17 de abril | 2023

Do Gabinete do ódio brotam seres do subsolo

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“Algum dia e este dia haverá, começará a sentir desprezo por si mesmo, por ter-se enganado conscientemente”.

 

Do Conselho Editorial

Quem teve a oportunidade de ler o “Diário do subsolo” de Fiódor Dostoiévski perceberá com enorme facilidade que brota dos subterrâneos uma subespécie imoral, antiética, desprovida de princípios que, embora viva praticando o mal, se rotula como “cidadão de bem”.

Esta gentalha doente, má, sem atrativos, detestável, nojenta, cruel, grosseira, desinformada, demonstra prazer em se mostrar à sociedade de maneira infame, como se fora um inseto e no período mais grave da pandemia negava o Covid, a doença, e ainda fazia pilhéria da mesma.

Cães raivosos, possuidores da pior canalhice, que louvam o ódio mais intenso e não se envergonham de demonstrá-lo publicamente de forma enfurecida.

Por se odiarem, odeiam o mundo e tudo quanto pode se transformar ou se traduzir em felicidade para o semelhante.

São cruéis por não se conformarem em se não ser nada que não seja maldade.

Se afastam do belo e do sublime, atacam a ciência, a cultura, a educação, são pessoas rancorosas e inúteis para contribuir com o processo civilizatório; se vendem como se heróis fossem quando nem honrados conseguem ser.

Mesmo se ainda restasse tempo e fé para se transformar em algo diferente, em algo melhor, resistem, demonstram que não desejam se evoluir; e, se desejassem, imagina-se que ainda assim não fariam nada, porque talvez não houvesse no que se transformar.

Se julga mais inteligente do que todos os que o rodeiam mesmo sendo um rato de consciência intensificada, que seja, mas de qualquer forma um rato; porém, tem-se aí também um homem e, consequentemente, tudo o mais.

E o principal é que é ele mesmo que se considera ou se comporta como um rato; ninguém lhe pede que o faça; esse é um ponto importante.

Ao dar uma olhada no rato em ação, supõe-se,por exemplo, que ele se sinta também ofendido (e quase sempre se sente) e que também deseje se vingar, que é de vinganças que se nutre, da acumulação de ódio que sobrevive.

Coloca tudo a serviço da “vontadezinha repugnante”, vil, de causar ao que imagina ofensor um mal equivalente à ofensa recebida, talvez fique corroendo por dentro dele mais do que o ser humano natural e verdadeiro, porque este, com sua estupidez inata, acha que sua vingança é simplesmente justiça.

O infeliz rato, além da sujeira moral em que sustenta sua estupidez, já conseguiu mergulhar em um monte de outras sujeiras na forma de perguntas e dúvidas; a uma única questão acrescentou tantas outras não respondidas que, independentemente de sua vontade, vai juntando-se ao seu redor uma gosma repugnante e fatal, uma lama fétida, formada por suas dúvidas, preocupações e, finalmente, de cusparadas que ele recebe dos homens de ação, postados solenemente em torno dele na qualidade de juízes e ditadores, e que, com suas possantes goelas, riem dele às gargalhadas.

É evidente que só lhe resta algum dia fazer um gesto de pouco caso com a patinha e desistir e, com um sorriso falso de desprezo, que não convence nem a ele próprio, esgueirar-se vergonhosamente para o seu buraquinho.

Lá no seu subsolo abjeto, fétido, o rato, humilhado, abatido e ridicularizado, rapidamente mergulha num rancor frio, peçonhento e, principalmente, perpétuo.

Algum dia e este dia haverá, começará a sentir desprezo por si mesmo, por ter-se enganado conscientemente.

Impossível imaginar que se conviverá eternamente com discursos de ódio, visões armamentistas, anticientíficas, de desprezo a sociedade, de desgaste as instituições, de empoderamento de milícias, de fortalecimento de núcleos nazistas; é impossível e inimaginável.

Haverá em algum momento uma desratização dos porões e do Gabinete do ódio não mais brotarão os seres do subsolo.

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