13 de abril | 2015

Bispo visita Câmara de Olímpia e diz que políticos não correspondem às expectativas de quem os elegeram

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Da redação e assessoria
(foto: site da Câmara)

Ao visitar a Câmara Municipal de Olímpia na tarde de sexta-feira, dia 10, o bispo diocesano de Barretos, Dom Milton Kenan Júnior, afirmou que depois de eleitos os políticos não correspondem às expectativas dos eleitores, principalmente daqueles que lhes entregaram os votos para se elegerem.

Também frisou que “esse sistema de votar no político, ele representar a sociedade, não tem funcionado, porque sabemos que o político, eleito, sofre pressões e não corresponderá às expectativas de quem o elegeu”. Mas o bispo ainda avisou: “A política é a forma mais sublime de exercer a caridade”.

A frase foi dita pelo Papa Pio XII, repetida pelo bispo aos vereadores olimpienses presentes: Luiz Antônio Moreira Salata, Marco Aurélio Martins Rodrigues, Izabel Cristina Reale Thereza, Paulo Roberto Poleselli de Souza e Hilário Juliano Ruiz de Oliveira.

O bispo conheceu as instalações da Câmara, cumprimentou os vereadores, falou do propósito da Campanha da Fraternidade 2015 e dos desafios de um maior engajamento igreja, políticos e sociedade, diante dos ‘anos difíceis’ que os brasileiros enfrentarão e ‘da corrupção que envergonha a Nação’.

Também estiveram presentes os padres das três paróquias da cidade: José Antônio Quissoto e Carlos Fischer (São João Batista); Frei Nivaldo Pasqualim (Nossa Senhora Aparecida); Ivanaldo Gonçalves de Mendonça (São José); diácono Luiz Fernando; a diretora da ABECAO (Associação Beneficente Cultural e Assistêncial de Olímpia) professora Maria Alice Moreira Salata e o ex-vereador José Elias Morais.

Salata levou o bispo para conhecer todas as dependências da Câmara, a partir de seu gabinete, mostrou a galeria dos ex-presidentes, contando um pouco a história deles; depois levou-o ao plenário, contando também a história do brasão municipal, lembrando o trabalho feito pelo professor e folclorólogo José Sant’anna, e depois, com vereadores, funcionários e convidados, reuniram-se na Sala de Reunião Luiz Salata Neto (seu pai, já falecido, também presidente por duas vezes).

VALORIZAR E COBRAR

“Geralmente se valoriza mais o papel da prefeitura, quando, na verdade, a Câmara também é igualmente importante, e só se caminha bem quando os dois poderes caminham juntos em prol dos projetos comuns aos cidadãos, atendendo as demandas, as necessidades do povo, e transformá-las em políticas públicas”, disse o bispo ao iniciar sua fala aos vereadores.

O bispo lembrou que a Campanha da Fraternidade deste ano “desafia a Igreja e também a sociedade”, com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (frase de Cristo citada pelo apóstolo Marcos). “Ela nos convoca, mais uma vez, para não ficarmos alheios à realidade em que vivemos (ou seja) às necessidades do nosso povo, mas oferecer ajuda”, frisou.

Dom Milton relembrou aos vereadores a importância da ‘presença da Igreja’ em diversas ocasiões em que, posteriormente, se efetivaram mudanças importantes na sociedade brasileira: “É uma presença importante, tais como em papéis que desempenhou e que desempenha até hoje, como as Diretas Já, Constituinte, coleta de assinaturas para o Ficha Limpa, Pastoral da Criança atendendo milhares de crianças, salvando milhares de vidas, além de outros projetos nos últimos anos”.

E, voltou a frisar a Campanha da Fraternidade deste ano: Dentro dessa proposta, a Diocese se propôs a visitar os poderes constituídos das cidades que compõem a sua jurisdição. Já estivemos em Olímpia, Morro Agudo, Jaborandi e Colina. Faltam oito cidades para atender até o final deste semestre, e temos recebido excelentes acolhidas de prefeitos, presidentes de Câmaras e quase a maciça presença dos vereadores. Isso reforça o nosso compromisso, enquanto Igreja, em ajudar os municípios a atender bem a nossa população.

O bispo diocesano reforçou aos parlamentares a necessidade de um trabalho conjunto e de mudanças nas estruturas políticas, econômicas e sociais do País: “Os presságios para 2015 e 2016 não são os melhores. Estamos diante de um ajuste fiscal, esta semana está sendo votada a terceirização da mão de obra em Brasília, por exemplo. São altas de tarifas da energia elétrica, combustíveis e, essa é a primeira fase da elevação de tarifas e impostos”.

Dom Milton, então, questionou: “Como é que vai ficar o nosso povo? Essa realidade está nos incomodando. Já foram fechadas 40 usinas de cana no Estado, uma delas aqui perto, em Catanduva, olha o impacto social que isso causa nas cidades. Como vamos atender o povo, garantir serviços básicos, como alimentos, saúde, e a violência vai crescendo cada vez mais, isso significa que há uma situação bastante preocupante. A violência é um fator para chamar a nossa atenção”.

Mais uma vez, citou a Campanha da Fraternidade deste ano: “Ela nos chama para essa realidade, para os desafios diante de nós, o quadro político-partidário é grave, denúncias de corrupção que envergonham a nossa Nação. Tudo isso exige reflexão e tomada de posição, como Igreja, como políticos”.

O bispo concluiu: “Sabemos que o trabalho de vocês não é fácil, muitas vezes trabalham entre a cruz e a espada, não dá para atender a todos, não é fácil sequer exercer um cargo público, mas é preciso relembrar a todo instante que a política é a forma mais sublime de exercer a caridade, já dizia o Papa Pio XII, a política é a forma mais bonita de exercer a caridade. A missão de vocês, vereadores, é sublime”.

‘ESSE SISTEMA DE VOTO NÃO FUNCIONA’
No debate com os vereadores, o bispo revelou que o seu trabalho frente à Diocese será direcionado para identificar e reforçar ações junto às organizações de interesse social (OSCIPs, ONGs), principalmente católicas, ainda mais quando se avizinha um marco regulatório que poderá, em alguns casos, prejudicar as de menor potencial.

Também frisou que “esse sistema de votar no político, ele representar a sociedade, não tem funcionado, porque sabemos que o político, eleito, sofre pressões e não corresponderá às expectativas de quem o elegeu”. Ele defende “mudanças profundas nessa estrutura democrática, uma reforma política radical, mais representativa, mais participativa, que o cidadão possa participar e fiscalizar”.

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