28 de agosto | 2022

… E Por Falar Em…Ressurgimento do Folclore

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A.Baiochi Netto

Lá nas alturas, onde possa se encontrar, o professor Sant’Anna, criador do Festival do Folclore de Olímpia, prematuramente falecido em janeiro de 1999, certamente abriu o seu melhor sorriso ante o sucesso do festival neste ano. Sucesso alcançado não só pelo esplendor da festa, seguindo parte do roteiro original de sua criação, como também pela forma como a cidade e a comunidade se integraram ao festivo evento deste ano.

De se reconhecer que no decorrer dos anos, após o desaparecimento do professor, muitos dos roteiros e das práticas do FEFOL imaginados por Sant’Anna vieram perdendo seu ímpeto inicial ou sua continuidade, mas o forte, a essência do festival, que está na reunião e apresentação de grupos folclóricos de todo Brasil, vem sendo mantido, e tudo leva a crer que assim continuará.

Das práticas originais, algumas delas já haviam desaparecido ainda ao tempo do professor, provocando sempre sentidos dissabores para seu criador. Lembro, a propósito, o caso da também saudosa Inezita Barroso.

Era amiga pessoal de Sant’Anna e sempre participou, com suas apresentações musicais, dos festivais em seus primeiros anos, mediante o pagamento de generosos cachês.

Até que em determinada gestão, o Prefeito da época deixou de fazer o pagamento na data aprazada pelo contrato. Inezita passou a cobrar o que lhe era devido diretamente do professor, o qual combinava sobre suas presenças em Olímpia.

O prolongamento do atraso do pagamento, que afinal chegou a ser realizado após meses de cobrança, levou a um estremecimento entre a cantora e o professor, e a amizade entre ambos nunca mais foi a mesma.

Lembro-me, ainda, da parte “intelectual” do FEFOL, com a presença de estudiosos do folclore e sociólogos, que aqui vinham para a realização de seminários e estudos, tendo o folclore nacional como tema.

Confidenciou-me Sant’Anna, certo dia, que alguns desses intelectuais da capital haviam sugerido e solicitado ao professor que fossem mantidos apenas os eventos intelectuais do FEFOL, por considerarem que o exibicionismo público dos grupos folclóricos para aqui transportados acabaria por comprometer a espontaneidade e a naturalidade de seus folguedos, desvirtuando suas raízes folclóricas de origem. Sant’Anna resistiu, insistindo em sua tese de que o prestígio dado pelo FEFOL aos grupos folclóricos vinha contribuindo para evitar a extinção desses grupos e desses folguedos. Houve o rompimento e os seminários socioculturais do festival deixaram de ser realizados ante a discordância dos intelectuais contrários à tese do professor.

O importante, porém, é que o FEFOL vem sendo mantido. E a grata satisfação pelo sucesso deste ano é reforçada pela constatação de que o FEFOL encontrou uma nova coordenadora, qual seja, a Vereadora Guegué, que, reconhecidamente, vem de se desincumbir dessa função com muita eficiência e capacidade.

Alfredo Baiochi Netto é advogado especialista em direito administrativo e tributário.

 

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