27 de agosto | 2017

Nova secretaria ou mais do mesmo?

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Do Conselho Editorial

A recriação da secretaria de Agricultura, que estava ligada ao Turismo, pelo atual governo municipal, gostem ou não os adeptos de todos os governos que os beneficiem, não passa de uma prova mais do que inconteste do fisiologismo reinante na política local desde sempre.

É uma acomodação política sem pé nem cabeça.

Se confirmadas nas especulações do nome do que era suplente a vereador para o cargo, esta vergonhosa, velha e abominável prática estará mais que confirmada, sacramentada.

Confirmada estava quan­do se arrastou o suplente para o cargo de secretário de Turismo. Não sendo do conhecimento público sua intimidade com o setor, evidente que sua nomeação se dava pelas razões de sempre, as que deveriam ser abolidas da política por tão vergonhosas e vulgares que são.

Acomodá-lo em um uma secretaria em que nunca se ouviu falar de seu comprometimento com o setor, ou de sua habilidade para lidar com questões que lidam com importante contribuição com a economia local é no mínimo de uma irres­ponsabilidade gigantesca.

Se o mesmo não apitava coisa alguma na condição de suplente, e se lá estava para pagamento de promessa de campanha, a ida para a Secretaria de Turismo passou a sensação de ser apenas prêmio de consolação para manutenção de salário ou emprego.

O deslocamento para a Secretaria de Agricultura, como se cogita nos bastidores, comprovará o que há de mais condenável na política brasileira.

Impossível que alguém com tão pouca vivência política, intimidade zero com os bastidores e discurso circular e sem muita racionalidade, demonstrado das tribunas ocupadas, possa conduzir com êxito tarefa que exige conhecimentos técnicos, afinidade, ou prática na área.

Não consta que sua biografia, em termos de agricultura, vá além das abobrinhas que se esforça para cativar o público que geralmente se enfadonha pela repetição do discurso da vaidade e dos excessos de lugares comuns.

Sua passagem pelo Turismo foi tão opaca quanto seria sua passagem pela Câmara não fosse o excesso de populismo e exagero na entrega de medalhas e títulos que nada produzem de real e positivo na melho­ria de qualidade de vida da população, ou em sua noção do que deve ser o mandato de legislador.

Pode, no máximo, trazer votos a quem dispensou dinheiro público para homenagens, o que, em tese, nada mais comprova que o uso das prerrogativas do mandato para promoção pessoal. Nada ilegal, porém imoral e antigo já que remonta a prática comum no período imperial.

Estas nada recomendadas e ultrapassadas intervenções públicas, que já deveriam estar em desuso, não deveriam ser suficientes para habilitar alguém para comandar setor que gera renda e empregos, assim como a simples participação na campanha eleitoral não deveria ser instrumento a legitimar a condenável e abominável prática coronelista da acomodação de cabos eleitorais ou não eleitos.

É uma vergonha que vereadores eleitos se prestem a assumir secretarias para dar espaço a pagamentos de promessas de campanha, assim como é vergonhoso que pessoas que não tenha vínculo algum com as necessidades de determinada categoria profissional ou segmento se torne responsável por conduzir as políticas públicas e demandas que se relacionem com o segmento.

Evidente que a tendência é que não dê certo, co­mo a maioria das coisas costuma não dar certo no Brasil, e os motivos são sempre muito claros, escalam para cuidar daquilo que desconhecem aqueles que por amizade, divida, apa­drinha­mento, indicação, estejam comprometidos com a prática que destroçou a nação e deixou totalmente desacreditada a classe política.

Não era pra menos, afinal nunca poderá dar certo o que começou errado e o governo municipal por ma­is que se esforce em desejar demonstrar que é diferente dos que o antecederam, já praticou várias ações que vão demonstrando que pode ser tão igual quanto os governan­tes que explicita ou implicitamente parece demonstrar que condena.

 

 
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