30 de dezembro | 2023

Um ano de muita violência, que o próximo seja de paz

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“Que 2024 traga a compreensão de que o belicismo e o conflito não produzem a paz e a alegria e nem envolvem em esperança a humanidade”.

 

Do Conselho Editorial

A página virtual do UOL divulgou matéria dando conta de que o mundo teve, em 2023, um dos anos mais violentos desde a Segunda Guerra Mundial. O número de mortes em 2023 só foi superado pelos registrados na Guerra da Coreia, em 1950, e no genocídio em Ruanda, em 1994.

De acordo com a matéria, o mundo vive uma epidemia de guerras e que 2023 se tornou o ano de violência mais disseminada no planeta desde o confronto mundial, em 1945.

Um ponto da matéria aborda a proliferação de conflitos com atores não estatais, grupos armados que controlam a vida de milhões de pessoas.

No Brasil, chama a atenção a espiral de violência associada ao narcotráfico e ao crime organizado, fazendo com que o país ocupe o terceiro lugar no mundo em eventos violentos e o sexto em mortes, sendo campeão com quase 50 mil mortes por ano, somando a violência urbana.

No conjunto, a guerra desenvolvida no campo, invasão de terra indígena, garimpo clandestino, devastação de florestas, milícias se estendendo por todos os estados, guerra por domínio de territórios tanto pelas milícias quanto pelo narcotráfico, somadas à violência policial, fornece ao país um conjunto bastante trágico da situação a ser combatida.

Não vê quem não quer que a situação está começando a fugir do controle, que o poder estatal está a um ponto de não ter mais autoridade para impor que normas civilizatórias e o império da lei sejam respeitados. O que há de muito relevante nesta situação é que, mesmo estando à beira do caos, na borda do precipício moral e ético, com um crescente vertiginoso da violência nas ruas, cresce conjuntamente o número dos que apoiam e aprovam a violência.

A linguagem das redes sociais, que é onde a maioria tem vez e voz, mostra que o número de adeptos de se fazer “justiça” com as próprias mãos é razoavelmente grande.

Há os que defendem a violência como forma de solução de conflitos por desacreditar na presença do aparato estatal para garantia de sua segurança.

Há também, e não são poucos, os que apostam na desorganização total da sociedade, na destruição das instituições para lucrar, tirar proveito da ausência estatal para dominar territórios e impor serviços de transportes clandestinos, venda de gás, água, luz, telefonia, drogas.

Para invadir terras do estado, aldeias indígenas, queimar florestas para transformar em pastos, comerciar ilegalmente madeiras, destruir rios com o garimpo ilegal e em tudo impor pela força das armas e da morte o posicionamento bárbaro e cruel de um estado paralelo.

Os que, de boa fé, creem que esta violência pode traduzir em segurança para si, dia menos dia serão arrastados à avalanche que este estado de violência produz, impossível que possa ser diferente.

Os que, nos morros do Rio, lá atrás, acreditaram que as milícias iriam acabar com os bandidos e que iriam ter paz, hoje estão prisioneiros em suas próprias casas, sendo explorados pela bandidagem miliciana e correndo o risco de serem vítimas da violência dos milicianos, da polícia e das balas perdidas.

Motivo mais que suficiente para que em 2024 se forme uma corrente positiva em favor do mundo e da vida para conscientizar que a guerra e a violência não produzem nada de positivo, só destroem.

A lógica da existência não se traduz melhor na destruição, na eliminação da vida. A lógica da vida se dá na ideia do nascer e renascer infinitamente, do se construir, do se aprimorar, se aperfeiçoar e a perfeição é algo que não se alcança com fuzis apontados para o semelhante, visto que o outro se assemelha a quem aponta a arma e sofre e ama de forma igual a todos que odeiam e amam mundo afora.

Mais de almas bem-aventuradas que armas armadas é o que o universo precisa.

Que 2024 traga a compreensão de que o belicismo e o conflito não produzem a paz e a alegria e nem envolvem em esperança a humanidade.

Feliz Ano Novo a todos.

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