Um dos grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal (PF), com autorização judicial, mostra que o olimpiense Humberto Ton­na­ni Neto (foto), vulgo Betão, funcionário do Grupo Scamatti, pelo menos tentava aplicar golpes com as propinas destinadas a prefeitos. Um dos acusados de participar da chamada Máfia do Asfalto, ele teria orientado a colega a usar a artimanha para conseguir mais rapidamente a liberação de verbas das obras feitas pelo grupo Sca­matti.

Nas interceptações, ele orienta ao colega a prometer propina de R$ 50 mil a um prefeito da região, sendo que o valor jamais seria entregue, já que quando o prefeito fosse receber o valor eles simulariam uma ação policial.

“É pra falar pra ele (prefeito) que tem reservado cinquentinha na hora que esse dinheiro cair na conta. E aí deixa ele vir cobrar porque aí leva ele na polícia”, afirmou. A fala aparece numa gravação feita no dia 21 de dezembro do ano passado, às 11hs01, quando um rapaz identificado apenas por Flávio estava na Prefeitura de Ubarana aguardando a liberação de dinheiro. 

“Humberto diz que se sentir que ele (prefeito) está apertando e quer pegar dinheiro é pra falar pra ele que tem cinquentinha assim que o dinheiro cair na conta… o dinheiro tá na conta você pode mandar alguém ir lá e quando o cara ir lá eles falam que é polícia, tá preso”, consta em trecho da denúncia formulada pelo Ministério Público Federal (MPF).

Ao ouvir a dica de golpe contra o prefeito, o rapaz identificado apenas como Flávio dá risada. Humberto “diz que é verdade, é o que ele está fazendo”. Humberto menciona que o dinheiro seria liberado sem maiores dificuldades, já que estaria no setor de Planejamento do próprio município.

De acordo com o sistema do Tribunal de Contas do Estado (TCE), no segundo semestre do ano passado a Demop e a empresa Scamatti & Seller fizeram ao menos seis obras em Ubarana. Segundo dados do Tribunal, o valor foi de aproximadamente R$ 1 milhão em obras de recapeamento asfál­tico e construção de redes de água e esgoto.

As gravações feitas pela PF fazem parte da operação Fratelli – força-tarefa feita em parceria com o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e o Ministério Público Federal (MPF) – com o objetivo de desmantelar esquema de fraudes em licitações em 78 prefeituras do Noroeste Paulista. Em abril foram apreendidos documentos, computadores e outros tipos de mídias nas prefeituras com o objetivo de comprovar a irregularidade.