02 de outubro | 2017

Olímpia despeja um terço do esgoto que polui rios do noroeste paulista

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 Só Olímpia, segundo dados que constam em relatório inédito feito pela Agência Nacional de Á­guas (ANA), é responsável por um terço da carga de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) despejada por toda a região. A DBO é a carga orgânica proveniente do esgoto que vai pa­ra o rio, uma poluição que diminui o oxigênio da água e consequen­temente prejudica a vida aquática. O estudo é o maior já feito na área de saneamento básico e reúne dados de 5.570 municípios brasileiros. As informações utilizadas são de 2013.

Os rios da região de São José do Rio Preto recebem por dia 6 toneladas de esgoto. A carga equivale ao material coletado ou não pelo sistema de captação de 54 municípios do Noroeste paulista e que são despejados sem nenhum tipo de tratamento.

O relatório mostra que de 61 cidades da região de Rio Preto, apenas sete possuem 100% de eficiência na captação e tratamento de esgoto. Outras 54, entre elas Olímpia, con­tinuam jogando algum tipo de esgoto sem tratamento nos rios.

Cidade de 54 mil habitantes, Olímpia leva o sta­tus de “Estância Turística”. Mas, o crescimento turístico não foi acompanhado pelas obras de tratamento do esgoto gerado. O município deixa de tratar 77,2% de todo o esgoto coletado, o que represen­ta uma carga de 2.078,1 quilos de DBO por dia poluindo os rios.

FALTA INVESTIMENTO

Para o Samir Barcha, ge­ó­logo especialista em hi­drogeologia e membro do Comitê das Bacias Hi­dro­gráficas dos Rios Turvo e Grande (CBH-TG), diversos prefeitos da região não tiveram a visão ambiental que deveriam ter. “Isso tu­do é reflexo de crescimento da população aliado à falta de investimentos. Foram deixando esse tipo de investimento para depois e isso foi ficando mais caro. Essas são obras de alto valor para os municípios”, afirmou.

De acordo com Barcha, o Comitê tem feito um bom trabalho e mudando a realidade desses municípios. “Hoje a situação está melhor. A maioria desses municípios já está com sistema de tratamento”, disse.

CIDADES TRATAM 100%

Votuporanga é a maior em número de habitantes entre as sete cidades que, de acordo com o estudo da ANA, tratam todo o esgoto gerado por seus moradores.

O superintendente adjunto da Saev Ambiental – autarquia que cuida do tratamento de esgoto -, Marcelo Marin Zeitune, afirmou que a estação de tratamento foi inaugurada em 2010 com 100% de eficiência, índice que é mantido até hoje.“Con­segui­mos manter o mesmo índice. Tratamos os esgoto de nos­sos 38 mil clientes”, disse.

A Estação de Tratamento de Esgoto de Votu­po­ranga ocupa uma área de 11 alqueires e está localizada a 14 quilômetros da cidade.“Todo nosso sistema de captação é feito por gravidade, portanto também não gastamos energia elétrica com isso. Durante o tratamento também gastamos pouca energia. Usamos o sistema australiano, que se consiste em lagoas aeróbicas e anaeró­bicas”, afirmou.As outras cidades que tratam 100% do esgoto são Altair, Cajo­bi, Fru­tal, Mirasso­lândia, Pereira Barreto e Santa Fé do Sul.

RIO PRETO

Maior cidade da região, Rio Preto não consegue tratar todo o seu esgoto. De acordo com o estudo, a cidade deixa de coletar e tratar 1,6% do total, o que representa 327,8 quilos de DBO por dia jogados nos rios.

 

 
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