06 de fevereiro | 2011

Folha usou foto oficial para calcular quantidade de árvores erradicadas

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JOSÉ ANTÔNIO ARANTES
A Folha da Região usou uma foto de maquete oficial, enviada pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Olímpia, para calcular que seriam erradicadas quase 70 árvores, por causa da reforma da Praça Rui Barbosa, região central de Olímpia. A explicação é do advogado e jornalista José Antônio Arantes, em entrevista à reportagem do jornal.

Este jornal publicou em uma de suas edições recentes, matéria dando conta de que a prefeitura, ao anunciar a reforma da praça Rui Barbosa, teria divulgado uma foto maquete mostrando um local com apenas algumas das dezenas de árvores ainda existentes no referido local.


Claro, óbvio e evidente, que o bom jornalismo jamais deixaria de noticiar uma discrepância destas, ou seja, que seriam cortadas mais de 50 árvores. As referidas fotos maquetes foram enviadas pela assessoria de imprensa do município via e-mail, cuja cópia encontra-se devidamente arquivada junto a outros documentos importantes que, porventura possam vir a servir de prova para garantir o que neste jornal é escrito.


Como a discrepância era muito grande e nenhuma autoridade municipal, nem mesmo o prefeito, se preocupou em explicar a situação publicamente, o artista plástico Willian Zanolli entrou com representação requerendo que o promotor interviesse na situação para evitar o possível corte das árvores.


O promotor Gilberto Ramos de Oliveira Junior, já há vários anos como promotor da Cidadania, resolveu abrir inquérito civil para apurar o caso. O departamento jurídico da prefeitura, absurdamente, num primeiro momento, explicando não muito bem a situação, relembrando os tempos da ditadura, acabou por pedir punição para o representante, o artista plástico Willian Zanolli.


Mais absurdamente ainda, o dito promotor, em decisão datada de primeiro de fevereiro último, para justificar que não via possibilidade de imputar ao representante o crime de denunciação caluniosa, cita que o artista plástico se baseou em reportagem, de periódico local, mais uma vez equivocada, dando a entender que o jornal errou ao noticiar os fatos sobre os cortes das árvores por parte da prefeitura.


Ora, senhores, equivocado e talvez até fora da ética própria de um operador do direito, estaria o próprio promotor, ao citar que o jornal se equivocou também quando, no caso dos “setentões”, este jornalista e não o jornal (não se sabe porque o representante do ministério público não quis mencionar diretamente) citou que havia determinado que o cidadão investigasse a existência de lei.


O sr. Junior, ao que parece, neste caso, deve ter agido motivado pela emoção, eis que não admitiu que o jornalista, que também é advogado, pudesse entender que sua atitude poderia ser considerada como tal e, com o que parece nítido sentido de “cutucar” o editor deste jornal traz a uma peça de “arquivamento”, situação de outro “arquivamento”, o caso dos setentões.


Quanto ao caso em si, não houve equívoco nenhum do jornal que publicou matéria baseado em informações da própria prefeitura que não procurou o jornal para corrigir seu erro, só o fazendo tempos depois, quando o caso já estava nas mãos do próprio sr. Junior.


Ademais não dá para garantir com infinita certeza que o projeto apresentado inicialmente ao jornal pelo próprio executivo não tenha sido alterado para ser adequado à nova realidade provocada pela denúncia ao próprio sr. Junior.


Quanto ao fato que parece ter magoado o sr. Junior, ou seja, a declaração deste jornalista de que teria determinado que o cidadão investigasse a existência de lei, é mera explicação do próprio interessado. Este editor desta Folha tem o sagrado direito de entender que esta sua explicação não convence, mesmo porque, em outra representação do artista plástico Willian Zanolli, num passado não muito distante, pediu para que este provasse o fato denunciado.


Ora senhores, o direito de aceitar ou não explicações, ou de entender os fatos é próprio da democracia. Como o de arquivar a maioria das representações, inclusive uma que foi mandada ao Conselho Superior do Ministério Público e que, ao depois, virou ação que culminou em condenação pela justiça, também é prerrogativa do tal membro do Ministério Público.


Este jornalista edita este jornal há mais de 30 anos e tem a hombridade de, ao se equivocar naquilo que escreve, reconhecer publicamente. Mas, cada cabeça uma sentença e em cada uma delas existe um tipo de formação, de conhecimento, de cultura, etc.

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