29 de maio | 2016
MP recorre contra da absolvição de avô suspeito de abusar da neta
O Ministério Público da Comarca de Olímpia recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) nesta semana da sentença da que absolveu o delegado Moacir Rodrigues de Mendonça, que está sendo acusado de abusar sexualmente da neta de 16 anos idade. Mendonça, que era delegado assistente do 1º Distrito Policial de Itu, estava preso há um ano e seis meses aguardando julgamento do caso.
A mãe da adolescente também pediu para a advogada da família contestar a decisão do juiz da Vara Criminal de Olímpia, Eduardo Luiz de Abreu Costa, cidade onde teria acontecido o crime.
A mãe da vítima, ainda não se conforma com a decisão do juiz que absolveu o pai dela da acusação de estupro. “O que eu quero é Justiça, a gente está ficando trancada em casa, foi um ano e sete meses da prisão dele, é um ano e sete meses de luta, a minha luta é por Justiça”, afirma.
A TV TEM entrou em contato com o advogado do réu, mas ele disse que não conseguiu falar com o cliente, o delegado Moacir Rodrigues de Mendonça.
Mas logo após a absolvição, de acordo com o advogado do delegado, Mario Del Cistia Filho, a Justiça entendeu que o Ministério Público não conseguiu provar as acusações. Moacir saiu do presídio da Polícia Civil em São Paulo na quinta-feira, dia 12 de maio e está em casa.
O MP de Olímpia já entrou com recurso no TJ contestando a sentença do juiz, que absolveu o delegado aposentado. A mãe da vítima diz que durante todo processo foi ameaçada pelo pai. “Ele ligou, a gente atendeu e ele falou para não dar continuidade, não dar queixa, poderia trazer problemas para meu marido, que é policial militar. Ele ameaçou meu marido com o poder que ele tem de levar problema para ele no trabalho. Na minha casa teve dois tiros, o muro da minha casa foi quebrado”, diz.
O crime teria acontecido em setembro de 2014, em um hotel próximo ao Thermas. Os dois vieram passar um fim de semana no local. O convite partiu do avô, na época com 62 anos. O combinado era de que ele viria com a neta, a irmã dela e uma irmã dele, mas na última hora ele decidiu viajar só com a neta de 16 anos.
A jovem conta que já na primeira noite foi obrigada a ter relação sexual com avó. “Ele me puxou pelo braço e me jogou na cama, eu fiquei muito assustada. Senti muito medo, porque eu nunca iria imaginar que ele ia fazer esse tipo de coisa”, afirma a jovem.
CELULAR PARA SE CALAR
Na segunda noite, o avo, segundo a jovem, tentou de novo, mas dessa vez ela conseguiu se livrar dele. “No segundo dia ele tentou, e eu empurrei ele, ele falou que queria se despedir de mim, porque no outro dia a gente ia embora, e eu fiquei entre a cama e a escrivaninha, encolhida, ele comprou um celular para mim e falou que era pra ficar entre eu e ele e que se eu falasse alguma coisa, ele ia falar que eu era louca”, afirma.
Durante 20 dias a adolescente não contou nada a ninguém, nem para os pais. “Fiquei meio que em estado de choque, eu queria falar, mas eu não conseguia, eu ficava irritada por qualquer coisa. Comecei a trancar as portas para ficar sozinha, não aguentava mais, só chorava, só chorava, toda noite eu pedia, porque aconteceu isso comigo, comecei a questionar a existência de Deus, porque deixou acontecer isso comigo”, afirma.
A mãe diz que o caso só veio à tona depois que a filha se trancou no quarto e tentou se matar. “Meu marido arrombou a porta, e viu ela com a arma na boca, meu marido percebeu, tomou a arma dela, eu questionei a razão daquilo, porque estava acontecendo aquilo, ai ela começou a contar. Eu fiquei muito revoltada, me senti enganada, eu tinha 38 anos então eu fui enganada 38 anos porque uma pessoa não é assim de uma hora para outra, a pessoa quando tem esse costume, ela comete esse crime, não é a primeira vez que comete”, afirma.
Na época, Moacir Rodrigues de Mendonça, ainda atuava como delegado na cidade de Itu. A denúncia da mãe foi feita à corregedoria da Polícia Civil. Ele foi preso e permaneceu na cadeia até o começo desse mês, quando foi absolvido pelo juiz.
Nos depoimentos, o delegado nega que manteve relação sexual com a neta. Mas o juiz não acreditou na versão do delegado. Na sentença diz estar convencido de que ele manteve relação sexual com a neta. No entanto, ele afirma na sentença que a adolescente concordou com tudo e que ela teria condições de reagir e impedir o avo, que não usou de força física.
A jovem diz que isso não é verdade e que se sentiu ameaçada e intimidada psicologicamente. “Eu acho ridículo isso, como uma pessoa em sã consciência iria querer deitar com uma pessoa do próprio sangue, que é da família, como uma pessoa iria fazer isso”, questiona.
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