22 de novembro | 2010

MP investiga negócios entre o dono da Difusora e a Prefeitura de Olímpia

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A Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo (Ministério Público) está investigando os negócios realizados entre as empresas que pertenceriam a Fernando Cerejo Martinelli, proprietário das emissoras de rádio Difusora AM e Band FM, e o atual governo do município de Olímpia, principalmente com a finalidade de dar estrutura a vários eventos realizados nos últimos dois anos. A finalidade é apurar possíveis desvios de bens e valores que teriam sido praticados.

Pelo que se depreende da publicação do Diário Oficial do Estado de 19 de novembro de 2010, o Ministério Público Federal representou ao Ministério Público Estadual para que este investigasse as possíveis irregularidades.

Na publicação oficial existe resumo de portaria de abertura de inquérito civil citando os nomes de Martineli, do prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, e as empresas Carmo e Costa Sonorização Ltda. – ME, Empresa de Rádio Difusão Olímpia Stéreo Ltda., Júlio da Costa Publicidade – ME, Sistema Nova Difusora Ltda., superintendente geral do DAEMO (Departamento de Água e Esgoto do Município de Olímpia), e presidente da Prodem (Progresso e Desenvolvimento Municipal). Porém, nos dois últimos casos não foram citados os nomes.

No entanto, a publicação feita no Diário Oficial do Estado de São Paulo, seção do executivo, caderno 1, seção 1, no setor da procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo, não cita quais os motivos ou representações que levaram à decisão de investigar.

Sabe-se, entretanto, que em março de 2010, o artista plástico Willian Antônio Zanolli, endereçou peça informativa à Procuradoria de Rio Preto (Ministério Público Federal), noticiando as situações dos negócios de Martinelli com o município de Olímpia. Na representação, além do nome de Martineli, também foram citados os nomes de Júlio César da Costa e Leandro de Souza Carmo.

Zanoli relata que Martineli, durante o período eleitoral, teria favorecido o então candidato a prefeito, Geninho, fazendo campanha declarada através de sua emissora de rádio.
Diz também que, confirmada a eleição de Geninho, já no carnaval, e na comemoração do aniversário da cidade, no início de março de 2009, a mídia local dava conta de que quem estava nos bastidores do evento comandando o espetáculo, que consta teve um custo elevado para o padrão local, era exatamente Martineli.

Consta que os trabalhos de som e divulgação destes eventos ficaram por conta das empresas Julio César da Costa Publicidade – ME ou Carmo e Costa Sonorização Ltda. – ME.

Outra situação apresentada foi do Circuito Cultural Paulista, que era apresentado na Casa de Cultura Prefeito Álvaro Marreta Cassiano Ayusso, com provável superfaturamento nos serviços de som prestados por Julio César e Leandro Carmo.

VÁRIAS LICITAÇÕES
Foi citado também o fato da empresa Carmo e Costa Sonorização Ltda, recém criada, constar como pertencente a Leandro de Souza Carmo e Julio César da Costa, ter ganhado em pouco tempo várias licitações.

A empresa consta ter sido constituída no dia 19 de dezembro de 2008, cerca de dois meses após a eleição de Geninho, e faltando apenas 12 dias da posse.

Além disso, a empresa apresentava como endereço, o mesmo das emissoras de rádio, ou seja, na avenida Governador Adhemar Pereira de Barros, número 134, no mesmo local onde a Rádio Difusora funcionou até poucos dias atrás.

Já a empresa Julio César da Costa Publicidade – ME foi aberta em 21 de julho de 2009. Embora novatas no ramo, conseguiram ganhar licitações no modelo Carta-Convite, chanceladas pela “ Inexigibilidade”.

A representação mostra uma sequência numérica: 01/09 de 19/02/09 no valor de R$ 24 mil para apresentação de banda e Dj; 02/09, em 25/02 seis dias depois, no valor de R$ 42 mil, para apresentar dupla sertaneja no aniversário da cidade.

A mesma empresa venceu o processo nº 22/09, de 11 de março de 2009, 14 dias após a anterior, resultando em contrato de 60 mil com objeto genérico intitulado “Locação de som para eventos culturais”. Total dos contratos R$ 126 mil.

Em oito de maio de 2009 a Empresa Julio César Costa – ME, então nascida recentemente, praticamente engatinhando, segundo Zanolli, ganhou contrato de R$ 80 mil, através de licitação, processo 44/09, como agência de publicidade.

Outra situação envolve um jornal lançado na cidade, também de propriedade da Julio César da Costa, que estampava, pelo menos, muitas campanhas institucionais em suas edições, não colocava mais o endereço no seu expediente, mas seria distribuído aos sábados na Rádio Difusora, e os entregadores seriam funcionários da mesma emissora.

Somente nesse período, as empresas que seriam ligadas a Martineli, recém formadas, levantaram dos cofres públicos em curto espaço de tempo a soma de R$ 281.820,80.

Puttini fez denúncia contra
dono da Rádio Difusora AM

Depois de explicar o que ocorreu em relação ao dinheiro arrecadado com aluguel de barracas durante o 46.º Festival Nacional do Folclore (Fefol), o secretário de Cultura, Esportes, Turismo e Lazer, Humberto José Puttini, denunciou possível superfaturamento que o proprietário da Rádio Difusora AM, Fernando Cerejo Matinelli, teria praticado quando prestava serviços de som para a prefeitura de Olímpia.“Quando assumi a secretaria, uma empresa que sei também pertence a ele, prestava serviços para a Secretaria de Cultura.

Na época tinha aquele circuito cultural e comecei a perceber os altos valores que cobrava que não condiziam com a realidade”, afirmou na entrevista reproduzida na edição do dia 18 de setembro deste ano.“Trabalho nesse ramo de evento há 17 anos, não sete meses ou três dias. Eu sei o valor de mercado e vendo os valores dos serviços prestados, além das condições que a prefeitura poderia pagar”, acrescentou.

Por isso, na avaliação de Puttini, haveria uma perseguição do empresário que, além da emissora de rádio, seria também proprietário de um jornal estabelecido no mesmo terreno onde estava a Difusora.

Ele contou que era a terceira vez que Martinelli o acusava.“Particularmente tenho problemas com ele desde lá atrás, pois tenho uma conduta com o dinheiro público que é uma coisa que nasce com o ser humano. O respeito, o caráter, a diferenciação das suas atitudes vem com você”, afirmou.

O secretário conta que logo que percebeu os valores, procurou o prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, informando-lhe que não pagaria o que estava sendo cobrado. “Peguei e comprei um som. A secretaria tem um som de porte médio e nunca mais precisou alugar”, informou.

“Mas essa iniciativa minha que trouxe uma economia fabulosa para o município, acabou transformando esse indivíduo num inimigo pessoal meu, porque contrariei os interesses econômicos dele e a partir daquele momento ameaças começaram chegar. Ele falou: tenho um jornal e tenho uma rádio, ou faz do jeito que eu quero ou eu vou fazer aquilo que eu acho que tenho que fazer. Eu devolvi os recados e disse faça o que você bem entender”, reforçou.

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