09 de setembro | 2007

Alterações na língua portuguesa são poucas para aproximar culturas

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 No entendimento do articulista desta Folha e professor universitário, Ivo de Souza, as alterações propostas para alterar a ortografia da língua portuguesa em oito países de quatro continentes, são poucas e até podem ser consideradas insignificantes, quando se fala em aproximação das culturas entre os povos.

"Quanto à aproximação das culturas por "simples" mudanças ortográficas, acho difícil que isso aconteça na prática. O que se propõe é muito pouco e pobre para fim tão grande e nobre", avaliou.

Souza explicou que os objetivos das alterações são a aproximação das culturas dos países que usam oficialmente a língua portuguesa, tornar a ortografia mais simples e a padronização da mesma, sendo este último o objetivo oficial. "No que se refere à simplificação da ortografia e à padronização da língua, considero objetivos plenamente justificáveis e justificados".

As mudanças, explica, dar-se-ão apenas na ortografia, ou seja, na escrita das palavras e referem-se, especificamente, à questão do hífen, do trema, este já foi abolido em grande parte da imprensa brasileira, dos acentos diferenciais, do alfabeto, do acento circunflexo, o chamado "chapeuzinho" (sic), para alguns, do acento agudo em substantivos e formas verbais.

Já em relação ao português "de Portugal", ou português lusitano, desapareceriam o "c" e o "p" de palavras onde essas letras não são sequer pronunciadas como "acção", "acto", "adopção", "óptimo". "Em palavras como "herva" e "húmido", o "h" também seria suprimido. Por outro lado, relativamente voltariam ao alfabeto as letras "K", "W" e "Y".

"Só uma perguntinha: Se o que se quer é simplificar, por que (com força de "lei"?, de acordo) reincorporá-las ao "abecedário"? Temos no alfabeto português letras que substituem à altura as importadas "Q" e "C", "V", "I". É bom lembrar que simplificar significa enxugar e não acrescentar. Tais letras não nos fazem falta alguma", questiona.

O professor é de opinião que a letra "H" deveria ser sumariamente abolida da língua, pois serve apenas como um apêndice nas palavras escritas: "só serve para complicar a escrita que, por si só, já é suficientemente complexa".

Ele justifica que na língua falada, ou seja, na pronúncia, a letra "h" não tem som algum (não soa), diferentemente do inglês onde tem valor fonético definido como no caso das palavras "house" e "home", que o professor faz uma comparação com a palavra "hospital".

"Poderíamos, no português, grafar tanto "hoje" como "oje" sem alterar os sons da palavra – é claro que nesse, e em todos os outros casos da língua, há a questão da gramática histórica, da origem da língua (latim) etc, etc.", exemplificou.

 

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