31 de julho | 2016
Município pode ter mais casos de infecção pelos vírus transmitidos pelo Aedes do que os registrados no CVE
José Antônio Arantes
Mais de 900 notificações de dengue durante os seis primeiros meses do ano e praticamente o mesmo tanto em todo o ano passado, mas apenas 155 casos autóctones (transmitido por vírus circulante no próprio município); a semelhança entre sintomas com Zika e Chikungunya e a dificuldade de se confirmar os diagnósticos destas duas últimas, principalmente em razão dos preços dos exames e de as duas serem de disseminação recente, faz com que profissionais da área acreditem que entre os três, o número de casos seja muito maior dos que os que estão registrados no CVE – Centro de Vigilância Epidemiológica.
A Folha da Região tentou, durante toda a semana, conseguir não só os números das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, mas também da gripe H1N1 que já matou duas pessoas na cidade, diretamente da Diretoria Regional de Saúde de Barretos, à qual Olímpia está vinculada administrativamente, por não confiar nas informações passadas pela Saúde local e por já fazer muito tempo que não se divulga nenhum dado sobre elas oficialmente e apenas conseguiu informações diretamente do site da CVE – Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado.
O editor desta Folha, José Antônio Arantes, protocolou pedido de informação com base na nova Lei da Informação na Regional de Saúde em Barretos e aguarda a resposta. Caso seja negativa, o jornalista diz que poderá buscar a justiça para que os leitores deste jornal tenham respeitado o seu sagrado direito de saber, com certeza, a quantas anda a contaminação principalmente pelo vírus Influenza A, o H1N1, popularmente conhecida por gripe suína.
Número de notificações de dengue em 2016
quase alcança o registrado durante todo o 2015
Embora a Secretaria de Saúde local não tenha divulgado os números da dengue nos últimos meses, dados do Centro de Vigilância Epidemiológica obtidos diretamente no respectivo site na internet, dão conta de que, embora o número de casos confirmados sejam proporcionalmente menores do que os verificados no ano passado, a quantidade de notificações da doença nos primeiros seis meses de 2016 já atingem praticamente o mesmo total do ano de 2015.
Sem uma explicação plausível para o fato, já que a Saúde local não presta informações para esta Folha, o fato é que durante todo o ano de 2015 foram registradas 953 notificações, das quais, 482 foram confirmadas como autóctones (originadas por vírus circulante no próprio município) e 38 importadas; já nos primeiros seis meses de 2016 as notificações já chegaram a 950, com 155 casos autóctones confirmados e três importados.
Para alguns profissionais da área, poderia significar que nem todos os casos confirmados tenham sido registrados no site da vigilância, ou mesmo que tenham ocorrido casos que não eram dengue, mas que poderiam ser Zika ou Chikungunya, transmitidas pelo mesmo mosquito e de sintomas parecidos, mas cujos exames ainda são mais caros que os da dengue.
No ano passado os meses de maior incidência foram março com 226 notificações, 139 confirmações; abril com 286 notificações e 192 confirmações, e maio, já em escala descendente, 170 notificações e 32 confirmações.
Em 2016, o número elevado já começou a ser verificado em fevereiro. Em janeiro foram 54 notificações e cinco confirmações; em fevereiro, 157 notificações e 33 confirmações; em março, 301 notificações e 44 confirmações; em abril, 334 notificações e 62 confirmações; em maio, 84 notificações e 11 confirmações; e, em junho, 20 notificações e três confirmações, totalizando 950 notificações e 158 confirmações.
CAJOBI MAIS CASOS
Na microrregião de Olímpia, Cajobi foi o município a apresentar maior número de casos registrados e confirmados: 125 notificações e 63 confirmações, das quais 54 autóctones e nove importadas. Depois vem Severínia com 104 notificações e 35 confirmações, com 5 importadas. Na sequência, Guaraci, com 53 notificações e 17 confirmações, com um caso importado. Altair registrou 32 notificações e 10 confirmações, com quatro casos importados. E, finalmente Embaúba teve 16 notificações e sete confirmações.
Saúde local notificou 30 casos suspeitos e
quatro casos confirmados de Zika em 2016
Embora as informações não tenham partido diretamente da Secretaria da Saúde local e sim de um site do Centro de Vigilância Epidemiológica e de não se ter certeza de que todos os casos suspeitos tenham tido exame sorológico realizado, segundo o CVE, Olímpia, nestes primeiros seis meses do ano, ou seja, de janeiro a junho, teve 30 notificações e quatro casos confirmados de infecção pelo vírus da Zika.
Com sintomas parecidos ao da dengue, tanto a Chikungunya como a Zika, também são de convívio recente pelos órgãos de Saúde brasileiros e mesmo os seus exames sorológicos são mais difíceis de ser aplicados pela saúde pública e até pela privada, já que somente recentemente é que foi publicada no Diário Oficial, medida que obriga os convênios a realizarem ditos exames.
De Olímpia foram notificados ao CVE – Centro de Vigilância Epidemiológica, 30 casos suspeitos de infecção pelo vírus da Zika e apenas quatro confirmados, todos autóctones (ou seja, através de vírus corrente no próprio município). Em fevereiro, foram duas notificações e uma confirmação; em março, oito notificações e uma confirmação; em abril 13 notificações e duas confirmações; e, em maio, sete notificações e nenhuma confirmação. Em junho, nenhuma notificação e confirmação.
Na microrregião, apenas Embaúba registrou caso de infecção pelo vírus da Zika. Foi em março quando se notificou um caso confirmado autóctone. Severínia teve três casos notificados e nenhum confirmado. Altair, um notificado e também nenhum confirmado. E Cajobi e Guaraci não tiveram nem notificação nem confirmação nestes primeiros seis meses do ano.
CHIKUNGUNYA NENHUM?
Já quanto a infecção pelo vírus Chikungunya, que existem profissionais da área que acreditam que possam ter números muito maiores pelas mesmas razões das do vírus da Zika; ou seja, em razão dos preços e de outras dificuldades para a realização dos exames; Olímpia teve notificados ao CVE – Centro de Vigilância Epidemiológica apenas nove notificações e nenhum confirmação durante os seis meses de 2016.
Foram três notificações em fevereiro, quatro em março, uma em maio e outra em junho. Na microrregião apenas Severínia registrou um caso suspeito em março.
EXAMES
Com a disseminação rápida e a publicidade dada aos crescentes casos de suspeita das recentes (no Brasil) Zika e Chikungunya, vários laboratórios particulares passaram a realizar exames para detectar a doença. O problema é que o preço pode não ser tão acessível assim e o resultado um pouco mais demorado do que se deseja.
Se o exame da dengue está disponível na quase absoluta maioria dos laboratórios de todo o pais, o mesmo não ocorre com o das infecções pelo vírus da chikungunya e o de zika. Por outro lado, os preços são variados. Os testes para diagnosticar zika são os mais caros.
Em pesquisa realizada pela imprensa paulista há alguns meses atrás, o preço variou de R$ 200 a R$ 2,1 mil. Estes preços já podem estar relativamente mais baixos, mas mesmo assim, ainda continuam proibitivos para se fazer na rede particular e, com certeza, não é aplicado da mesma forma que o da dengue na rede pública.
DIFERENÇAS
O Brasil é um país que apresenta vários tipos de clima, com predominância dos quentes e úmidos. Essa característica faz com que uma grande quantidade de insetos estabeleça-se em nosso território, como é o caso dos mosquitos do gênero Aedes, que se desenvolvem, principalmente, em zonas tropicais e subtropicais e disseminam os vírus da dengue, da chikungunya e da zika
Além de serem transmitidas pelo mesmo mosquito, a dengue, a chikungunya e a zika são doenças que apresentam alguns sintomas semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico. Entretanto, pequenas diferenças existem e podem ser usadas como critério para a diferenciação.
A dengue é, sem dúvidas, a doença mais grave quando comparada à chikungunya e à zika. Ela causa febre, dores no corpo, dores de cabeça e nos olhos, falta de ar, manchas na pele e indisposição. Em casos mais graves, a dengue pode provocar hemorragias, que, por sua vez, podem ocasionar óbito.
A chikungunya também causa febre e dores no corpo, mas as dores concentram-se principalmente nas articulações. Na dengue, as dores são predominantemente musculares. Alguns sintomas da chikungunya duram em torno de duas semanas; todavia, as dores articulares podem permanecer por vários meses. Casos de morte são muito raros, mas a doença, em virtude da persistência da dor, afeta bastante a qualidade de vida do paciente.
Já a zika é a doença que causa os sintomas mais leves. Pacientes com essa enfermidade apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Em virtude desses sintomas, muitas vezes a doença é confundida com alergia. Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias. Vale frisar, no entanto, que a febre zika relaciona-se com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de, microcefalia.
O tratamento da dengue, chikungunya e zika é praticamente o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos para nenhuma dessas enfermidades. Recomenda-se que o paciente, nos três casos, permaneça em repouso e beba bastante líquido. Alguns medicamentos são indicados para dor, mas não se deve fazer uso de remédios.
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