04 de maio | 2014

Existe Câmara, existem vereadores?

Compartilhe:

Do Conselho Editorial

Eis uma pergunta que todos os habitantes desta urbe deveria se fazer de vez em quando, se existe Câmara e se existem vereadores, tamanho o desconforto causado pela submissão do Legislativo local em relação ao Executivo, que a sensação que passa a alguns é de que não existe nem uma coisa e nem outra.

Que o prédio na Aurora Forti Neves é uma ilusão de ótica, e que os pretensos vereadores são figuras de contos de fadas que não existem na realidade.

É simplesmente chocante que as coisas estejam acontecendo da forma como acontecem e o Legis­la­tivo que deveria ser caixa de ressonância da sociedade esteja tão silente e tão omisso em relação a tudo.

Falar que esta é a pior representação dos últimos cem anos na cidade chega a soar como elogio se considerado o pretenso esforço que os que deveriam legislar parece que desenvolvem para demonstrar que merecem o título de doutores do ócio que lhes confere parte da sociedade.

Lógico que em uma ou outra votação desperta como Drácula de um sono de milênios um ou outro ávido por sangue da população que sangra em via pública por falta de alguém que os ampare na sua busca por justiça, por direitos.

O custo de nossa Câmara Municipal entre despesas e encargos passa da casa do milhão e tamanha despesa em nada justifica a sensação de inutilidade que a população tem em relação a sua presença fantasmagórica na paisagem de abandono que se transformou o governo de Eugênio José Zuliani.

Bem a frente da casa legislativa passa o ribeirão Olhos D’água, outrora poluído rio que agora observa a volta de vida as suas águas, o quarteirão acima e o quarteirão logo abaixo da Câmara, por onde se presume deve passar aqueles a quem se convencionou chamar de vereadores, o rio começou a formar outro leito onde deveria ser o canal de contenção para prevenir enchentes.

Gastou se uma fortuna para construir a calha do rio e a terra trazida pelas chuvas, enchentes, está destruindo o trabalho e, o que é pior, possibilitando que nas cheias, naquela região, o rio saia da calha e invada a avenida por conta da quantidade de terra que já domina o leito.

Os vereadores, alheios a tudo, discutem se pode se pescar naquele trecho, ou instituem pistas inúteis para ciclistas no circuito que termina exatamente em frente à pior representação legislativa dos últimos cem anos.

Pista que por sinal, é fechada todo final de semana com cones, ao que tudo indica, para não receber uma viva alma, sentada no selim de uma bicicleta.

Idéia tão inútil como a maioria das discussões que preenchem o espaço desnecessário de uma casa de leis cuja maior função é dar comendas, conferir títulos desde a deputados procurados pela Inter­pol a participantes da Máfia do Asfalto.

O principal passa longe, exemplo, o próprio escândalo da Máfia do asfalto que respinga no poder local e atinge de morte a administração de Eugênio José, ou a apuração de possível enriquecimento ilícito do secretário Cleber Cizoto, que ninguém dá um pio naquela casa ou fala sobre.

Sem contar que a Saúde local que deveria ser chamada de “Saúde do caos” conseguiu uma proeza inédita, trouxe quatro (4) médicas cubanas para atender na rede pública que não tem nem remédio de pressão nos estoques.

Portanto, a população terá médicos para consultar e não terá remédios para se tratar, e os vereadores, se é que merecem ser chamados de vereadores, não esboçam reação nenhuma a esta situação de verdadeiro abandono da saúde pública.

Falar da UPA e seu atendimento precário seria brincadeira de mau gosto, já falar que algum vereador, se é que há algum vereador, algum dia tentou levantar esta questão no plenário de uma das Câmaras mais caras e improdutivas deste país, ai seria tentar achar agulha no palheiro.

Como se comportam como se fossem empregados do executivo talvez entendam que discutir o que está claro e evidente para a maioria, seria como reconhecer a incapacidade flagrante do que parece está indiretamente mandando nos que deveriam estar a serviço do povo e não estão.

Só uma coisa faz com que a Câmara e os adormecidos vereadores estejam vivos e presentes na memória da população, o abusivo aumento do IPTU que chancelado pela maioria faz com que indignados cidadãos ocupem aquele ocioso espaço para demonstrar sua revolta em relação a submissão e alheamento dos que deveriam estar ao lado do povo, mais parecem demonstrar que não estão nem ai pra nada que não traga benefícios para eles.

O aumento do IPTU, ao que tudo indica, trouxe prejuízos, merecidos a imagem destes acomodados, principalmente se observarmos que a pior representação de todos os tempos desta cidade, está tão ocupada consigo e com seu umbigo que é incapaz até de olhar a margem do rio que passa diante dos seus olhos.

E se a Câmara algum dia, antes do final do mandato desta gente, for carregada pelas águas bravias do rio, elas também, indignadas, com a falta de noção desta gente, e arrastar pelo mundo afora o prédio que hoje abriga tanta ociosidade e falta de compreensão da sociedade, é possível que ninguém perceba sua falta por conta do pouco que tem representado os anseios populares.

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas