José Antônio Arantes
A TvTem, afiliada de São José do Rio Preto da rede Globo de Televisão, mostrou em seu noticiário das 19 horas da terça-feira, 26, que o caos em que se transformou o único hospital da cidade e que pode ter levado o primeiro usuário que se sabe a óbito, está sendo provocado pela situação precária e por uma possível greve branca dos médicos que fazem parte do corpo clínico do hospital e que teriam que cumprir o chamado plantão à distância.

A reportagem, ao retratar sobre a morte da primeira paciente que se sabe que pode ter morrido por falta de atendimento médico, através de depoimentos e dados levantados, mostra que na Santa Casa, que passou por intervenção da prefeitura e elegeu diretoria que sabe-se estar ligada ao prefeito Eugênio José Zuliani, o atendimento realmente está precário e os usuários estão sendo atendidos de maneira indigna, pelo que se depreende, em razão da situação de quase insolvência e pela falta de médicos especialistas (do corpo clínico) que são responsáveis pela internação, que não estariam cumprindo efetivamente a escala que existiria no hospital.

A situação fica denotada logo no início com o depoimento de uma mulher que não quis se identificar e que diz ter levado o sobrinho à Santa Casa com problema nos rins e, após esperar por certo tempo e diante da dor de seu parente, resolveu pagar para que fosse atendido. Ela mesma pergunta: e quem não pode pagar?

Outro ponto é a confirmação de que o hospital, nos finais de semana e nos períodos da noite e madrugada durante a semana, funciona em caráter precário, com apenas dois profissionais médicos (na verdade, segundo informações, na maioria das vezes, apenas um). Fala-se até que médicos, por várias vezes, teriam se dividido entre o atendimento na UTI e o pronto socorro, o que seria ilegal de acordo com as normas que regem o setor.

A reportagem da TvTem, entrevistou também uma prima e a irmã de Fernanda Silva Santos que morreu no último domingo possivelmente por falta de atendimento contando o que entendem tenha acontecido. Ao final, outra usuária também é entrevistada e faz um alerta: “tem que tomar uma atitude. Porque vai morrer mais gente.”

No site da TvTem, um pequeno texto, sob o título “Família acusa Santa Casa de Olímpia de negligência, direção do hospital abrirá sindicância para apurar denúncia”, faz uma resumo da reportagem que pode ser vista em vídeo no endereço http://tn.temmais.com/noticia/9/42703/familia_acusa_santa_casa_de_olimpia_de_negligencia.htm.

O texto tem o seguinte teor: “Uma família acusa a Santa Casa de Olímpia de negligência depois da morte de uma mulher de 29 anos. Os parentes reclamam que ela foi mal atendida nas quatro vezes que procurou pelo atendimento. A direção da Santa Casa informou que abrirá uma sindicância para apurar a morte da paciente.

A demora no atendimento é outro problema enfrentado pelos pacientes. Uma senhora desesperada preferiu pagar uma consulta para que o sobrinho não ficasse sem atendimento na Santa Casa de Olímpia. Sobre a demora no atendimento, o hospital disse que nos fins de semana e à noite conta com um quadro reduzido de médicos. Apenas um Clínico-geral e um Pediatra para atender a população da cidade e da região.

Apesar da gravidade das denúncias nenhum responsável pela Santa Casa deu explicações à imprensa. Falta de informação também entre os pacientes que procuram a emergência e vão embora sem saber o que está acontecendo.”

A REPORTAGEM
Na reportagem mostrada pela TV, o âncora, Daniel Morales, inicia dizendo que situação de atendimento que pode ter levado a morte Fernanda Silva Santos, parece ser apenas um dos problemas enfrentados pelos moradores na maior unidade de saúde o município; e coloca logo a seguir a primeira entrevista:

“Meu sobrinho teve cólica de rim e nós fomos pra Santa casa às 7 horas e era 9 horas da noite não tinham atendido ele. E quem não tem condições de pagar fica lá fora. Tinha uma senhora com pressão alta deitada no chão, que já fazia 4 horas que ela estava ali deitada.”

Aí entra o repórter que esteve em Olímpia fazendo a reportagem, Maurilio Goeldner: “O depoimento é de uma senhora desesperada que preferiu pagar uma consulta para que o sobrinho pudesse ter atendimento na Santa Casa de Olímpia. Já a família de Fernanda não teve o que fazer. A mulher de 29 anos morreu no hospital. Os parentes reclamam que ela foi mal atendida nas quatro vezes que procurou a Santa Casa”.

A seguir entra o depoimento de uma prima de Fernanda: “Não deixaram a menina internada, falando que a menina não tinha jeito, que tinha que morrer em casa. Eles deram glicose. A menina estava fraca”.

Repórter: Fernanda teve uma crise de cirrose, mas não ficou internada.  Estas fotos (fotos tiradas pela Folha da Região/iFOLHA), mostram a mulher caída no chão do hospital. A irmã está indignada.
Aí entra a irmã da possível vítima: “Ela queria ir no banheiro e eu não dei conta ela caiu no chão, ficou desacordada, e eu gritando, socorre minha irmã, socorre minha irmã e eles nem aí”.

Então, o repórter entra explicando, com a imagem do pronto socorro ao fundo: “Apesar da gravidade das denúncias, nenhum responsável pela Santa Casa de Olímpia apareceu para dar explicações à imprensa. Falta de informações também entre os pacientes que procuram a emergência e saem daqui sem saber o que está acontecendo.

Por fim, entra a entrevista com a operadora de máquina Daniela de Oliveira: “Saúde você procura quando você precisa, não é porque você vem à toa ai. Então eu acho que tem que tomar uma atitude. Porque vai morrer mais gente.”

A reportagem é concluída com o texto final do âncora Daniel Morales: “A Santa Casa informou que vai abrir uma sindicância para apurar a morte da paciente. Sobre a demora no atendimento, o hospital disse que nos fins de semana e à noite, conta com um quadro reduzido de médicos, apenas um clínico geral e um pediatra para atender a população de Olímpia e região”.