17 de fevereiro | 2010

Bebe olimpiense recebe coração novo em Rio Preto

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Numa cirurgia inédita em todo o interior do Brasil, realizada na terça-feira, dia 16, o bebe Paulo Cezar Dutra Rocha, de apenas um ano e oito meses, que reside na cidade de Olímpia, recebeu um coração novo depois de quatro meses internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital de Base (HB), de São José do Rio Preto. A cirurgia abre as portas para que crianças com defeito grave no coração façam o transplante na cidade, reconhecida como uma capital regional.

De acordo com a informação divulgada pelo jornal Diário da Região, a cirurgia para o implante do novo coração teve início às sete horas e terminou depois de aproximadamente seis horas e meia. Paulo Cezar sofria de uma doença congênita de nome miocárdio não compactado, uma anomalia que faz o coração ficar grande e perder a força para contrair e bombear o sangue.

Paulo Cezar recebeu o órgão de Gabrielly Alana Pivanti, de 1 ano e três meses. A menina, que morava em Rubinéia, havia sido atropelada no dia 8 de fevereiro em Santa Fé do Sul, quando teve traumatismo craniano. Os sinais de morte cerebral foram confirmados no início da noite da segunda-feira, dia 15, por volta das 18h50.

Segundo o médico que operou o menino, o cirurgião cardiovascular Ulisses Alexandre Croti, chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do HB, o menino estava com o coração cinco vezes maior que o tamanho normal e tinha prioridade na lista de transplante porque já recebia medicamentos na veia para que o órgão continuasse a funcionar.

“O gesto de nobreza da família doadora foi que permitiu o transplante e que a vida de uma criança fosse salva”, afirmou o médico, em entrevista concedida ao jornal. Croti observou que o grande problema em transplantes cardíacos em crianças é a falta de doadores, não apenas na região, mas em todo o País. “Falta conscientização das pessoas sobre a importância da doação”, acrescentou.

CIRURGIA

O médico explica que a cirurgia foi um sucesso e a partir de agora será feito um controle rigoroso da imunossupressão, para evitar que o organismo de Paulo Cezar rejeite o coração transplantado. O bebe, que pesa 11 quilos, permanece na UTI pediátrica e foi desentubado às 16 horas da terça-feira.

A previsão é de que retorne para casa dentro de 15 a 20 dias. Às 17h30, o menino já estava acordado e começaria a ser alimentado às 22 horas. O bebê fará uso de medicamentos o resto da vida para evitar rejeição. O cirurgião disse que se a criança for bem cuidada, terá uma vida próxima ao normal.

“Hoje de manhã estava chorando muito, nervosa. Mas me apeguei com Deus e deu tudo certo”, declarou Giseli Dutra de Oliveira, de 19 anos, mãe do bebe. “É uma emoção muito grande, só tenho a agradecer à família que autorizou a doação e à equipe médica”, reforçou.

Há aproximadamente um ano, Giseli mudou-se para Olímpia com o marido, o cortador de cana Adaildo Dias da Rocha, de 23 anos. O casal veio de Itinga, no Vale do Jequitinhonha, no Estado de Minas Gerais.

DOAÇÃO
Logo que recebeu a notícia da morte da filha Gabrielly, a dona de casa Maristela Aparecida Pivante, 21 anos, resistiu em doar os órgãos da criança. “No começo fiquei um pouco ressabiada. Não queria que mexessem no corpinho dela”, contou.

Porém, Maristela foi convencida pelos próprios familiares e diz que não se arrepende. “Acabei cedendo, porque entendi ser um gesto muito bonito. Me conforta saber que uma parte da minha filha salvou a vida de outro bebê e que o coração dela vai continuar batendo por muitos anos”, comentou. Agora, ela deseja conhecer Paulo Cezar. “Se a família aceitar, queria ver a outra criança”, reforçou.

A menina Gabrielly morreu na segunda-feira, depois de sete dias internada no HB. No dia 8 de fevereiro, ela brincava na rua em frente de casa em Esmeralda, distrito de Rubinéia, quando foi atropelada pelo carro do primo.

Um dos pneus do carro passou por cima da cabeça do bebê. “Ele não viu que a minha filha estava lá. Foi uma fatalidade”, diz Maristela. Gabrielly foi socorrida e levada para o HB, mas não resistiu. O fígado do bebê também foi retirado e levado para a Escola Paulista de Medicina (Unifesp) em São Paulo.

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