28 de setembro | 2014

Campanha para bebê que teve 37% do corpo queimado arrecada uma tonelada de produtos e mais de R$ 11 mil

Compartilhe:

O grupo de amigas e amigos que se reuniu através da internet com o objetivo de conseguir angariar produtos e fundos para ajudar na recuperação do bebê João Eduardo, de um ano e sete meses, que teve 37 por cento do corpo queimado com água fervendo, anunciou esta semana que conseguiu arrecadar material suficiente mais de uma tonelada de produtos (entre alimentos, produtos de limpeza, fraldas e até roupas) que vai dar para a família sobreviver por vários meses e, ainda, ajudar outras pessoas carentes que estão precisando e mais R$ 11.295,00 em dinheiro.

Segundo a comerciante Bru­na Arantes que, junto com as amigas Driele Cassilhas, Monique Cobacho, Tania Lo­pes e o cantor Wesley Mattos, vêm coordenando o movimento, tudo começou com um pedido de ajuda pelo site de relacionamentos Facebook há pouco mais de um mês e acabou tomando proporções que eles jamais imaginaram.

Embora tenham existido vários percalços e até trabalho contra durante todo este tempo, a comerciante conta que “foi uma lição de vida para ela e seus amigos que não imaginavam que num mundo tão conturbado como o atual ainda existisse tanta gente disposta a ajudar o próximo”.

“A gente passou a acreditar que ainda é possível fazer muita coisa sem depender do poder público, somente com a sociedade civil e este movimento foi um exemplo disto”, destacou.

Além de conseguir mais de R$ 11 mil em dinheiro, cuja maior parte servirá para ajudar “Dudu”, foram centenas de doações de fraldas, alimentos, roupas, sapatinhos, leite, brinquedos, cama, colchão, berço, geladeira, fogão, poltronas, televisão, além de outros materiais.

OUTRAS CRIANÇAS COM PROBLEMAS

“Inicialmente, começamos a arrecadar apenas fraldas e leite integral e foram tantos que começamos a procurar outras crianças que passavam por problemas semelhantes ao de “Dudu”. E, foi aí que conhecemos a Helena (de seis anos) que tem um problema sério na pele (epidermólise bolhosa excessiva), o nenê Vinicius (de um ano e quatro meses – que sofre por ter nascido sem o orifício anal) e, então, resolvemos ajudá-los também”, contou.

Bruna conta que junto com os dois produtos (fraldas e leite), as pessoas começaram a enviar também um grande número de outros materiais, além de alimentos e até roupas e calçados.

“Mas como o tempo foi passando – continua – e a gente não conseguia viabilizar uma casa para que “Dudu” pudesse morar em melhores condições, pois a em que residiam, não tinha mínimas condições para tanto, e após conversar com o médico que estava tratando dele em Catanduva que explicou que a criança poderia precisar de outros materiais específicos para o seu tratamento que são difíceis de se obter na saúde pública, resolvemos arrecadar dinheiro para garantir o tratamento do bebê”.

Bruna destacou então que começaram a pensar em algo que pudesse viabilizar um valor para garantir um possível aluguel por um ano, caso o prefeito não alugasse um imóvel para a família ou alugasse por tempo inferior e para garantir os eventuais materiais que “Dudu” viesse a precisar.

Foi aí que surgiu a ideia de se fazer um show com cantores de Olímpia e região para arrecadar o dinheiro.

Bruna faz questão de prestar contas de tudo o que foi arrecado. De produtos e materiais diversos a população colaborou com um estoque de alimentos que deu para formar 18 cestas básicas, mais de 400 pacotes de fralda, quase 500 litros de leite, sem contar o leite em pó. “Nós separamos tudo o que era necessário para abastecer a família do Dudu por um longo tempo e os produtos perecíveis e outros que vieram em grande quantidade, estamos distribuindo para pessoas carentes que a gente tem certeza que precisam.

Na arrecadação de dinheiro, além dos mais de R$ 8 mil arrecadados no show, a gente conseguiu doações espontâneas de R$ 1.894,00; fizemos uma rifa de produtos de beleza que vendeu 221 números e rendeu R$ 1.105,00. E ainda temos aproximadamente uns R$ 1.500,00 para arrecadar com pessoas que prometeram ajudar.

CASA ALUGADA

Por outro lado, Bruna destaca que o grande problema enfrentado nas últimas semanas foi alugar uma casa. “Como o prefeito tinha prometido no início do movimento e começou a demorar para resolver o problema, começamos a procurar a gente mesmo. Aí virou uma verdadeira guerra. A gente conseguia arrumar as casas, mas parecia que todo mundo estava contra a gente, pois, mesmo pagando um ano de aluguel adiantado, as pessoas que concordavam em alugar num dia, no outro voltavam atrás. Parecia até que tinha gente nos perseguindo para ver o que estávamos fazendo e poder desfazer o que conseguíamos”.

Segundo a comerciante parecia que estavam disputando uma campanha eleitoral, tanta intriga, conversa fiada (gravaram um monte delas) e verdadeira campanha para prejudicar o trabalho deles. “Mas, graças a Deus, a caridade venceu o medo e nós conseguimos chegar até aqui”.

Bruna conta que a prefeitura quase na última hora (do nenê ter que voltar de Catan­duva onde estava internado) alugou a casa e não deixaram nem a gente ver antes. Mesmo assim, como não se pode recusar ajuda de ninguém, aceitamos as imposições e depois que entregaram as chaves para a família, fomos lá e arrumamos a casa para que “Dudu” possa ter uma boa recuperação. Além dos móveis doados ainda tivemos que comprar armários, mesa e cadeiras e outros que se faziam necessários.

No entanto, a casa alugada está com o gabinete da cozinha estragado e o encanamento está entupindo, o que não pode acontecer, pois pode comprometer a saúde do menino. Pedimos para a imobiliária providenciar os reparos, mas até sexta-feira, 26, na hora do almoço nada ainda tinha sido arrumado.

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas