05 de abril | 2015

Mecanização e a monocultura estão pondo em risco o artesanato com a palha de milho

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A mecanização da colheita de grãos e a monocultura – atualmente grande parte área agricultável está produzindo apenas a cana-de-açúcar, estão colocando em risco o artesanato com a palha de milho, denominado por trançado estrela, um dos mais tradicionais do município de Olímpia que, segundo constas é uma herança deixada pelos índios que habitaram essa região.

Mas a matéria-prima está ficando escassa, por conta da mecanização da colheita. “Quem planta as grandes lavouras de palha de milho colhem com colheitadeiras. Então, a colheitadeira colhe e já estraga tudo”, lamenta a dona de casa Isabel Cabral, uma das integrantes do grupo que trabalha com a palha de milho.

A lamentação consta de uma reportagem do programa Nosso Campo exibido no sábado, dia 21 de março pela TV TEM, afiliada da Rede Globo de Televisão em São José do Rio Preto.

De acordo com a reportagem, o trançado estrela é um artesanato que vai passando de geração para geração, através da confecção de bonecas, anjos e enfeites de todos os tipos, tudo feito à mão pelas artesãs de Olímpia.

Para tanto, a palha de milho que é descartada nas lavouras se transforma. “Quando eu era pequena eu morava na fazenda e lá eu gostava de pregar botão, bordar, fazer uma barra quando estragava uma saia. Eu sempre gostei de artesanato. E foi em 2001 que nós fizemos o trançado estrela. Daí para cá a gente sempre se reúne e faz”, conta a dona de casa, Isabel Cabral.

HERANÇA INDÍGENA

O trançado estrela é um artesanato que é típico de Olímpia. Trata-se do trabalho de dobrar e transformar a palha de milho em estrela e é uma herança dos índios que viveram na região.

Todo trabalho é supervisionado pela aposentada Maria Isabel Gameiro, a mais experiente de todas. Ela dá a dica de como fazer um bom artesanato com a palha. “Tem que conhecer o tipo de palha. Não pode ser muito dura e nem muito mole. Tem que ser uma palha média para poder trabalhar direito com ela. Tem que ter muita paciência. Se não tiver paciência não sai. Entorta tudo”, ensina.

A escolha da palha para trabalhar passa também pela cor. “Tem que ser uma palha sem mancha, branquinha. Às vezes amarelada a gente também usa. Tem a palha roxa que é natural”, explica Isabel Cabral.

O trabalho é considerado bom pelas mulheres. “Se a gente gostar muito porque trabalhos manuais, principalmente com coisas assim, se não gostar não vira. A gente faz porque gosta mesmo”, observa Rita Viana.

“É divino. Você pega uma espiga de milho, uma palha e você faz uma estrelinha, uma boneca de palha. É muito legal. É muito bom. É muito bom mesmo”, finaliza a dona de casa Isabel Cabral.

 

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