.

Mas o professor ressaltava que os percentuais que atingiram os contribuintes, principalmente a partir da Planta Genérica de Valores, o IPTU passava a ser um detalhe importante no momento de escolher o investimento. “Evidentemente se for um valor exorbitante, como foi citado, quase 2.000%, é um valor a ser considerado”, dizia a respeito da questão.

Segundo Gerson Rodrigues de Castro afirmou na época, esse valor teria que ser computado e descontado do rendimento para verificar se ainda valia a pena. “Mas de fato (o IPTU) é um fator negativo que deverá contribuir negativamente. Se ele for suficiente para o estouro da bolha é uma questão a ser analisada, mas ainda é preciso fazer as contas na ponta do lápis”, acrescenta.

Essas afirmações foram feitas durante uma entrevista que Castro concedeu também à rádio Cidade, quando comentava a respeito daquele momento do mercado imobiliário de Olímpia, que entendia estar bastante aquecido em razão do desenvolvimento do turismo.

MERCADO PODIA ENTRAR EM CRISE

Entretanto, por isso, não descartava que o mercado poderia entrar em crise, caso alguma medidas não viessem a ser adotadas, inclusive no sentido de proteger os investidores que já tinham aplicado altas cifras na cidade.

Nesse sentido, além do IPTU ele citava também o consequente aumento dos valores cobrados a título de condomínios. “Creio que tanto o valor do condomínio, quanto o IPTU são valores que podem diminuir o rendimento. Ele atua propiciando a redução da renda. É um fator que pode contribuir nesse sentido também”, reforça.

Até em razão disso, o professor alertava para alguns cuidados que os investidores deviam adotar no momento de decidir a forma de aplicar os recursos financeiros que tinham.“Entretanto, como é um valor que para algumas unidades que são de pequeno porte, como são os flats, os apartamentos de hotéis, deverá ser feita uma ponderação, verificar se o valor que está sendo cobrado, quanto isso vai impactar na renda”, finalizou à época.

MP arquiva representação contra o aumento abusivo do IPTU local

Muita luta e tentativa de modificar o panorama, mas de acordo com a informação do administrador Aquiles Ro­berto Sales, o Conselho Superior do Ministério Público (MP) do Estado de São Paulo arquivou a representação com 531 assinaturas protocolada no órgão, contra o aumento abusivo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que foi aplicado pelo prefeito Eugênio José Zuliani a partir de um reajuste estra­tos­férico da Planta Genérica de Valores (PGV).

No entanto, Aquiles Ro­berto Sales afirmou que ainda não sabe o motivo da decisão do arquivamento. “O nosso processo do IPTU foi arquivado, o segundo que nós entramos em São Paulo e até hoje eu não recebi o acórdão e não sei qual o motivo do arquivamento”, disse.

Segundo o administrador, quando procura informações em São Paulo ouve falar que o resultado foi encaminhado para o MP de Olímpia, mas este lhe responde que ainda não recebeu nada. “Eu não consigo ter uma informação consistente. Então, eu prefiro falar que está arquivado para não criar expectativas”, reclama.

Na representação inicialmente protocolada no Ministério Público dos Direitos Constitucionais do Cidadão da Comarca de Olímpia, o administrador mostra carnês com aumentos do valor venal de 12.675% e de 2.305% de IPTU.

Segundo Aquiles Roberto Sales fala na representação, no caso de aumento de valor venal em mais de 12 mil % “a consequência disso são os impostos”. Ele apontou que houve aumento de imposto de mais de 2,3 mil por cento.

Folha encontrou aumento de até 119% no IPTU na periferia

Diferentemente do que era a expectativa geral de que os maiores aumentos se dariam na região central da cidade, onde o metro quadrado foi fixado em R$ 1.500,00, os maiores reajustes do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), foram verificados na periferia da cidade. Teve casa no Jardim Campo Belo, na zona leste, com área construída de 84 m2 em que o aumento foi de 119%.

Numa casa do Jardim Vila Nova, na zona sul, casa com 180 m2 o aumento foi de 41%. Já no Jardim Hélio Cazarini, conhecido por Cohab III, também na zona sul, o IPTU aumentou 44%. No centro, no entanto, teve caso de redução do imposto.

O maior aumento encontrado foi numa casa de 83,98 m2, com valor venal estipulado pela Prefeitura Municipal em R$ 129.186,00. O imposto cobrado desse imóvel subiu de R$ 90,26 em 2013 para R$ 197,37.

Um pouco menor foi o aumento do IPTU de uma casa na Cohab III. Nesse caso o valor passou de R$ 223,32 para R$ 322,96, ou seja, um aumento de 44,6%.

Também na zona sul, mais precisamente no Jardim Vila Nova, uma casa com área construída de 180,7 m2, avaliada em R$ 180.260,00, teve o IPU aumentado em 33,73%, com o valor passando de R$ 319,13 em 2013 para R$ 450,65 em 2014.

No outro extremo aparecia um imóvel na região central com 169 m2, avaliado em R$ 214.580,00m, que teve redução do IPTU. O valor desse imposto baixou dos R$ 589,71 em 2013 para R$ 536,45, ou seja, uma redução de aproximadamente 9%.

Mas nem tudo era alegria no centro da cidade. Um imóvel onde funciona um estabelecimento comercial e possui uma casa no fundo, que tem área de 350 m2, o IPTU teve aumento de 86,74%.O valor do imposto passou de R$ 473,24 em 2013 para R$ 883,75 em 2014.

Já uma residência no centro que tem 207 m2, que está avaliada em R$ 209.070,00, teve o IPTU aumentado em 33,73% com o valor passando de R$ 390,88 para R$ 522,67.

 

 

 

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