25 de abril | 2021

Para quem diz que só o amor constrói está havendo muito ódio para nada

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“Já que não compreende que a internet foi
criada para possibilitar o crescimento, se
solte, desapegue da figuração, lembre que
desligados os computadores, notebooks,
tablets e celulares o ser humano de
carne e osso volta a circular na vida
real e é ai que um asteróide
pode cair na sua cabeça”.

Willian A. Zanolli

O Bendegó, capaz de suportar temperaturas superiores a mil graus Celsius, foi descoberto no sertão da Bahia em 1784 e é parte do acervo do Museu Nacional desde 1888. A peça tem 5,36 toneladas.

Tenho lido matérias de jornais, frequentado blo­gs, ouvido rádio, visto televisão, WatsApp, Facebook, Tik Tok, Instagram, Tele­gram, dialogado com gente, cachorro, gato, sanha­cinas, mandado mensagens via tambor e por fumaça.

As respostas são as mais bonitinhas possíveis. Toda a natureza parece estar em equilíbrio ao ponto de se poder mesmo acreditar que nenhuma estrela distraída vá cair repentinamente nas nossas cabeças.

Como diria minha santa madre católica, venerada e amada Onça Mary:

– Nem tanto ao céu nem tanto ao mar meu filho, há dias que as noites são assim e outros que as noites são assadas.

E tanto é verdade, assim como incompreensível a fala que a Maria Mulata não falou, mas poderia ter dito, que vez ou outra vejo um primo distante do Me­teorito de Bendegó, que é irmão de sangue, filho­ti­nho do Hoba, cruzar os céus desta cidade, já que é aqui que moro e aqui que observo astros.

E nestas de olhar para o infinito e observar minha pequenez diante da infi­ni­tude, grande extensão; amplidão, grandeza do universo, vejo que minha função e a de todos os terráqueos deveria ser a da ampliação do conhecimento.

E é o conhecimento que conduz ao autoco­nhe­ci­mento, o saber de si e depois a varredura do entorno pra se situar e saber o que vai para além da ponta do nosso nariz.

É como a história do cachorro que vai cheirando tudo em volta por horas até encontrar o ponto exato pro seu merecido repouso.

Uns dizem que procura o lugar onde se depositam o maior número de energias mais positivas, outros que busca o lugar mais frio nos dias de calor e o mais quente em dias de frio e outros acreditam que é apenas um ritual canino e há quem acredite em busca de conforto.

E como se pensa até nas atitudes que um cão toma antes de deitar, não seria diferente com este animal bípede que pensa e consegue comunicar seus pensamentos em relação ao que será de si, no que se refere a construção de sua história e lenda.

Falando até com cerca de arame farpado de seis fios, curimba na piracema, rede estendida em baixo de pé de jaca, o que é um perigo, estou chegando a conclusão que o ser humano (alguns) que era uma incógnita, por se construir por camadas de recepção de saberes, começou a representar o óbvio por caminhar na direção contrária a evolução.

Quem teve a oportunidade de ler Julio Verne, debruçar sobre as obras de Leonardo da Vinci, ouvir a música de Beethoven, ler sobre as viagens inter­pla­netárias, a caverna de Las­caux ou Altamira, Ilha de Páscoa, deveria se perguntar como estas pessoas avançaram tanto em direção ao pensamento com tão poucos instrumentos.

Sim! Porque hoje temos uma ferramenta super importante que é a internet, que a princípio permite a compreensão de que o ser humano comum poderia avançar na busca da informação e construir dentro de si uma gama de elementos que não pudesse permitir que fossem presas fáceis da alienação.

É muito triste constatar que cada indivíduo que conta com internet, e são muitos, tem a seu dispor biblioteca, videoteca, cinematografia, discoteca, museu.

Pode ser produtor de conteúdo jornalístico, radiofônico, cinematográfico, e, no entanto se perde no vazio de questões marginais, empobrecidas ou se joga no lugar comum.

Tanta gente falando de si nas redes sociais como exemplo a ser seguido e na vida, se avaliadas pelo conjunto da obra, deveriam ser jogadas na lata de lixo da história por produzirem muito vazio, muita porcaria, muita podridão.

Às vezes fico me perguntando como alguém que conspira contra a ciência pode trazer sua negação para um espaço puramente científico como a inter­net, que seria inconcebível e inacreditável como é a chegada do homem a lua para alguns deles e a evidência de que a terra é redonda.

Às vezes, entre a interrupção do diálogo inteligente que se trava com um jeque em um pasto qualquer da vida e o ques­tio­namento do porque estas pessoas que negam a ciência frequentam um espaço virtual, mostra a incoerência que há na natureza que só conferiu ao asno a condição de zurrar.

Estas pessoas estão mais conectadas ao mundo animal na maioria de suas manifestações do que aquilo que a humanidade foi concebida para ser.

Pessoal revela um monte de belezas nas redes sociais com seus cópia e cola, mensagens de amor e otimismo e tanto nas redes quanto na vida real pecam pela falta de amor ao próximo, por falta de empatia.

A cueca, o desodorante, fogão a gás, carro, rádio, televisão, camisinha Jontex, pílula anticoncepcional e do dia seguinte, além do fósforo e da luz, são frutos da ciência, além da ovelha Dolly e outros mais e o pessoal de fone de ouvido negando a ciência.

Vá ser atrasado assim na era paleolítica, na era da pedra lascada.

Ou ao menos finja ser amoroso na vida real, deixe de ser um personagem.

Já que não compreende que a internet foi criada para possibilitar o crescimento, se solte, desapegue da figuração, lembre que desligados os computadores, notebooks, tablets e celulares o ser humano de carne e osso volta a circular na vida real e é ai que um asteroide pode cair na sua cabeça.

Ser o que a gente é exige um esforço sobre-humano; ser o que a gente não é pode parecer não exigir esforço algum, mas pessoas pulsam, pensam, refletem, mesmo quando se negam a isto, mesmo quando se ausentam de si.

Volte pra terra por mais distante que deseje estar! É aqui onde você mora! A ilusão criada é apenas névoa. Se incorpore à realidade, ainda é tempo.

O Hoba nunca foi movido do local onde caiu. Estima-se que a massa principal pese cerca de 60 toneladas e é o maior mete­ori­to conhecido (num único fragmento) e o mais maciço objeto de ferro de ocorrência natural que se conhece à superfície da Terra.

 

Willian A. Zanolli é artista plástico, jornalista e advogado.

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