30 de março | 2023

Noticiário fala em multipropriedade saturada e calote da WAM

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Deu no Estadão: Calotes de CRIs de R$ 1,45 bi revelam crise no setor de multipropriedades.

O noticiário econômico dos últimos dias tem trazido informações preocupantes para o turismo. Todas, no entanto, mostram que existe uma crise no setor de multipropriedades, que tem alavancado a construção no setor de hospedagem da cidade e a consequente vinda de turistas para ficarem mais de um dia na cidade.

O ponto que mais atinge o município seria a inadimplência de uma empresa que atua em Olímpia, a WAM (e é de Goiás) e que uma das razões seria a implementação de novos empreendimentos em regiões já saturadas.

Esta saturação teria como significado que a cidade poderia perder empregos e receita geradas por esta empresa de grande porte que atua em Olímpia há vários anos.

CRIS CAPTARAM R$ 1,45 BILHÕES

Segundo matéria publicada na quarta-feira, 29, no Estadão, assinada pelo jornalista Circe Bonatelli, a situação estaria sendo denotada pela inadimplência no pagamento de juros e amortizações referentes aos chamados recebíveis imobiliários (CRIs) que captaram, juntos, R$ 1,45 bilhão nos últimos anos.

O calote é um sinal de que a crise do crédito está se espalhando por diferentes setores produtivos. No caso, a principal origem das emissões está em empresas e empreendimentos que atuam com multipropriedades.

Neste ramo do mercado imobiliário, o mesmo imóvel é fracionado e vendido para vários donos que podem se revezar no uso. Trata-se de um modelo bastante comum em empreendimentos turísticos, nos quais o apartamento é usado apenas esporadicamente pelos seus donos.

MULTIPROPRIEDADES NÃO CONTAM
COM CRÉDITO IMOBILIÁRIO
E PRECISAM BUSCAR RECURSOS
NO MERCADO DE CAPITAIS

Os projetos de multipropriedade também não contam com crédito imobiliário tradicional, levando as empresas a buscarem recursos no mercado de capitais. É aí que entram os certificados de recebíveis imobiliários – operação na qual os valores esperados com a venda das frações de imóveis são usadas como lastro ou garantia para tomada de dívida.

A maior emissão partiu da WAM Holding, grupo fundado em Goiânia em 2013 e que se apresenta como a maior das multipropriedades. A companhia emitiu um CRI de R$ 600 milhões em dezembro de 2020 com vencimento em dezembro de 2025. A operação foi dividida em séries em que a remuneração dos investidores vai de 8,56% a 12,56% ao ano mais IPCA.

A lista de inadimplentes também tem o Resort do Lago, cujo CRI foi de R$ 95,1 milhões, emitido em 2020 com vencimento em 2029. As taxas vão de 10,15% a 14% ao ano mais IPCA. E o Búzios Beach emitiu R$ 44,6 milhões em fevereiro de 2021 com vencimento em março de 2026, a taxas de 9,5% a 11% ao ano mais IPCA.

OLÍMPIA ENTRE REGIÕES
QUE JÁ ESTÃO SATURADAS

Na visão do consultor Caio Calfat, maior pesquisador de multipropriedades no Brasil, essa é uma crise amplamente esperada. “Não são casos isolados. É uma crise sistêmica e anunciada”, afirmou, em entrevista.

Um dos problemas foi o impacto da pandemia, que paralisou o turismo no Brasil e provocou muitas rescisões de vendas e inadimplência de quem havia adquirido as unidades na planta. “O setor até cresceu nas vendas de 2021 para 2022, mas herdou, da pandemia, as dores que foram críticas para o segmento turístico”, disse.

Outro problema, em sua avaliação, é que houve excesso de lançamentos em regiões que já estão saturadas. “Vimos uma série de investimento em projetos sem viabilidade, localizados em praças já saturadas”, disse Calfat.

OUTRO LADO

A securitizadora Fortesec divulgou hoje uma nota à imprensa afirmando que os casos de inadimplência no pagamento de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) não podem ser considerados calotes, uma vez que houve contato prévio das partes que deixaram de pagar.

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