18 de novembro | 2018

Olímpia é cidade da região que terá mais prejuízos com saída de médicos cubanos

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Dos 13 profissionais que atuam na região de São Jo­sé do Rio Preto, com o total de cinco deles, que a­tendem nas Unidades Básicas da Saúde da Família, a cidade de Olímpia é a que tem o número maior de médicos cubanos atendendo pelo Programa Mais Médicos, do Governo Federal e certamente a que terá mais prejuízos em razão do trabalho que vêm desenvolvendo na cidade. Outras duas cidades, No­va Granada e Votupo­ranga, contam com dois profissionais cubanos.

Além destes, as cidades de Cardoso, Cedral e Ta­nabi, tem um médico cubano cada. Mas em todos os casos, podem ficar sem em razão da rescisão con­tratual anunciada pelo Ministério da Saúde de Cuba.

São José do Rio Preto, que já teve três médicos cubanos, hoje conta apenas com profissionais brasileiros atuando pelo Mais Médicos. Eles atuam em equipes de Saúde da Família no Anchieta, Caic, Maria Lúcia, São Deocle­ciano, Nova Esperança e Cidade Jardim.

Atualmente, Olímpia tem 5 médicos cubanos que atendem em cinco Estratégias de Saúde da Família (ESF) de Olímpia: José Miguel Lorenzo; Ra­i­del Lorenzo; Yanelis Vail­lant Isaac; Tatiana Lago Co­lumbi, que se casou com um brasileiro, mas se o programa acabar pretende voltar para Cuba; e Ta­tiana Ferrer Gonzalez.

No entanto, nesta sexta-feira, dia 16, nenhum deles estava atendendo devido ao ponto facultativo que emenda com o feriado da Proclamação da República. “Mas vão continuar atendendo até a comunicação oficial do governo cubano. Para a segunda-feira, o atendimento ainda deve ocorrer normalmente”, explicou a assessoria.

“O que mais chama a­tenção nos médicos cubanos que atuam em Olím­pia é o comprometimento deles com a saúde pública. Eles são lapidados para dar um atendimento mais humanizado como médicos da família e são extremamente resolutivos com os pacientes. Nós tivemos a felicidade em Olímpia, já que eles abraçaram o município como se fosse a ca­sa deles. Se realmente isso ocorrer, acho que dificilmente vamos conseguir suprir essa lacuna deixada por eles, já que eles têm um carinho e olhar completamente diferenciado.”, Marcos Pagliuco, secretário de Saúde de O­límpia.

A DECISÃO

A retirada é uma resposta ao anúncio do presidente eleito, Jair Bolso­naro, de que o convênio firmado com a Organização Pan-Americana da Saúde (O­pas) seguiria, em 2019, com a condição de que os médicos passassem por um teste de capacidade e recebessem salário integral.

Cuba considerou as afirmações como “depreciativas” e “inaceitáveis” e tomou a decisão de pedir o retorno dos mais de 11 mil médicos cubanos que trabalham hoje Brasil afora. “Diante desta realidade lamentável, o Ministério da Saúde Pública (Mi­nasp) de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do programa Mais Médicos”, afirmou comunicado do governo Miguel Díaz-Canel.

No ano passado, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2,3% dos médicos cubanos recorreram à Justiça para deixar de repassar o aporte de parte do salário para o governo, e também conseguir o direito de trabalhar no País.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que recebeu o comunicado e que está tomando as medidas para suprir os profissionais. “A iniciativa imediata será a convocação nos pró­ximos dias de um e­dital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos”, diz a nota.

No Twitter, o presidente eleito considerou o convênio como exploração. “Atualmente, Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos cubanos e restringe a liberdade desses profissionais e de seus familiares. Eles estão se retirando do Mais Médicos por não aceitarem rever esta situação absurda que viola direitos humanos. Lamentável!”, afirmou Bolsonaro.

O PROGRAMA

O programa Mais Médico foi implementado no Brasil, em 2013, e seleciona médicos de acordo com a ordem de preferência: médicos com registro no Brasil (brasileiros ou estrangeiros com revali­dação do diploma), médicos brasileiros formados no exterior e médicos estrangeiros formados fo­ra do Brasil. Depois das primeiras chamadas, caso sobrem vagas, os médicos cubanos são convocados. O programa Mais Médicos tem 18.240 vagas em 4.058 municípios. No Estado de São Paulo, eles somam 1.394 profissionais.

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