A depressão é a principal causa apontada por 99,9% das mulheres que tentam contra a própria vida na cidade de Olímpia. A informação foi passada na quinta-feira, dia 05, pela delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Maria Tereza Ferreira Vendramel. As causas estão sempre ligadas às dificuldades que enfrentam no cotidiano. Um detalhe é que as tentativas têm sido verificadas, em grande parte, em mulheres que estão na faixa etária entre 40 e 45 anos.

A delegada explica que em todas as ocorrências do gênero são instaurados inquéritos para apurar, inclusive, se houve algum tipo de indução ao ato praticado pela mulher. Neste caso, explica Tereza Vendramel, quando há a instigação para a tentativa estaria configurado um crime. "As vítimas dizem que realmente foi depressão, que estavam muito tristes e se sentiram muito sozinhas e carentes", informou.

Vedramel entende que falta um trabalho melhor com esse tipo de situação, principalmente por parte do governo. "As mulheres carentes precisam de tratamento e acompanhamento psicológico e social", acrescentou. A depressão é desencadeada por uma série de fatores, como, principalmente, a falta de um bom relacionamento afetivo, dificuldades financeiras e problemas com os filhos.

Auto-análise

Segundo a explicação da delegada, na faixa dos 40 a 45 anos a maioria das mulheres começa a fazer uma auto-análise da vida até aquele momento e acabam em depressão tentando o suicídio. "Porque a depressão é doença e elas não sabem o que estão fazendo. Tomam tantos remédios antidepressivos e acabam, às vezes, fazendo loucuras", acrescentou.

Mas a luta para viver em pé de igualdade com o sexo masculino também sobrecarrega o emocional das mulheres. Além da vida profissional que assumem, muitas vezes para complemento da renda familiar e dividir as obrigações com o marido, cuidam dos afazeres domésticos e quando o resultado é negativo acaba desestruturando uma mulher.

Para a advogada e comerciante Shiliam Silva Souto, "a mulher tem um histórico que está gravado no subconsciente, que é a responsabilidade de cuidar do lar e da educação dos filhos. Isso é uma coisa que vem de gerações. Então, tudo que der errado a partir dali a mulher sente a culpa".

Sentido de vida

No entendimento de Marililzi Scompanin Guedes Furtado, Capitão da Polícia Militar, a falta de sentido de vida também pode ser uma causa de tentativa de suicídio, independente do sexo, se masculino ou feminino. "Quando a pessoa busca o suicídio ela está muito voltada para si mesma, a gente sabe que a felicidade é uma porta que se abre para fora. Sugiro que a pessoa procure realmente coisas úteis, que com certeza essa vontade de suicidar vai passar", comentou.

Também atuando na Polícia Militar, Madalena Aparecida dos Santos liga as tentativas de suicídio à falta de um relacionamento melhor com a religião. "A mulher devia procurar gostar mais da religião e gostar mais dela mesma e não se preocupar tanto em ser igual aos homens. Às vezes ela se casa achando que a situação é cômoda, que o marido vá tratá-la de um jeito e não consegue assimilar. Então, tem que ter mais orientação e procurar Deus", afirma.

Nesse contexto, a questão social também é citada pela juíza do Trabalho de Olímpia, Silnei Garrido Lage. Para ela o suicídio é resultado da baixo-estima que aparece na mulher insatisfeita, que não enxerga um futuro melhor: "Ela não tem perspectivas de melhor vida, pode se deixar levar para essas idéias negativas e chegar a cometer suicídio. Se a gente vive numa sociedade mais justa, com amparo social, a mulher tem emprego, acesso à educação e creches para criar seu filho, ela vai trabalhar, fica tranqüila e provavelmente, não pensa em suicídio".