“Havendo paciência, no futuro, o teste de fidelidade do Programa do Ratinho poderá comprovar com exatidão quem é o pai do Aeroporto.”

DO CONSELHO EDITORIAL

Como dizem os antigos, “filho feio não tem dono”, já filho bonito, branco, de olho azul tem fila na porta do Fórum para adoção. O caso do aeroporto a ser instalado na cidade de Olímpia merecia ir para o Guinness de tanto pai que tem. É muita biruta indicando a direção de uma paternidade que obviamente não pode ser de todos.

Como diz o ditado popular, isto “está parecendo briga de cachorro e gato”, sem jamais considerar que um lado seja felino e o outro canino, e vice-versa, ou mesmo que ambos sejam caninos.

A explicação se faz necessária porque o pré-candidato a prefeito Eugênio Zuliani já registrou um boletim de ocorrência, pois um destemido e agressivo cidadão postou na rede social que o aeroporto nem inaugurou e o dito cujo já roubou o avião. Evidente maldade e falta de civilidade, desnecessária a um debate civilizado, que, pelo exagero e insólito da situação, ganhou as páginas do jornal Estado de São Paulo.

Voltando à ilustração, a frase popular de que a paternidade do aeroporto está parecendo briga de cachorro com gato, quem viu uma sabe que horrorosa é, a questão vai virando caso de polícia. Sem contar que, no caso dos humanos, raramente pode ocorrer de haver mais que um pai para o filho. No entanto, no mundo animal, e aí gatos e cachorros se incluem, esta hipótese é possível e ocorre quando as fêmeas acasalam com machos diferentes durante o mesmo período fértil. Assim, elas podem ter óvulos fertilizados por espermatozoides de pais distintos.

No caso dos seres humanos, a chamada superfecundação heteropaternal pode ocorrer na fertilização in vitro, mas também de forma natural. Houve um caso em Mineiros (GO) de uma mulher que deu à luz gêmeos de pais diferentes. As dúvidas sobre a paternidade dos meninos começaram quando as crianças tinham apenas oito meses.

No caso do aeroporto de Olímpia, o gigantesco rebento, que nem gêmeo é, nem veio à luz e já conta com três progenitores. As tarefas para manutenção diária do bebê, entende-se, que, até que se descubra o pai — meu herói, meu bandido, como diz Fábio Júnior —, deverão ser distribuídas por demonstrações de habilidades. O ex-prefeito pode cuidar das mamadeiras, o vereador da troca de fraldas e o mandatário das papas e mordomias.

E nascendo o filho de todo mundo, nada mais acertado que algum olimpiense, destes ligados a programas de sensacionalismo, escreva para o Ratinho e peça um teste de fidelidade para se saber exatamente de quem é este menino que durante oito anos não foi motivo para brigas ou debates mais enfurecidos.

Na verdade, a viagem alucinógena na terra do Folclore consegue alçar voo bem antes da primeira aeronave cruzar o céu da comarca. Nem a pista foi construída e os oportunistas de plantão já alçam grandes voos.

Não há como negar a parcela de contribuição de cada um e cada uma investido ou não de poder para que o projeto chegasse ao estágio em que se encontra.

O ex-prefeito contribuiu, o vereador colaborou, o ministro deu uma mão, muitos anônimos atuaram para colocar o projeto em pé. Só que não dá para se escorar na defesa da estética da igualdade e imaginar que um ex-prefeito, ex-deputado, ou vereador possam ter a força de quem detém a caneta para conseguir emplacar um evento deste porte.

Inclusive, se o próprio mandatário, ao invés de negar os apoios, os tivesse manifestado publicamente, polêmica nenhuma haveria. Notório é que mesmo o vereador que alegou e o alcaide não negou que foi ele quem fez todo o meio de campo, quem assina e ordena é o Rei.

“Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais do que outros.” e no jogo político quem está no poder é muito mais igual do que quem não está.

Havendo paciência, no futuro, o teste de fidelidade do Programa do Ratinho poderá comprovar com exatidão quem é o pai do Aeroporto.

Enquanto isto, haja matéria no Estadão e em outros jornais e boletins de ocorrência.

Aguardem os próximos capítulos da novela “Quem é o pai do Aeroporto?”.