26 de abril | 2015

Até onde pode chegar sem gasolina, uma velha ambulância?

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Willian José Antonio Zanolli Arantes

DO COMEÇO…

… no princípio era o verbo que nos levava a vários lugares e a lugar algum, saindo de nós sem nunca termos de maneira alguma abandonado o ponto em que estacionávamos nossa nave espacial e íamos surfar na maionese das tentativas e tratativas de trazer o foco da razão, a construção do livre pensar que, em razão da liberdade, voa numa boa.

Sintonizado na onda da imagina-a-ação para tentar devagar e quase já pairando de outro para o lado um que se direcionam nos encontros vagos do vácuo que reproduzem e produzem a tese, síntese e antítese das carregadas frívolas coisas tão banais, que despertam o desejo de em sintonia com a universalização do ensino, construir mentes e abrir valetas para a construção do raciocínio lógico.

DÁ PRA NÃO …

…interpretar o comando de vál­vulas do Fordinho 29 em total desarmonia no pulsar em direção ao coração daqueles pequeninos seres em formação relacional afe­tiva e amorosa, de singeleza ím­par na diversidade dos vestuários, musicalidade, teatralização de desejos e gostos que se desgostam na aparente imposição dos créditos que a sociedade impõe a utilização dos corpetes até a satisfação dos mínimos desejos, de chupar da manga a rosa o gosto ao sumo do limão maduro, sapoti, joá. 

COMO ASSIM SERIA SE FOSSEM …

… motivações que despertam, bocejam escancaram os olhos para o mundo em contraposição a razões que não explicitam a falta de sensibilidade ou conhecimento em razão do alto índice de anal­fabetismo que, segundo a Unes­co, atinge quase 80% dos habitantes desta pátria de chuteiras que não sabe ler e interpretar um texto e nem escrever direito como bem podem observar vocês pelo texto que estamos tentamos escrever, e, no entanto, a maioria não está por isto mais angustiada que o goleiro a espera do gol, daí um jornalista amigo meu disse que desse jeito não vou viver satisfeito e que o amor é algo mais profundo que um encontro casual.

CONTRÁRIO A ISTO, …

… sem deixar a profundidade de lado, sem deixar de dormir de conchinha neste inverno, é necessário dar crédito ao fato de que uma das hipóteses da miserabi­lidade pode ter por causa mais que os desígnios da usurpação dos espertos sobre os que não puderam ter senso de criticidade e método Paulo Freire na construção do saber de usurpar, além da mão que balança o berço lembrando que boa formação em todo mundo é e sempre foi direito das elites dominantes, o que em suma se resume ao ditado popular, quem herda, herda, quem não herda fica na merda.

RADICAIS  DE CUBA LIBRE …

… não herdando, segundo conceitos vigentes desde a república, não podem andar de avião, comer carne, nem cobiçar a Bruna Mar­quezine, afora a aventada possibilidade de se queimar o texto cons­titucional para acender a chur­rasqueira no próximo encontro de sábado a tarde dos representantes da Câmara e do Senado, que aplicam pau latinamente golpes ao estado democrático de direita em beneficio das oligarquias e em prejuízo a república das “feijucas” que não amplia seu senso crítico, se conhecem menos, já que viajam menos, e exigem menos, por que tem menos para gastar, chega de tentar dissimular o que não dá mais pra esconder, para ocultar, explode coração.

A MANUTENÇÃO DO QUEREMISMO…

… deste esquematozóide que deixou grávido de ditaduras e torturas ao longo de 5 bilhões de anos privilegiando a nata, a massa podre, putrefata, da locuple­tação sórdida escravizando a es­cravização das mentes para privilégio de pequenas, diminutas parcelas minoritárias, através do estalar das chibatas no lombo da ti­grada que se rebelava contra a imposição do consumo alienante e sem freio que bate contra o poste da manutenção da vida e destrói as pequeninas esperanças dos sem tetos e tempo para viver, que não educam suas crias e rebentos que se arrebentam nos desvãos e des­ca­minhos do desentendimento e da busca interna de si mesmo, que não troca figurinhas carimbadas, selos, afagos, carinhos e afetos, sonhos, se troca é bala que não é Son­ksen, com a polícia, e morre na contra mão atrapalhando o trafego.

OBTUSOS, …

… dos testículos e dos contra testículos e das notas de rodapé do método pedagógico adotado pelo governo ditatorial de Pino­chet, forçam portas e entradas do serzinho em formação e acrescentam ali séculos, milênios de contra informação visando a submissão, resignação para que como tantos e tantas outros e outras arrastem como mulas de viagens estradeiras o pó da repetição vinda através do tubo infecto da televisão, jornalecos semanários, livros de autoajuda, e muito Paul Rabitt, que contam com a ajuda de muitos jornalistas e seus fiéis escudeiros. Tudo enfiado goela abaixo, para debaixo do tapete das al­minhas e dos corações na imposição dos textos e contextos, capas e contracapas, pois viver é ter a vergonha às vezes de ser feliz, de não ser um eterno aprendiz, é por isto que eu repito, não é bonito, não é bonito, não é bonito. 

 GENTE AI, AI …

… a gente chega ao ponto e o bonde, o trem da história já passou, foi perdido mais uma vez, se um dia fomos monocultura, e se não demos certos neste caminho, por que não tentarmos ser bi? deveria ser a pergunta e a resposta a acalorar as discussões desta talvez estância turística e Capital do quermessão parafolclórico que ainda se preocupa com discussões a respeito da sexualidade alheia. Em pleno terceiro milênio, na capital do quermessão parafol­cló­rico e quase estância turística, tem gente se preocupando com o que o compadre e a comadre vão fazer com seus fundos e frentes. Ora, nos poupe, a área de lazer é deles, o Play Center lhes pertence, quem vai andar no túnel do medo, dar um giro na roda gigante, escorregar no tobogã, rodar no chapéu mexicano, no carrossel, ou se ralar de medo na montanha russa é problema deles, todo mundo vai ao circo menos eu, como pagar ingresso se eu não tenho nada, fico de fora escutando a gargalhada.

A DOR DA GENTE…

…é dor de menino acanhado, menino bezerro-pisado no curral do mundo a penar. Que salta aos olhos, igual a um gemido calado. A sombra do mal assombrado é a dor de nem poder chorar pelas manchetes dos jornais deste mun­dão de meus orixás, Jorges e Ja­nainas, de todos os cantos e contos que nada têm de libertos e democráticos, instituições que apenas falseiam a ideia de seres libertos comandados por ditadores e atos, que prendem e não apreendem nada que não seja injustiça, subjugação, preconceito, discriminação deixando a deriva a nau dos desejos de sair por ai bem libélula beijando de flor em flor sem usar de tanta educação, pra destilar minhas verdadeiras intenções, destilando meu fel entre os inimigos da liberdade de ir e vir, vindo e indo, da forma como desejar e for, liberto beija-flor.

EXPLICAR COMO …

…na imensidão destas terras que vai do Oiapoque ao Chuí, se não falha a decrepitude deste San­cho Pancesco cidadão, dos bens produzidos tão somente 10 por cento dos que, segundo a teoria de Darwin, descendem dos macacos, os hominídeos, fica com 90% e os outros 90% dos humanóides, dos que batem lata e picam cartão, e tomam pinga com carquejo amargo mais que a vida, ficam com a sobra das migalhas que caem das mesas dos poderosos, destes bostas, espo­liadores da raça humana e da vida quase humana. Só 10% das riquezas produzidas pela indústria robotizada e mecanizada vão para as mãos dos robotizados serzinhos compostos mais de ossos do que carne, voraz, bruta e cheia de desejo de inserção social, e muita água vai rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, e boto a mão a mão no saca, saca rolha e vou até o sol raiar.

DOIS VELHOS ABORRESCENTES …

… de um dos mais tradicionais jornais da região foram flagrados pegando um na pipa do outro e foram advertidos pela editoria do jornal e acabaram tendo por castigo que escrever um artigo a duas mãos, segundo a diretora do jornal é inconcebível que dois velhuscos fiquem na hora do expediente brigando por causa de pipas, interrompendo o trabalho para empinar pipas, o que não condiz com as normas internas da redação, sem contar que a pipa do vovô não sobe mais, apesar de fazer muita força, o vovô foi passado pra trás, a pipa do vovô não sobe mais, apesar de muita força, o vovô foi passado pra trás, o caso se transformou em zombaria local e houve até manifestação dos colaboradores.

COISA DE CRIANÇAS VELHAS …

… manifestadas as insatisfações a filha do tradicional jornalista membro flácido de tradicional e respeitado Charle Hebdô local, que é parente de antigo causídico fez consulta acerca do comportamento infantilóide de ambos, para saber se eles são bossa nova, se eles são Maomés, se eles são transviados, isto não sei se eles são.

A MANIFESTAÇÃO …

… que foi acompanhada de perto pelos fuxiqueiros de plantão teve muito inconformismo por parte dos que atuam nos bastidores da notícia, visto que entendiam que o fato inusitado deveria ser capa do jornal, para os dois tomarem vergonha na cara velha e pararem de um querer pegar a pipa do outro na hora do expediente, e outra corrente não se conformava com a sanção da diretora do jornal que obrigava os dois a escreverem um artigo juntos, esta corrente entendia que no caso os apenados seriam os leitores, que ao invés de aguentar um iria ter de aguentar os dois pentelhos de uma vez só.

O ADVOGADO …

… especialista em questões aéreas e espaciais, com extensão em pipas e papagaios, linha, cerol, entendeu que embora não fosse adequado a jornalistas querer pegar a pipa do outro na hora do expediente por ferir as normas internas do jornal, muitos coleguinhas da redação fazem coisas, bem, diríamos discutíveis, no jornal como se fora normal no ambiente e não há casos de punição tão exemplar que atinja até os leitores do semanário.

PARA O ADVOGADO …

… que falou em off para este articulista, que cumpre neste momento sua parte na sanção aplicada, que de certa forma a diretora da redação discriminou a ambos por não ter dispensado tratamento igual a casos idênticos em função de pipas ou coisa próximas e distantes. Em sua defesa entendeu que pegar a pipa do outro pode ser reminiscência da infância, coisa mal elaborada, ter envelhecido sem se resolver, visto ser da linha junguiana, o brilhante causídico recomendou orações e fé na volta à autoestima dos dois que fará com que superem este trauma e violonista e cantante que é entoou, cantou, nada além, nada além de uma linda ilusão, pega bem para o meu coração.

JORNAL E A FAMILIA …

… de ambos reagiram de forma totalmente divorciadas da realidade. O jornal, como evidenciado acima puniu os dois com este artigo, e a família ao invés de ir no Bazar do Mizogutti e comprar uma pipa para cada um, o que resolveria o problema, e ninguém precisaria pegar a pipa de ninguém na redação, evitando constrangimentos e artigos idiotas como este. E ai cada um que tratasse de sua pipa como desejasse, empinando na hora que pudesse ou houvesse vento soprando de forma favorável, a maneira como cada um trata da sua própria pipa diz respeito ao dono da pipa e não a diretora do jornal, a menos que queiram empinar a pipa no fundo de algum quintal que não lhes pertence, ou que não tenha um vento forte levando as pipas ao rumo norte, ou o caminho por onde andar queiram dividir quando lá chegar.

PARA …

… o operador do direito tão somente aos velhinhos  cabia decidir sobre suas pipas, visto serem donos delas e de suas vidas, só por que são relativamente idosos serem impedidos de brincar com pipa cheira a preconceito, perseguição que retira dos velhuscos o direito de revelar ou não suas opções de lazer, se um quer pegar a pipa do outro na marra, desde que não tragam prejuízos a sociedade esta­be­lecida e seu entorno, não há mal algum, afinal todo dia é dia de índio.

O DOUTOR …

… crê que jornal não é lugar de se empinar pipa, e nem de se tentar pegar a pipa do outro, mas defende que a direção exagerou um pouco na sanção, e considera mais grave ainda o fato de ter que corrigir esta coisa horrorosa se incluindo, desta maneira no castigo imposto aos velhotes, o espaço jorna­lístico não é onde estas manifestações deveriam acontecer da maneira como ocorreu, por outro lado, defende que se ocorrer, a direção tem que lidar com isto de maneira mais moderna, sem impor ao leitor e ao advogado a sanção de corrigir esta coisa super sem graça, e ao leitor ter de ler isto como se fosse texto do Mário Quintana, e ao final quase declarou, os homens estão atrapalhando meu caminho, eles passarão, eu, se não virar pipa, passarinho.

O ADVOGADO …

… que é fã incondicional do Roberto Carlos, ao fechar seu desabafo em relação a questão, puxou o empoeirado violão e foi buscar no Chico seu último desabafo perdido entre uma correção e outra, entoou. Errou na dose, errou no amor, a diretora errou de sanção, ninguém notou, ninguém morou na dor que era o seu mal, a dor da gente não sai no jornal..

CAINDO DE …

 … e talvez, se não houver viés ou revés que se nos detenha no tanto e entretanto que são tantos por enquanto, um leitor ligou na semana passada para informar situação ocorrida com ilustre personagem política da região, hoje sentenciada e procurada pela justiça na condição de condenado, com direito a extenso curso de leão.

DISSE QUE E NOS FALOU  …

… que a conhecida ex autoridade, foragida, ou procurada como queiram, continua habitando a região e sendo vista nos lugares mais prováveis e improváveis possíveis

PASMEM…

…dirigindo seu automóvel em uma das rodovias da região, na maior tranquilidade possível, eis que foi vítima de um acidente, nada grave consigo, o carro sofreu avarias, porém, pararam vários motoristas que transitam naquela rodovia e prestativos foram socorrer a possível vitima do acidente, e chamar, se necessário, o corpo de bombeiros e a policia, situação normal para estas ocasiões. Meio tonto da batida a ex autoridade desceu do seu carro, vendo aquela fuzarca em volta, foi no primeiro motorista que viu e pediu pra levar ele com urgência para um hospital por que não estava se sentindo muito bem. O motorista, bem intencionado, colocou-o no carro e veloz rumou para o hospital mais próximo.

 CONSEGUIU …

… na hora que a ex autoridade se viu longe do acidente e da área de risco, falou para o socorrista parar que ele tinha melhorado e que iria ligar para seus familiares para vir buscá-lo, que não queria dar trabalho. Ficou livre assim de encontrar a polícia pela frente e de ter de ouvir a voz de prisão já que está sendo procurado.

PASMEM …

…ficou livre assim de encontrar a polícia pela frente e de ter de ouvir a voz de prisão já que está sendo procurado. É mole?

SERÁ QUE …

… este cidadão vai continuar vivendo estas e outras histórias nesta vida cheia de pipas, de gente procurada, de gente esquecida, nesta que é a terra do grande imperador Genial Genioso, cuja sanha arre­ca­­dadora transcende todos os seus antecessores?

 José Saladocemais doce, que o chá das florzinhas mussambê iluminado pelo entendimento de que uma luz pode estar surgindo se real e finalmente for levada a efeito a licitação para resolver a falta de iluminação nas vias públicas. O importante neste debate profundo é que mesmo que a UNESCO classifique alfabetizadas funcionais a maioria das pessoas, eu quero mais é construir com a cerâmica e o barro das minhas produções culturais o protótipo de um novo ser pensante, que conteste esta era tecnológica, abstrata, surrealista, maniqueísta, da não provocação do senso crítico, da ausência do conhecimento e de aprofundamento das questões básicas que nos remetem as nossas raízes, a busca de si mesmo nem que seja no outro, que é a busca do conhecimento que nos traz informação e esta ajuda a impulsionar a alavanca da verdadeira revolução contida na arte e nos seus múltiplos movimentos: o sistema, linha de montagem e de escravização das massas pelo consumo vai ser picada pelo seu próprio veneno. As pessoas não aceitarão mais que as coisas fiquem do jeito que estão, ou seja, elas terão que mudar para continuar sendo como são e alguns continuarão ficando com a maior parte do que o Brasil produz e o resto ficará com os restos quando houver restos, como na Casa Grande e Senzala o senhor de engenho engenhosamente passará o que sobrou da matança do capado e os negros e negras velhos e velhas, farão com feijão preto estes restos para a alimentação dos escravos que são, até aprimorarem a receita que será expropriada, roubada como tudo, pelo senhor de engenho, como iguaria rara e cara demais para estar na mesa dos pobres pretos e brancos. Assim surgiu a feijoada, Assim terminamos esta experiência de escrever a duas mãos…

Willian A. Zanolli é ar­­tista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no w­ww.­willianzanol­li.­blo­gs­pot.com e ouvido de segunda, quar­ta e quin­tas-feiras, das 11h30 às 13h­00 no jornal Cidade em Des­taque na Rádio Cidade FM 98.7 Mhz. E, aos do­min­­gos, das 10h00 às 12h­00 no programa Sarau da Ci­dade.

 

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