07 de março | 2010
Interventor muda discurso sobre acordo com médicos no 2.º dia
Menos de 24 horas depois de assumir o comando da Santa Casa de Olímpia, como interventor nomeado pelo prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, o vice-prefeito, Luiz Gustavo Pimenta, mudou o discurso inicial a respeito de um possível acordo com os médicos. Antes ele chegou a admitir a possibilidade de até solicitar que eles continuassem não cobrando para realizar os plantões à distância, na sexta-feira chegou a afirmar que terá que cumprir qualquer acerto entre os profissionais e a antiga provedora, Helena de Souza Pereira.
Embora alegando ainda não conhecer oficialmente o acordo, afirmou: “Dizem que não foge do que foi apresentado pela então provedora, juntamente com o prefeito e com os médicos. Se for esse o acordo não vejo como não cumpri-lo. Se já foi combinado, temos que cumprir. Agora, precisa analisar junto com a atual administração, com a atual diretoria”.
No entanto, no dia em que assumiu, durante entrevista coletiva, ele manteve um tom de conversa um pouco diferente: “A primeira medida é conversar com eles, que eles dêem um voto de confiança a toda essa equipe que está fazendo essa intervenção. É isso que vou pedir no primeiro momento, até porque não tenho dados para sentar numa mesa de negociação com eles”.
Mas avisado de que os médicos tinham acabado a greve (paralisação) no dia anterior (4.ª feira, dia 3), Pimenta respondeu: “É mas nós não fomos informados. Pelo menos o prefeito não foi informado, que ele que decretou a intervenção ontem e não foi informado, até às cinco da tarde não foi informado”.
Mas adiantou quais medidas tomaria se os médicos não encerrassem o movimento de reivindicação: “Isso é uma questão que vamos oficiar ao Ministério Público, porque não sei se é legal a greve, se foi julgada a greve, ou se foi um processo para ter esse julgamento de greve. Nós entrarmos aqui com uma intervenção administrativa para ver se consegue avançar nessas negociações e terminar com a greve. Acho que vai depender do bom senso deles (médicos). Estamos aqui para somar, estamos aqui de passagem, acho que o menor tempo que a intervenção durar é bom para a sociedade também, porque voltam as eleições e a Santa Casa volta a caminhar com as próprias pernas”.
NÃO TINHA CONHECIMENTO
Sobre a informação de que os médicos já voltaram a trabalhar, desde a quarta-feira, quando protocolaram um acordo junto ao fórum, o interventor comentou: “Vou me colocar na mesma situação que foi colocada para a provedora que não estava sabendo dessa intervenção, eu não estou sabendo desse acordo. Tem uma data marcada, às 16 horas que eu ia estar assumindo e seria até prudente se a coisa estivesse em minhas mãos ou às vezes está até aqui e preciso encontrar esse acordo. Mas num primeiro momento eu vou tomar pé da situação, se os médicos estão trabalhando ou não, quem é o diretor clínico se tem ou não, isso vou tomar o mais breve possível, dentro de 10 minutos eu vou tomar todas essas informações”.
Sobre o que espera em termos de solução disse: “A perspectiva é um voto de confiança dos médicos, que possam dar mais uma vez, ter paciência mais uma vez, e protelar essa questão de greve, deixar uma decisão mais para frente para que a gente possa acertar valores e continuar pagando ou ver se não vai pagar. É tudo questão de negociação”. O problema dos médicos ele pretende solucionar: “Acho que já foi tempo suficiente para fazer esse acordo e evitar essa intervenção. Questão de minutos ou questão de dias tem que ser resolvida essa questão, principalmente da paralisação, mas estou contente com o final da paralisação”.
O vice-prefeito tomou posse pouco depois das 16 horas, estranhando a ausência da ainda provedora Helena de Souza Pereira, relatando que esperava encontrar com ela para conversar: “que pudesse passar alguma coisa para começarmos o trabalho. Eu espanto que vejo que ela não esteja aqui, apesar de ter sido informada e agora vamos procurar o Mário, que é o administrativo da Santa Casa, para que possamos conversar e se inteirar dos assuntos, conversar com os funcionários, conversar com os médicos e na medida de possível, vamos atender o que o Ministério Público propôs, fazer a intervenção, acabar com essa greve, ver o caixa da Santa Casa, se tem déficit ou se não tem, ver a questão da UTI, que são questões que o Ministério Público bem frisou na sua recomendação para a intervenção”.
Helena trabalhou bem
Já no início da tarde da sexta-feira, dia 5, durante uma entrevista que concedeu à rádio Difusora AM, que, segundo consta, mantém estreito relacionamento com o prefeito Eugênio José Zuliani, Pimenta diz que reconhecia como bom o trabalho até então realizado por Helena Pereira.
“Foi um trabalho de se declarar elogios. Agora, como a questão que não coube a ela resolver, que fugiu do alcance dela, surgiu todo esse impasse. Então, temos que analisar também o bom trabalho que foi feito e isso nos ajuda a daqui para frente tomar novos rumos”, declarou.
O quadro de funcionários, ao menos por enquanto, segundo Pimenta, vai continuar da mesma forma em que está. “Os empregados são a alma da Santa Casa, precisamos deles. Eles que tocam isso daqui. Por isso que não tem nenhuma medida assim, a ser tomada contra o funcionalismo. Pelo contrário, precisamos que eles estejam do nosso lado, ajudem a resolver essas questões que foram elencadas pelo Ministério Público e possa daqui, o mais breve possível, marcar as eleições e por uma diretoria à frente da Santa Casa”, reforçou.
UTI
Outro ponto apontado como motivador da intervenção é relacionado com a Unidade de Terapia Intensiva (UTI): “a questão da UTI que havia indícios de que seria fechada e, salvo engano, reestruturação do próprio hospital, de proventos, de arrumar dinheiro que possa sanar esse déficit, me parece um déficit de R$ 500 mil, anual aqui. São essas questões que foram elencadas, além de outras questões técnicas que eu não tenho em mãos aqui”.
A solução do problema passa pelo aumento do número de leitos: “Essa questão de leitos, uma que tem a ver com espaço e depois trabalhar junto ao Estado ou mesmo ao Governo Federal, a possibilidade de aumentar esses leitos e jogar aberto com a sociedade olimpiense se é possível nós aumentarmos esses leitos ou não. O que não pode é ficar essa insegurança que foi pregada durante todos esses anos vai fechar, não vai. Já detalhei exatamente, isso é uma exigência do Ministério Público”.
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