22 de outubro | 2014

Daemo anuncia racionamento de água nos próximos dias e ameaça multar desperdício

Compartilhe:

José Antônio Arantes
editor da Folha da Região e do iFOLHA
c/ informações e fotos do site da PMO

O mesmo problema enfrentado pelo governo do Estado na capital paulista, com a escassez de água no sistema Cantareira que está causando transtornos aos paulistanos, parece que está para chegar a Olímpia, onde, segundo dados do site da prefeitura municipal, no mês de outubro choveu 4,6 milímetros, em setembro 54 milímetros, 1.000 milímetros a menos do que em 2013.

Mas, pior ainda, e também fazendo o caso ficar parecido com São Paulo, está o fato de que recentemente o superintendente da entidade confirmou que quase 50% da água tratada pela autarquia vai literalmente pelo ralo. Ou seja, some, desaparece na enorme quantidade de vazamentos existentes na rede de distribuição, que padece pela falta de planejamento e investimento na sua recuperação nas últimas décadas.

Dentro desse quadro, o olimpiense, se não chover na cidade nos próximos dias, deverá, além de enfrentar as dificuldades tenebrosas de um racionamento de água, passar a ser multado se for flagrado lavando calçadas, carros, ou qualquer atitude que se classifique como desperdício de água. No entanto, não poderá multar nem o prefeito e nem o Daemo por jogar literalmente pelo ralo quase metade da água tratada.

Pelo menos esta é a informação que consta no site oficial do município (a do racionamento e a da fiscalização e multa) como sendo oriunda do superintendente do Departamento de Água e Esgoto do Município de Olímpia, Antônio Jorge Motta. “Infelizmente é verdade. Estamos planejando o racionamento, pois com a falta de chuva, o nível do Ribeirão Olhos D’água está crítico”, afirmou.

Segundo as informações oficiais a cidade opera com 40% da capacidade de abastecimento. Segundo ele ainda não existe falta de abastecimento em Olímpia pelo controle que a DAEMO Ambiental realiza de abertura de registros e o acompanhamento dos níveis dos reservatórios, porém, existe sim a possibilidade, caso a população também não faça sua parte.

A parte central da cidade de Olímpia é abastecida pela ETA – Estação de Tratamento de Água, que é abastecida pelo Ribeirão Olhos D’água, assim esta seria a região mais prejudicada. Em outros bairros existem poços profundos, mas que também estão operando com o limite mínimo de água. “É preciso que a população nos ajude a água está acabando nas profundezas da mesma forma que nos leitos dos rios”.

Podemos ver nos noticiários diários reportagens sobre a falta de água de maneira critica em diversas cidades do Estado, como em Itu e na própria capital. “Esta realidade pode chegar a Olímpia caso o população não se conscientize. Fazemos o controle de forma metódica, pois nossa região não é rica em água, temos os níveis de reservatórios e riachos no limite mínimo. Precisamos agir e economizar água”, disse Motta.

Ele pede que a população se sensibilize e ajude na economia de água no município. “Vemos por toda cidade que muitos ainda lavam calçadas, grades, varandas, e não é o momento. Estamos numa crise hídrica e vai faltar água. Pessoas lutam por um balde de água enquanto outras desperdiçam”, endossou.

Motta destaca que mundialmente os cuidados são os mesmos: desligar a torneira enquanto escova os dentes, tomar banhos rápidos, não lavar calçadas e carros. “Ela vai fazer falta, por isso pedimos, rogamos para as pessoas economizarem” Ele diz que diversas reclamações dos munícipes quanto à pressão da água nas torneiras, são problemas inerentes à escassez da água. E que diariamente são feitos reparos às redes, ou substituições, por Olímpia ter um sistema antigo.

Outra ação que será iniciada pela DAEMO será a fiscalização. “Iremos começar a multar. Infelizmente não gostamos disso, mas teremos que tomar medidas preventivas e louvar os que usam a água conscientemente. Água é alimento”, finalizou.

VAZANDO PELO RALO

Mas, se de um lado a população precisa colaborar, de outro, o município também é culpado por um desperdício que é considerado alarmante em se tratando de um bem comum e que pode faltar no futuro, como é o caso da água. Segundo informações recentes passadas pelo próprio superintendente, o Daemo Ambiental está perdendo quase a metade da á­gua tratada pela autarquia e que está sendo solta nas redes para ser distribuída aos consumidores, ou seja, segundo ele, de 42% a 43% de todo o volume distribuído.

Entretanto, quando se fala em rede de distribuição o diretor não se refere a apenas a rede que serve o centro da cidade e bairros da zona sul e parte da zona oeste de O­lím­pia, a partir da ETA (Estação de Tratamento de Água) do Jardim Toledo. Motta explica que há também vazamentos na rede que distribui água produzida pelos poços espalhados pela cidade.

“A Daemo está engatinhan­do no que diz respeito ao combate de perdas. Só nesse governo é que tem mudado as coisas. Ficou muito tempo sem se investir em redes novas, muitos anos sem recuperação de redes e substituição de redes antigas. Então, trabalhamos com perda em torno de 42%”, explicou durante entrevista que concedeu recentemente à imprensa local.

E acrescentou: “Vimos fazendo investimento em infra­estrutura de troca de encanamento, de registros, para combater a perda. Por isso, se formos atacar de uma só vez todos os problemas que temos em Olímpia, nós, financeiramente, não teremos condições. Mas, um trabalho devagar é possível, dentro de nossas condições financeiras. Fazer de uma vez só é impossível”.

Também de acordo com o diretor, essa perda ocorre na malha geral antiga que necessita ser substituída, medida que vem sendo feito aos poucos, Segundo Jorge Motta, recentemente foram substituídos 500 metros de rede, que era de amianto, na Rua José Clemêncio, atrás da Santa Casa. Por se tratar de uma estrutura antiga havia vazamentos, falta de pressão da água naquela região da cidade e, consequentemente, pouca á­gua nas torneiras.

REGIÃO CENTRAL 

Mas o grande problema está justamente na região central da cidade: “Vimos fazendo isso em todos os lugares onde é possível. No centro não há como fazer. É impossível fazer tudo de uma vez”.

Motta projeta trocar a rede antiga da Rua David de Oliveira desde o cruzamento com a Rua Síria até ao cruzamento com a Avenida Aurora Forti Neves. “Mas isso pararia a cidade”, lamenta.

Esse vazamento substancial revelado por Mota alcança também os poços profundos. Segundo ele, há poços novos, mas também há os antigos. Por outro lado, há redes novas, mas também há as antigas. Além disso, tem poço novo com rede antiga, que tem problema.

“E se formos ver, Olímpia ainda está na média de perdas. Fico feliz de estarmos conseguindo combater em torno de 10% dessa perda por ano. Gostaria que em 10 anos caísse para pelo menos 20%, que é a média nacional”, estima.

O diretor diz que se trata de um grande problema, mas que não se resolve totalmente. Motta afirma que foi recuperando cerca de 10% a cada ano que chegou à média de 42% a 43% de perdas: “o que é razoável, mas não é o ideal”.

A solução definitiva envolve problemas financeiro, logístico e problema temporal: “envolve tudo isso e a todos”. Mas trabalha com a ideia de num prazo entre 20 a 15 anos, essa redução das perdas cair para 20%. “Zerar é impossível. É um caminho sem fim. Vai e volta refazendo. É uma constante”, finaliza.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas