24 de abril | 2013

Cetesb afirma que água distribuída a moradores de Cajobi está contaminada e pode provocar câncer

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Um relatório divulgado nesta semana pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com base em dados coletados em 2012, afirma que os moradores de Cajobi podem estar consumindo água contaminada por nitrato, uma substância que pode provocar câncer.

Análises da água mostram que o lençol freático de onde é retirada está contaminado com nitrato. No entanto, a autarquia que cuida do saneamento básico na cidade, promete que vai trocar os poços do Bauru por um poço profundo, que vai captar água no aquífero Guarani, não contaminado, em 10 dias.

Cajobi é o único município da microrregião de Olímpia com esse tipo de problema, segundo informação publicada nesta quarta-feira, dia 24, pelo jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto.

Segundo o jornal, a fonte de captação da maior parte da água potável consumida na região, o aquífero Bauru apresenta índices de nitrato, cromo e chumbo, todas substâncias cancerígenas, acima do limite tolerável em 17 municípios do Noroeste paulista, inclusive Rio Preto.

Em nove cidades, foi constatado mais de 5 miligramas de nitrato, substância decorrente da decomposição de matéria orgânica, por litro d’água no aquífero, o que indica contaminação do lençol e é considerado pela Cetesb acima do valor máximo permitido, ainda que dentro do padrão de potabilidade definido pelo Ministério da Saúde, que é de dez miligramas por litro. Em Rio Preto, o índice foi de 9,14 miligramas. Já em Jales, a medição acusou 11,3 miligramas, o que traz riscos à saúde, incluindo câncer no aparelho digestivo.

“As empresas de saneamento acompanham semanalmente a qualidade da água que retiram do subsolo. Mas há muitos poços artesianos que captam água no (aquífero) Bauru, construídos clandestinamente, sem controle algum da água”, diz o químico Paulo José de Figueiredo, da Cetesb em Rio Preto.

Para a Cetesb, a alta concentração de nitrato na água da região é decorrente do uso de fertilizantes agrícolas da região. “Nas duas últimas décadas houve grande aumento das áreas cultivadas, onde o uso intensivo de fertilizantes nitrogenados (…) tem favorecido o aparecimento de nitrato nas águas subterrâneas”, diz o relatório da Cetesb.

A relação entre a presença da substância na água e a atividade rural é tema de pesquisa em andamento pela Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), em Rio Preto.

O cromo (ou crômio), metal pesado que também pode provocar câncer gástrico, também foi encontrado em quantidade elevada (acima de 0,05 miligramas por litro d’água) em nove municípios, sendo que em três deles há alta concentração tanto de crômio quanto de nitrato: Palestina, Potirendaba e Guzolândia.

A presença do metal na água do subsolo do Noroeste paulista foi verificada pela primeira vez em 1977, em Urânia, o que obrigou a Sabesp a lacrar o poço no município e levar água da vizinha Jales para abastecer a cidade.

O fenômeno tem causas naturais, segundo a Cetesb: a presença de óxido de manganês e carbonato de cálcio elevam o pH da água e favorecem reações químicas para que o cromo passe da fase sólida para a líquida. Mas a Cetesb não descarta a contaminação por curtumes.

CONTROLE

A Sabesp, que cuida da distribuição de 11 das 17 cidades, diz ter conhecimento do problema, mas garantiu que a água distribuída à população atende todas as normas de potabilidade definidas pelo governo federal. “Em Dirce Reis e São João das Duas Pontes, temos estação para eliminar o cromo, enquanto em outras cidades, como Guzolândia e Jales, a água do Bauru é diluída com a de outros poços”, diz o gerente de desenvolvimento operacional da Sabesp, Renato Orsi.

A Empresa de Saneamento de Palestina (Esap) informou por meio de nota que tanto no nitrato quanto o crômio “são arrastados para o lençol freático por chuvas intensas”. A empresa disse também que vai procurar a Cetesb para buscar mais informações sobre o estudo. O Serviço de Água e Esgoto de Potirendaba (Seap) garante acompanhar a qualidade da água captada a cada três meses, que as análises dessas substâncias “não têm apresentado resultados relevantes”.

A Prefeitura de Barretos informou que o município não retira água do aquífero Bauru. O Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae) em Rio Preto não se manifestou até as 18h de ontem. Ninguém foi localizado ontem na Prefeitura de Mirassolândia para comentar o assunto.

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