19 de dezembro | 2011

Alcoolismo matou cinco olimpienses nos últimos três anos

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De acordo com a estatística divulgada nesta semana pelo Ministério da Saúde, o alcoolismo matou cinco olimpienses somente nos últimos três anos. Esses são os casos em que a pessoa desenvolveu a chamada cirrose hepática e não teve chances de passar por um transplante de fígado, única forma de curar definitivamente a doença. A maioria é homem, branco e de meia idade.

Mas além de Olímpia, a situação mostrada preocupa outras nas 12 cidades da região que, no mesmo período registraram 930 internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de doenças que acometem o fígado. Foram registradas 96 mortes, sendo que a maioria em Jales (25), São José do Rio Preto (21), Bebedouro (17), Votuporanga (13) e Barretos (8), que também registraram números expressivos.

Nesses casos, o prazer inicial proporcionado pela bebida transformou-se em vício incontrolável e tirou muito mais que ofereceu à pessoa. Virou doença e terminou da pior maneira possível, ou seja, numa cirrose hepática, o que é comum em 40% dos bebedores exagerados.

Cirrose é uma doença crônica do fígado que se caracteriza por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a circulação sanguínea. Quem escapa do quadro cirrótico, no entanto, não está livre de outras enfermidades.

Pode desenvolver doenças como câncer, gastrite e úlcera e sofrer danos cerebrais irreversíveis, desnutrição, problemas cardíacos e de pressão arterial.  O problema é considerado sério mesmo para quem gosta de beber uma cervejinha diariamente no almoço e no jantar.

Segundo o alerta do gastroenterologista Renato Silva, que falou para o jornal Diário da Região, mesmo “essa quantidade pode causar doenças hepáticas”. O médico, que fundou o serviço de transplante de fígado do Hospital de Base e trabalha no setor, afirma que 20 gramas de cerveja por dia (cada lata tem 13 gramas) são suficientes para abrir portas no organismo para outras doenças.

Mas, por outro lado, o especialista ressalta que cada pessoa, por suas características genéticas, pode responder de maneira diferente ao consumo de álcool.

MORTE RÁPIDA
Silva diz que o doente, após apresentar os primeiros sintomas de cirrose, pode morrer em até dois anos, desde que não abandone o vício. Se fizer o tratamento conforme orientação médica, tem sobrevida de até 12 anos. A única solução para o problema é o transplante de fígado.

Os números mostram que pelo menos metade dos transplantes de fígado realizados no Hospital de Base (HB) de Rio Preto, é motivada pelo consumo excessivo de álcool. De cada 10 procedimentos, três ocorrem exclusivamente por enfermidades alcoólicas e dois por problemas gerados por outras doenças ligadas à bebida.

O setor de transplante de fígado da instituição, criado em 1998, fez desde então 333 transplantes, ou seja, 166 por doenças alcoólicas. Todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No HB há 60 pessoas à espera de um órgão.

“O fígado é fundamental na manutenção do corpo. O álcool lesa todas as estruturas do organismo. A cirrose, por exemplo, não tem cura. O tratamento recupera as complicações, mas em alguns é necessário realizar o transplante”, afirma Renato Silva.

São indicados para transplante pacientes com doença hepática avançada, que sofrem risco de morte ou com qualidade de vida comprometida.  O procedimento é feito porque as doenças, agudas ou crônicas do fígado, não foram vencidas após o esgotamento de todas as possibilidades de tratamento clínico.

O transplante só é feito após o paciente ser submetido a uma complexa bateria de exames, que incluem testes clínicos, laboratoriais e de imagem, acompanhamento psicológico e o mais importante: seis meses sem ingerir uma gota de álcool.


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