08 de junho | 2010

“Blackout” da água expõe desentrosamento no governo municipal

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O corte no abastecimento de água em grande parte da
cidade desde a tarde de segunda e durante todo o dia de terça-feira, 08 de
junho, para realizar serviços de limpeza em dois dos três reservatórios da
Estação de Tratamento de Água (ETA), localizada jardim Toledo, zona sudoeste,
expôs o que se pode denominar desentrosamento no governo municipal, pelo menos
entre o superintendente do DAEMO (Departamento de Água e Esgoto do Município de
Olímpia), Valter José Trindade, e a secretária de Educação, Eliana Antônia
Duarte Bertoncello Monteiro.

A medida, além de gerar transtornos para grande
parte da população, que se viu sem água desde o início da noite da segunda-feira,
dia 7, enfrentou problemas também no dia seguinte, por causa da parcial
suspensão das aulas nas escolas da rede municipal, inclusive nas creches.

A suspensão das aulas pode ser considerada parcial,
porque no aviso colocado aos alunos, os pais poderiam optar por levar os filhos
às aulas ou não. Enquanto já surgiam reclamações da falta de água, os
motoristas que transportam os alunos da zona rural tentavam entender o que
estava acontecendo.

Dois deles, que pediram para não terem os nomes e
nem as regiões do município que transportam, comentavam que não receberam
nenhum comunicado formal sobre não transportar alunos no dia seguinte, embora
se considerassem avisados oficialmente.

A preocupação deles era avisar os pais dos alunos
que não haveria aulas, porque muitos deles têm que levantar por volta de cinco
horas da madrugada para levarem os filhos até o ponto onde a perua passa para
pegar as crianças.

DIA SEGUINTE
Na terça-feira, dia 8, a reclamação era geral. Pais
e mães sem entender o que estava acontecendo em relação às aulas uma vez que
muitas das escolas, além de abastecimento de água próprio, não estão
localizadas na região abastecida pela ETA, rechearam as programações das
emissoras de rádio locais.

Eles reclamavam de tudo um pouco. Uns porque não
tinham onde deixar os filhos ou com quem deixá-los, para poderem ir trabalhar.
Outros tantos reclamando que a falta de água tem sido constante, principalmente
na periferia da cidade.

Enquanto isso, as explicações oficiais divergiam de
acordo com o local de onde partiam as informações. Pelos lados do DAEMO surgiu
até a indagação do por que não haver aulas em todas as escolas, se não eram
todas atingidas pelo corte do fornecimento.

Pelos lados da Secretaria de Educação, a explicação
de que não tinham conhecimento de qual a parte da cidade é abastecida pela ETA,
com águas superficiais, e qual seria abastecida pelos vários poços profundos
espalhados pela cidade.

A secretária de Educação, por sua vez, justificava
a reclamação dos pais que afirmavam não ter levado os filhos nas escolas, mesmo
onde não faltava água, porque os funcionários das mesmas teriam se recusado a
receber as crianças, segundo os pais.

De acordo com a secretária, conforme pode ser
constatado em pelo menos um dos avisos distribuídos – veja na foto o comunicado
afixado na porta da creche do Jardim Santa Ifigênia, zona norte – dizia que
levar ou não o filho à escola é optativo.

CARVÃOZINHO DA
CANA

Não bastasse a falta de água e o problema
envolvendo as escolas, outro problema surgiu por volta das 20 horas da
segunda-feira, deixando todo mundo em polvorosa. Uma verdadeira nuvem de
carvãozinho da cana, que aparece em razão das queimadas para o corte manual,
invadiu a cidade.

Uma situação análoga a uma nevasca ou mesmo uma
chuva fina, mas constante, caiu sobre a cidade, levando também a várias
reclamações. Também nesse caso foram pais e mães reclamando do estado de saúde
das crianças que, igual ocorre com idosos, são os que mais sofrem com esse
problema já tão reclamado.

Pior ainda é que, com a falta de água na manhã da
terça-feira, não tinha como limpar os quintais que ficaram “inundados” do
fenômeno causado pela queimada da palha da cana, comandadas pelas usinas
implantadas na microrregião.

"TRANSPARÊNCIA
TOTAL"

Por outro lado, no início da tarde da terça-feira,
a reportagem desta Folha tentou verificar o que estava acontecendo na ETA, que
gerou a interrupção do corte do fornecimento de água. Porém, a falta de
transparência que tem marcado as administrações municipais bateu de cheio e
forte na tentativa.

Por volta das 14h50, um funcionário que atendeu a
reportagem no portão da ETA afirmou que o responsável, um tal de engenheiro
Toni, não havia autorizado que os reservatórios de água fossem fotografados e,
muito menos quis informar qual era a real situação ou pelo uma previsão para a
volta do abastecimento, apenas informando que o serviço ainda não estava
pronto.

Um pouco mais tarde, por volta das 15h20, a
reportagem voltou à ETA e pediu para ao menos fotografar os reservatórios por
fora. A resposta foi a mesma: não. Porém, após nova negativa, as fotos foram
feitas do lado de fora da cerca, porque novamente não autorizaram a entrada do
repórter em um local público.


o diretor do DAEMO, Valter Trindade, informou em uma emissora de rádio que a previsão
inicial era para encerramento dos trabalhos na quarta-feira, mas deixou aberta
uma possibilidade de que fosse completado ainda na tarde da terça-feira.
 

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