02 de março | 2008

Família veio para trabalhar no café

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 Cumprindo o estabelecido no projeto entre Brasil e Japão, que neste ano completa o primeiro centenário, a família Mizogutti (foto) veio para Olímpia com a finalidade de trabalhar na produção de café. Os japoneses imigraram justamente para substituir os italianos que ficaram proibidos de virem para o Brasil.

De acordo com a professora aposentada Akemi Mizogutti, que se mudou de Olímpia há 30 anos, mas está sempre visitando a família, os pais não vieram para o Brasil no mesmo navio. Se casaram e estabeleceram em Olímpia, onde o pai já residia. A família ainda mantém a loja de armarinhos na Rua David de Oliveira, 316, o Bazar Mizogutti.

"Se casaram e vieram para Olímpia e logo de início ele (pai) foi comerciante e comprou um hotel. Depois vendeu e comprou a loja onde até nos dias atuais trabalha diariamente", explicou. Agora o casal naturalizou brasileiros e não se consideram mais japoneses.

A professora relatou uma passagem com sua mãe quando viajava. "Minha mãe conta que na estrada ofereceram banana e mortadela com pão. Ela nunca tinha visto mortadela, comeu o pão e jogou a mortadela fora porque ela ficou receosa. A mortadela tem o cheiro forte e eles não estavam habituados com essa comida, mas depois se acostumaram com o paladar", contou.

Uma das dificuldades que encontraram quando chegaram foi o clima. No Japão, ao contrário do Brasil, o clima é mais ameno. "No começo foi duro", asseverou. Segundo a professora, de início eles achavam que o Brasil era habitado só por animais selvagens e depois viram que havia pessoas que moravam, inclusive em casas edificadas.

A vinda para Olímpia foi por causa do avô, que por sendo aventureiro queria conhecer novas terras. Vieram oito pessoas da família, mas para cá apenas eles. Os demais, porque eram imigrantes, estão em uma fazenda de italianos. Mas a viagem no navio para o Brasil foi marcada por uma tragédia. A professora conta que um dos tios faleceu durante a travessia do oceano e foi jogado em alto mar. "Isso é uma tristeza da família", observou.

O pais, relata a professora, por terem vivido mais tempo no Brasil que os que chegavam na cidade, sempre atuava como intérprete dos compatriotas. "Porque ele sabia muito o português e interpretava para os japoneses", informou.

Atualmente, segundo ela, são poucos os japoneses que vivem em Olímpia. Ela, por exemplo, reside em São Paulo há 30 anos. A professora estima que atualmente sejam em torno de 20 famílias japonesas que ainda moram em Olímpia. "Não sei se tem tudo isso, mas antigamente tinha-se mais", finalizou.

 

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