06 de janeiro | 2019

Brasil socialista ou um governo para indigentes culturais?

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Do Conselho Editorial

Esperava-se que após as eleições o clima de confronto e ódio fosse superado e o governo que inicia convocasse a população à pacificação.

Os últimos presidentes do Brasil após a democratização ostentavam na média 75% de aprovação no início do mandato; os números indicam que o atual ostenta 65%, o que significa, em tese, 10% a menos que os anteriores.

Jair Bolsonaro (PSL) obteve 55,13% dos votos válidos, que significam 57.707.847 e Fernando Haddad 44,87%, conseguindo 47.040.906 votos, só este número daria para perceber a clara divisão em que se encontra o país.

Adicionados estes números a quantidade de votos brancos, nulos e abstenções evidencia-se um universo muito maior de rejeição nas eleições do candidato vencedor que aceitação.

A tendência, pelo espírito conciliador do brasileiro, seria que, transcorrida as eleições, a maioria assimilasse o efeito da disputa e começasse a torcer para que o novo governante conduzisse o país ao rumo do progresso e da modernidade.

Infelizmente não é isto que está se vivenciando; a começar pelas nomeações de ministros que, fora os militares, que geralmente são mais reservados, a ala civil fundida aos filhos e ao próprio Bolsonaro, nas declarações iniciais, parecem muito mais fugitivos da Casa Verde, temerosos do Simão Bacamarte, do que gente lúcida, com os pés no chão e com capacidade para governança.

É um samba do crioulo doido, um festival de besteiras que assola o país; parecem competir um com o outro para ver quem fala a maior das abobrinhas.

O risível nisto, se não fosse trágico, é o número de “midiotizados” que tentam justificar cada fala estúpida de cada sem noção que foi escalado para governar o país.

A maioria sob o efeito alucinógeno do poder vomita pérolas sem polimento todo dia como se fosse um criadouro infinito de imbecilidades.

No plano internacional já pode se esquecer a respeitabilidade que o Brasil gozou; a teoria levantada pelos “terraplanistas” que pousaram no Itamaraty é coisa pra palhaço nenhum colocar defeito.

A ministra que viu Jesus na goiabeira parece ser aquilo que outrora se chamava de goiaba ou lelé da cuca tamanhos os disparates que joga na rede.

A última foi a da roupa azul para meninos e rosa para meninas, algo que remete o país ao século dezoito, e há quem acredite que esta imbecilidade galopante possa mesmo ser uma metáfora, por desconhecer metáfora, burrice, fanatismo ou má fé.

Por ai vão seguindo os festivais de sandices.

O chefe da Casa Civil exonerou mais de trezentos funcionários sob a alegação que os mesmos eram petistas e estava promovendo uma “despetização” do governo; os “bolsominions” que destilam ódio vibraram.

Mentalidade tão diminuta, cérebro do tamanho de ervilha, péssimo, ao ponto de não perceber que o PT deixou o poder há mais de dois anos, portanto, as demissões seriam no máximo uma “des­mede­bização” do governo Temer.

Os números não mostraram aos olhares equinos destes quadrúpedes que a hora deveria ser de conciliação e não de incitação à guerra, o momento pede paz.

O ódio, porém, não descansa. Esta semana foram invadidos gabinetes de deputados do PT e do Psol na Câmara a título de garantir a segurança do presidente no dia da posse.

O presidente declarou que vai acabar com o socialismo no Brasil e as provocações vão se avolu­mando e jogando para uma plateia de desinfor­mados que creem em tudo que ouvem e não param para pensar que pode ser e é de outra maneira.

Como alguém que veste Ralph Lauren, come no McDonalds, calça tênis Nike, nunca viu jornal ou TV censurados, anda de carro último ano, frequenta praia e explora o trabalhador pagando salário de miséria pode crer que o Brasil foi socialista algum dia?

É uma manipulação sem escrúpulos objetivando o convencimento dos alienados de um perigo que eles nunca correram, assim como escola sem partido, kit gay, mamadeira de piroca e outras mentiras muito comuns neste governo que inicia.

Há uma certa lógica maquiavélica em tudo isto: fornecer ingredientes que fomentem discussões que desvie o foco da diminuição do salário ou da imposição da reforma da previdência, aniquilamento as pastas da cultura, do esporte, ministério do trabalho, fim da demarcação de terras indígenas e quilombolas e outras ações que impactarão negativamente na vida do brasileiro.

Como não há bem que não se acabe, nem mal que nunca termine, já se avistam nuvens cinza rondando os discursos de ódio e que poderão obrigar uma meia volta volver na estupidez desta gente que pensa que governar é mandar e interferir na vida pessoal e religiosa das pessoas.

Empresários e ruralistas com cérebro no lugar já começam a perceber que os discursos “antiglobalistas” e fora de foco poderão prejudicar seriamente as relações comerciais do país no exterior.

Cidadãos comuns, menos fanatizados, já observam que as falações ministeriais, fora as exceções, não tem equilíbrio algum e demonstram um total desconhecimento da máquina federal, que, sem ser pessimista ao extremo, corre o risco de travar com esta gente sem noção de coisa alguma.

Parece que se elegeu a patota do Pateta para governar, cujo foco parece ser acabar com um surreal e inexistente Brasil socialista ou fazer um governo só para indigentes culturais.

 

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