17 de junho | 2007

Exclusão social marca vida dos moradores do Jd. Boa Esperança

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 Voluntária há cerca de 30 anos, Iraci dos Santos Gisoldi (foto) vê a exclusão social como uma das maiores dificuldades no cotidiano dos moradores dos Jardins Boa Esperança I e II, dois bairros enormes encravados na zona norte da cidade, numa região que pode até ser considerada a mais pobre da cidade. Além destes dois locais, ela ainda realiza um trabalho assistencial com pessoas carentes também do Jardim Santa Ifigênia. "Por morar aqui há 27 anos, vejo que é um povo normal, que é um povo alegre, embora as pessoas sejam excluídas", comentou.

A exclusão, conta a voluntária, é perceptível principalmente quando estas pessoas saem atrás de um emprego numa empresa qualquer: "Você faz uma ficha em uma firma, dependendo do endereço a pessoa não é chamada! Então isso para mim é exclusão".

Iraci explica que muitas pessoas, se é que não se trata de grande parte da população de Olímpia, considera o Jardim Boa Esperança, antigo Pedregal, um local de perigo. "Mas não, garante a voluntária que não tem receio de deixar sua casa até mesmo durante a madrugada para ir em socorro dos moradores do bairro. "Tem pessoas maravilhosas, se tiver que ir a 1 hora da manhã resolver algum problema vou", acrescentou.

O trabalho voluntário conta, principalmente, com os religiosos da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, a qual pertence à região da cidade onde o bairro está encravado. Tudo é feito, inicialmente, em torno da Creche da Imaculada, fundada na época da irmã Luciana e do frei Francisco.

Agora, porém, vê um horizonte novo para a juventude daquela região da cidade: "Tenho fé em Deus e tudo está caminhando para dar certo. A igreja vai construir o educandário, então a nossa preocupação é essa, porque aos seis anos de idade a criança sai da creche e não tem lugar para ficar".

Estas crianças, às quais ela faz referência, tem pais que trabalham e por isso saem de casa pela manhã e muitas vezes retornam apenas à noite, a maioria não voltando nem mesmo no horário de almoço.

"Tendo o educandário as crianças sairão da escola e é só atravessar a rua. Vão sair com um aprendizado ótimo. A intenção é mesmo de formar a criança para o trabalho, já saírem dali para um trabalho", comemora.

E a situação se complica quando se fala nos problemas de saúde e dificuldades que essas pessoas que Iraci considera excluídas da sociedade têm para comprar os medicamentos que necessitam. E todos correm até sua casa em busca do socorro imediato. "É o problema de remédios e mesmo nós tendo a Pastoral da Saúde não dá para suprir de pronto as necessidades de todos", lamenta.

A preocupação de Iraci é maior porque as doenças atingem sempre as pessoas mais frágeis e quase sempre sem muita defesa, ou seja, os idosos e as crianças. Principalmente por causa dos idosos, que a preocupação dela maior é com os cânceres, que de momento vem acompanhando apenas um caso. "Ultimamente estamos com casos de tuberculose que vitimou uma família inteira", acrescentou, destacando que os casos aumentam por causa do tempo seco e da poeira.

Porém, nunca se sente desacompanhada. Além da fé em Deus, que nunca deixa de ressaltar, conta que consegue fazer os tratamentos sempre com correção, principalmente porque recebe ajuda direta de muitos médicos: "Todas as vezes que preciso, eles têm me ajudado", comemora.

 

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