27 de fevereiro | 2022
Uma menina-moça que envelheceu e não sabe ser estância para todos, mas apenas para poucos
“Olímpia, terra de coronéis, gerou seus filhos com resquícios ditatoriais e com síndrome de soberbia, quase complexo de Deus. Uma sociedade falida moralmente, que não conseguiu compreender que o mundo carece de conceitos humanitários e de atitudes baseadas no amor. Os descendentes ditadores aguardam que as coisas aconteçam em seu benefício apenas por serem ungidos, ou bonitos, ou componentes de uma raça pura dominante. É chegada a hora de despir as fantasias do passado, esta falsa moral, e entender que é mais que necessário reconhecer que, mais uma vez pode se estar deixando o trem da história passar por não conseguir compreender que o próximo é muito mais próximo que se imagina e que o termo sociedade (inclui todos os seus moradores) tem que ser levado a sério”.
Mestre Baba Zen Aranes.
… chega, na quarta-feira, aos seus 119 anos, muito mais que centenária, vivendo, talvez, um de seus momentos mais cruciais, consequência de uma educação conservadora e preconceituosa, onde se destacam, principalmente o racismo e o complexo do coronelismo, ou síndrome da soberbia e, principalmente a falta de empatia.
ESSAS CARACTERÍSTICAS, …
… levam grande parte dos seres que aqui foram educados a acharem que são ungidos, que tudo podem, sempre o próximo é passível de ser subjugado a realizar seus desejos, simplesmente por ser o que é, o coronel, o ditador, aquele que tem que ser respeitado e seguido sempre.
NO ENTANTO, …
… há séculos o mundo tomou caminhos diferentes. Surgiram fatores de integração e preocupações com o chamado Bem Estar Social, mas “nosotros”, descendentes da casta migrante que aqui aportou e construiu seus pequenos feudos, continuamos a viver o mundo surreal em que somos todos poderosos e que o resto da humanidade é composto por escravos e lacaios servis.
TRATAMOS …
… mal nossos semelhantes. Não sabemos nem receber com cortesia nossos milhões de visitantes. Vivemos sempre querendo levar vantagem e tirar o que for possível do nosso próximo. Aliás, mesmo sendo vizinho, o próximo nunca está próximo. É outro. Que se dane.
FALTA TRATAMENTO …
… humanitário em todos os setores, do comércio aos atendentes do serviço público. Mas, principalmente falta capacidade de reflexão que ajuda na tomada das melhores decisões. Somos maus gestores. Somos péssimos administradores da nossa própria vida.
MAS, A FALTA …
… de capacidade de enxergar a realidade está chegando a tal ponto que podemos estar entrando na pior das fases de nossa Olímpia que já foi cidade menina-moça, depois capital do folclore e hoje estância turística para alguns e não para toda a sociedade.
TALVEZ …
… tenhamos conseguido conservar a essência do folclore em nossas veias, pois as meninas-moças envelheceram e o turismo é um sonho que a maioria da população ainda não conseguiu acreditar que se tornou realidade, pelo menos para os seus.
DO FOLCLORE …
… continuamos achando que nossas vidas são semelhantes às lendas e contos registrados por Sant’anna em suas dezenas de revistas sobre nossas raízes.
OS SACIS …
… Curupiras, Botos e outros mitos, pululam por nossas ruas, por onde transitam os espertos que vivem de enganar, enganar, enganar e enganar, assim como os laranjas que emprestam o nome em troca da sobrevivência vil, além da grande massa de enganados que sobrevive das migalhas que pisoteamos com nossas botas de coronéis.
OCORRE, …
… assim como no passado quando nossos pais não souberam conservar as conquistas de nossos avós que, mesmo com seus métodos ultrapassados e imorais, tentavam construir um futuro melhor para nós, hoje, dentro desta passividade e incompetência reflexiva, estamos perdendo a oportunidade de construir uma cidade digna, aproveitando as chances que mais uma vez passam à nossa frente e não estamos sabendo nem avaliar e nem encaminhá-las para o patamar salutar da chamada igualdade de oportunidades.
MAS, O QUE …
… choca é que justamente o atraso moral e de conhecimento, a incapacidade de lidar com o próximo, estejam sendo o principal problema a ser enfrentado. Temos a oportunidade de construir uma cidade do futuro agora e não estamos conseguindo, pois ainda vivemos e pensamos como se estivéssemos vivendo nos tempos das cavernas.
José Salamargo … com a sensação de impotência diante de situações passíveis de se resolver, diante de um quadro possível de se reverter e com medo de ter que viver em uma cidade fantasma (a parte que não é a do turismo), pois mesmo sendo o último, não a sair mas a ficar, mesmo sem luz, é aqui que continuarei a morar. Beijos, minha Olímpia querida.
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