31 de janeiro | 2010

Ameaça de médicos expõe fragilidade do corpo clínico da S. Casa

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A partir da nota de esclarecimento divulgada pelo grupo de médicos que presta o serviço de plantão de disponibilidade para a Santa Casa de Olímpia, a fragilidade do corpo clínico do hospital acabou sendo exposta à opinião pública, durante uma entrevista concedida à imprensa local, no final da manhã desta sexta-feira, dia 30, pelo advogado Gilson Eduardo Delgado, contratado pelo grupo de profissionais para bus­car soluções para o problema.

Pelo que se depreende das informações que divulgou para justificar a decisão dos médicos, o quadro do setor de saúde em Olímpia pode ser considerado bem pior do que se imaginava. Quer dizer, não faltam médicos apenas para atender nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Falta também para atender as urgência e emergências que acontecem no único hospital da cidade.

De acordo com a informação do advogado, de 1997 para cá, ou seja, nos últimos 13 anos, a capacidade de reposição de plantonistas com especialidades está sendo reduzida a tal ponto, que, por exemplo, no caso de anes­tesis­ta, sem qual não se realiza uma cirurgia sequer, ter apenas um para atender os hospital.

“Tinha três e hoje tem apenas um. Se por ventura ele tiver um problema de saúde, não como fazer cirurgia de emergência e nem eletiva, a não ser que se traga um outro de fora”, avisou o advogado que alerta para uma situação que considera deveria ser analisada à parte, independente até, das questões de outras especialidades.

Segundo Delgado, também a partir de 1997, a falta de médicos atinge outras especialidades, embora nem todas com tamanho rigor. Na área de ginecologia e obstétrica, por exemplo, ele conta que eram nove médicos e agora apenas três. Para cirurgia geral também o quadro é defasado, ou seja, dos seis que tinha há 13 anos restam dois em atividade e, na área de clinica geral, de quatro sobram apenas dois.

Mas para cada especialidade há uma situação diferenciada. Aparentemente, em tese a pediatria seria a que menos perdeu. Em 1997 eram seis médicos atuando e hoje ainda há cindo. Porém, destes cinco, três já são considerados ‘jubilados’, ou seja, já estão fora da obrigação de prestar esse atendimento. “Esse é o quadro. A questão não é apenas de remuneração. Os médicos não estão apenas preocupados apenas em receber”, disse.

População aumenta

Para qualificar ainda a péssima condição do corpo clínico do hospital, o advogado lembra que “em 1997 tinha, em determinadas especialidades, quatro vezes mais o número de médicos, com uma população de 35 mil a 37 mil habitantes e não tinha ainda, o fluxo de turistas hoje, que são cerca de 1/5 da população atual de Olím­pia. É muito complicado para um médico”.

Mas não são todos os que cons­tam da ação que prestam o plantão de disponibilidade, mas em razão de não estarem escalado. “Alguns têm algumas garantias que não obrigam eles mais a entrar nesse plantão”, explica o advogado.

Delgado explica que há uma condição prevista dentro do corpo clínico que a partir de determinado tempo prestando o serviço, o médico adquire o direito de ficar fora das escalas do chamado plantão à distância, aquele que o médico não permanece no hospital. Isso ocorre a partir de 30 anos de CRM (Conselho Regional de Medicina) ou 25 anos se considerado apenas o período em que atua no corpo clinico. Durante a entrevista, inclusive, ele citou os nomes de nove médicos que se encontram nessa situação.

Por outro lado, nega a existência de atitudes corporativistas que não permitiriam outros médicos virem trabalhara na Santa Casa. “Foram convidados diversos médicos para integrar o corpo clínico, mas eles não querem vir. E os poucos que vieram foram embora porque era desumano”, acrescentou.

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