14 de agosto | 2016

Onde está o Festival do Folclore que se fazia aqui?

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COMO FAZER …

… melhor, em áreas ou setores para os quais não fomos preparados, não temos formação e nem disposição de aprender? Estamos ali apenas para cumprir determinação, ou mesmo para fingir que cumprimos, eis que amigos do rei?

SÃO CONSIDERAÇÕES …

… pertinentes que fazemos por exemplo, quando nos incumbem de alguma tarefa da qual não entendemos “necas de pitibiribas”, ou seja, nada de nada e também não temos a mínima intenção de procurar saber, seja por preguiça mental (o que hoje é uma pandemia), ou pelo tema, não nos interessar de maneira alguma.

NUM PAÍS …

… em que beira os 90% o índice de iletrados, ou seja, daqueles que além de não saberem ler e interpretar um texto, não têm o mínimo de interesse em “perder tempo” em refletir para adquirir o conhecimento; mas que a grande maioria deste percentual se considera o melhor do mundo e em condições de julgar o parente, o vizinho, e qualquer outro, apenas por aquilo que a sua educação colocou em sua cabeça (como se fosse um computador programado) e nunca questionou e nem quer questionar; e que o neoliberalismo decadente, teima em privilegiar o lucro e se distanciar da qualidade e do capital humano, quase sempre o que se verifica são pessoas sem competência comandando ou tentando viabilizar projetos para os quais jamais teriam condições de se comprometer, mas que ali estão por causas mil, menos a mais importante que seria a de ter conhecimento sobre o tema ou sobre a área.

O GRANDE ZÉ,…

… dentro de seu romantismo exacerbado, de seu coração de menino, do seu jeito de criança que preferia aceitar tudo do que enfrentar e vencer os próprios debates, respirava, comia, dormia folclore. Era respeitado mundialmente por isso. Mas como ser humano era uma criança medrosa que se sujeitava a situações que este colunista não se conformava e, muitas vezes, assumia como suas a defesa do mestre.

QUANTAS VEZES…

… reunidos no quintal, conversas mil, viagens pela imaginação, discussões em Francês com o outro amigo, o suíço Rolf Sandymeir, “eita” língua sonora, melodiosa, sonoridade maravilhosa. Mas na língua mãe se falava de tudo. Das traições, das “trairagens”, de seus devaneios, do futuro… ah… esse era o grande tabu.

AS RESPOSTAS …

… sempre era evasivas. Pois se com ele as coisas já eram difíceis, pois realmente é difícil ensinar aos outros que se não refletirmos, não pensarmos, ou não pesquisarmos sobre tudo antes de fazer ou debater, jamais sairemos do estado robotizado imposto pela nossa educação, como fazer toda uma população ou quem quer que seja entender um objetivo tão maluco como o que ele defendia e que hoje está comprovado ser até simples.

MESTRE ZÉ …

… não deixou substituto, acreditava que seus vários colaboradores, cada um em sua área, iriam dar conta do recado por muitos anos. Mas, se esqueceu do principal: não usou sua didática para criar seguidores e nem pessoas que pudessem entender e propagar que não era possível manter um festival cultural da mesma forma que se mantém espetáculos e shows de festa de peão.

ELE QUASE …

… surtava quando ouvia pessoas próximas compararem o Fefol com a Festa do Peão de Barretos. Uma coisa é uma coisa outra coisa e outra coisa. E ninguém entendia e nem procurava entender. Queriam o espetáculo.

E ELE TEVE …

… que engolir na marra, desfiles de carros alegóricos, barracas de quermesse com sons altos que atrapalhavam as apresentações; grupos parafolclóricos com moças de bundas belas; e até alguns shows que entendia não ter nada a ver com cultura popular, mas que os cabeças pensantes de governantes das várias épocas impunham-no goela abaixo.

“AINDA BEM” …

… que não chegou a ver exilarem o Curupira, por outro mito, o religioso, em 2001, pelo então prefeito Carneiro, ao que se dizia, à época, levado pelos evangélicos. Morreu em 8 de janeiro de 1999.

MAS SENTIU …

… na pele que os interesses pessoais eram a grande mácula deste povo que é resultado do cruzamento de exilados portugueses, com negros, índios e outras raças e renega as próprias origens.

PECOU …

… por não conseguir evitar que os interesseiros utilizassem de sua bandeira para poder se locupletar. E, também, por não criar em seus seguidores o principal: o conhecimento sobre o festival, seus objetivos, o porquê de ter alcançado tanto sucesso.

AÍ COMEÇARAM, …

… a surgir os curiosos. Os “entendidos” que achavam que era preciso estilizar, modernizar o folclore. Parece que ninguém nunca o viu falando sobre o Festival. Parece que nem aqueles em cujas casas vagava em seus momentos de solidão (morava sozinho) o entenderam.

NÃO DÁ PRA …

… colocar glamour, ou vestir o caiapó com plumas e paetês. Vestir a bugrinha de cetim rosa choque. Ou mesmo colocar um robô para fazer o papel de palhaço na Folia de Reis.

MESTRE ZÉ …

… não precisava divulgar o festival na TV, nos grandes jornais, ou na mesma mídia que a Festa do Peão de Barretos. Seu público era outro. A cidade ficava lotada de estudantes de todo o país (grande parte universitários), que vinham para Olímpia, para ver não o violino Stradivarius dos europeus, mas a viola primitiva, os instrumentos rústicos, as fantasias feitas pelos próprios membros dos folguedos, os negrões e negronas das congadas que não se vê em lugar nenhum, que estão em extinção. Não as belas bundas e belas coxas universitárias que estudaram estes mesmos folguedos (grupos folclóricos) e que contam suas histórias, mostram suas danças, também fazem arte, mas não representam diretamente o fato folclórico, estilizam o elemento folclórico como matéria prima de representação que pode usar a estilização, mas não são elementos transmissores diretos da tradição, da cultura cantada, entoada ou representada. Por isso mestre os tinha como parafolclóricos. Aqueles que estudavam o folclore.

ZÉ TRABALHAVA …

… pela preservação do autêntico até para que estes estudantes tivessem o que estudar. Tivessem a oportunidade de ter o contato direto com o folguedo. Por isso prezava e lutava tanto pela manutenção de sua festa. Era para ter um palco para que estes negrões vestidos de capim e com seus instrumentos rudes pudessem se apresentar todos os anos. Como os componentes do Batalhão de Bacamarteiros que aqui vieram por mais de 50 anos e ficaram de fora deste festival. O resto era consequência.

MAS …

… seus próprios seguidores e a maioria dos governantes que aqui passaram, assim não entendiam. Queriam o espetáculo, o público de festa de peão e este nunca teve e nunca se terá em uma festa cultural. Festa cultural é para quem gosta de cultura e não para se drogar, prostituir ou apenas se divertir. Festa cultural causa emoção por reviver as raízes, pelo que cada fantasia, cada passo da dança, cada música, cada instrumento representa e não por falar de bunda, de sexo ou seja lá o que for.

UMA COISA …

… é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Festa de Peão é Festa de Peão. Festa cultural é festa cultural. Mas como se fazer entender para uma população de quase 90% de iletrados? Eis a questão. E o que é pior, sempre tendo no comando e fingindo que estão trabalhando dezenas de cupinchas de quem está no poder.

MESTRE ENVIAVA …

… cartazes para todo o Brasil, convites para a maioria das prefeituras e escolas do país, enfim, divulgava a festa no circuito cultural. E a cidade ficava cheia de excursões de todos os cantos do País, de estudantes que vinham ver os negrões no único palco que existia para reunir um grande número de grupos autênticos em extinção e não os chamados para (parafolclóricos) que existem aos montes.

HOJE, A ARENA …

… fica vazia, pois querem transformar uma festa cultural em festa do peão. Por que querem trazer as meninas bonitas, as plumas e os paetês, os instrumentos musicais de último tipo e são obrigados a manter os folguedos (os grupos autênticos), talvez por insistência deste último reduto de sir Zé, o cavaleiro andante.

ACONTECE …

… que mesmo o parafolclore, sendo espetáculo, também é cultural e não tem condições de concorrer com as duplas sertanejas e cantores famosos das Festas do Peão. E no circuito cultural não chamam tanto a atenção quanto os folguedos, os grupos autênticos.

A QUESTÃO …

… é uma só. Tem que dar a Cesar o que é de Cesar e não tentar parecer que se está dando para Cesar. E uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

VIXE! …

… embananou tudo. Na verdade, organizado da forma em que está, comandado por quem não entende muita coisa sobre a realização do Festival, é melhor fazer festa do peão do que ficar fingindo que faz Festival de Folclore é apenas para grego ver.

ALIÁS, …

… se Carneiro conseguiu iniciar com a derrocada do Festival, exilando, degolando, ou matando o Curupira por questões politiqueiras, Eugênio, em seus já quase oito anos de mandato conseguiu levar o Fefol para o fundo do poço, pois inaugurou a fase do fingir que faz, o Festival Virtual, igual a cidade maravilhosa que insiste em dizer que existe e que o que está errado é o Festival e não a forma e o que está sendo feito.

GENTE, ALIÁS …

… o nosso Museu também está uma vergonha. O prédio está em ruínas. Embora pareça ter pintura conservada, os sinais de deterioração são presentes até na Maria Fumaça.

José Salamargo, incon­for­­­mado com o governo virtual que está chegando ao fim e que conseguiu também criar o Fefol Virtual e o Museu Virtual. Parabéns, Eugênio virtual!

 
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