18 de outubro | 2015

Uma Olímpia economicamente dividida em duas

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Do Conselho Editorial

A cada dia vai ficando evidente para quem tem bom senso que economicamente a cidade de Olímpia está claramente dividida em duas, uma próspera e outra que naufraga economicamente.

Para quem viveu nos meados dos anos sessenta haverá de se lembrar que a cidade respirava ascensão econômica em dois polos distintos, a área central onde estava localizado o comércio que servia a elite econômica e a região conhecida enquanto domínio do senhor David de Oliveira.

A região que se localizava acima do antigo casarão dos Tonanis onde está instalado o Museu do Folclore reunia prósperos comerciantes que atendiam a população da parte de cima da cidade e moradores de sítios e fazendas que ali aportavam quando vinham à cidade.

Necessário notar que no período a zona rural tinha uma vida mais pulsante que hoje, abrigando colônias, escolas, coisas que o êxodo rural colocou fim.

Aquela região em que o comerciante David de Oliveira tinha seus interesses econômicos até pela sua visão humanista aliado ao seu olhar futurista desprendido dos excessos capitalistas, alma generosa que era, foi cedendo espaços para que a região evoluísse.

Tanto que nos seus terrenos foram instaladas escola, creche, igreja, estabelecimentos comerciais, tais como postos de gasolina, revenda de automóveis, padaria, armazém, bares, beneficiadoras de arroz e café, oficinas, entre outros, formando um circuito comercial respeitado e frequentado por boa parcela da população.

Hoje, muito embora tenha comércios na região, a afluência e a importância daquele setor da cidade não é o mesmo, assim como outros deixaram de ser pontos privilegiados comercialmente passada sua fase e auge do sucesso.

E ai pode-se até, a título de ilustrar o que se pretende transmitir, relembrar os bares, restaurantes, sorveterias, clube, cinema da região central que acabaram cedendo espaço para outros comércios e migraram para a Avenida Aurora Forti Neves.

Hoje, com a descoberta da vocação turística se observa o claro esvaziamento de algumas regiões outrora tidas e havidas de grande valor comercial.

O número de espaços onde deveriam estar instalados comércios disponíveis há tempos para locação e mesmo casas de alto padrão desocupadas, começa a ficar preocupante pois já se pode ter a sensação de abandono e vazio em determinadas regiões centrais.

Este fenômeno não pode ser creditado à crise se for levado em consideração que outras regiões estão avançando a olhos nus e transmitem a ideia de que o desenvolvimento está presente em nível surpreendente para uma economia em queda livre como a brasileira.

Esta falta de sintonia mostra uma equação de visível desequilíbrio que não sustenta o conceito de que a economia local conta com planejamento e estratégias de mercado que visam e contemplam o todo como forma racional de se chegar ao um denominador comum que se pretende.

As evidências apontam para fenômenos isolados que estão dando certo no chute não havendo estudos prévios que os viabilizem e muito menos projeção de que se sustentarão por muito tempo no alto da pirâmide.

Parece que uma fragilidade toma conta dos “experts” locais em economia que fazem do seu capital, cobaias de laboratório e os coloca em risco com experiências isoladas determinadas pelo ego e pela pretensão de serem possuidores de um feeling, de um medidor de pulso da economia que os transformam em mega investidores.

David de Oliveira, comerciante astuto, intuitivo, determinado, construiu um império conduzido pelas suas experiências de vida, sem arredar pé de sua capacidade de interagir socialmente, dispensando parte do seu capital em beneficio do social, e mesmo estas ações, fruto de sua generosidade valorizavam o entorno do universo dos seus interesses.

Era razoável e lúcido demais para o seu tempo, floresceu como não florescem mais os empresários de hoje, contaminados pelo excesso de individualismos, sem preocupações de ordem social e só pensando em si e no deus mercado, vendem sua alma ao diabo e terminam invariavelmente no purgatório espiando pecados determinados pelos simplismos de conceitos econômicos obsoletos e ultrapassados.

Muitos investiram em zona que imaginavam de extremo conforto e de retorno breve, e ao que tudo indica serão tocados pelo insucesso provocado pela ganância das especulações imobiliárias, a menos que ocorra algum milagre que faça que seja ocupada com brevidade a zona fantasma que se está criando na cidade turística que está dividida em dois polos, um que cresce e outro que parece que fenece. 

 

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