23 de junho | 2021

Jornalista desabafa no rádio sobre situação que vive 03 meses após ter quase morrido queimado por bombeiro incendiário

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Na última quinta feira, 17, o atentado terrorista contra esta Folha passou dos 90 dias dando a impressão que o sistema caminha para que tudo caia no esquecimento e que não se chegue aos outros envolvidos que toda a cidade sabe que existem, mas que podem ser encobertos por uma espécie de operação tartaruga. Vivemos com medo. Não dá pra prever o que essa gente pode querer fazer.


José Antônio Arantes

Foi na madrugada do dia 17 de março que vivi aquele que foi o dia mais assustador de toda a minha existência. Poucos minutos de um misto de medo, incredulidade e terror que, provocaram consequências destrutivas na minha vida e de meus familiares, mas que influenciarão negativamente ao longo de toda a vida do serzinho que mais amo, minha netinha de 09 anos. O trauma que a faz acordar sobressaltada na madrugada, tremendo de medo até hoje, ninguém vai curar e, certamente, terá consequências em sua vida futura, quando não estarei mais aqui para acalmá-la apertando-a contra o meu peito.

Neste dia, o fenômeno negacionista que conseguiu criar a figura dantesca de um bombeiro incendiário, que ao invés de salvar vidas, por não gostar da linha editorial deste jornalista e os veículos que edita, pegou um galão de gasolina e jogou debaixo das portas da minha casa e da redação do jornal, ateando fogo a seguir, atentou contra a liberdade de imprensa, contra a democracia e, com certeza, contra as nossas vidas.

A FRENÉTICA REAÇÃO DOS CACHORROS

Se não fossem os latidos estridentes e frenéticos de dois poodles e um shitsu, este jornalista e sua esposa não teriam conseguido apagar as chamas que passaram de dois metros de altura, após ter provocado uma verdadeira explosão gravada pelas câmeras de segurança de uma empresa próxima.

No laudo da perícia ficou explícito que, se não tivéssemos apagado as chamas rapidamente, o incêndio teria atingido os prédios vizinhos, todos antigos, com muita madeira e conjugados (a tal da parede meia), podendo queimar um quarteirão inteiro.

Isso, um bombeiro treinado para apagar incêndios não pode negar que sabia, como também não pode alegar que não ouviu o latido dos cachorros e mesmo que não viu a luz do corredor acesa, para se esquivar da intenção de matar que devia estar tingida no vermelho da explosão do fogo impressa nos seus olhos após ter riscado o palito de fósforo e o jogado na porta da minha casa.

OS ATAQUES PELAS REDES SOCIAIS QUE PRECEDERAM
E CONTINUARAM DEPOIS DO ATENTADO TERRORISTA

Tudo isso precedido de ataques que sofri pela internet, por parte de comerciantes (grande parte) negacionistas locais que fizeram movimento contra as medidas de restrição adotadas pelo prefeito Fernando Cunha e contra o posicionamento do jornalista em favor da ciência.

Estranhamente, o bombeiro incendiário, nas câmaras de segurança da prefeitura, aparece junto a um amigo como se fossem os organizadores, preocupados com a segurança do movimento.

O bombeiro, na ocasião, sem máscara, é flagrado, inclusive, junto com outros negacionistas, no momento em que um professor de história quase é agredido por ter chamado de fascistas os integrantes de uma passeata que aconteceu após a manifestação na praça na segunda-feira, 15 de março.

PODEM QUERER CONSUMAR
O QUE NÃO SE REALIZOU

Como saldo, restou o pavor, a incredulidade, o constatar como o ser humano pode ser vil, com as marcas profundas impregnadas na mente pelo fato de, por muito pouco, não ter morrido queimado. E o temor de que o “bombeiro incendiário”, ou mesmo outros partícipes ou incentivadores do ato abominável, possam querer consumar o que não se realizou. Vivemos com medo. Não dá pra prever o que essa gente pode ainda querer fazer.

O dito cujo, que chegou a postar em seu face que estava livre e anda tranquilamente pelas ruas da cidade, até sendo visto frequentando a guarnição de seus ex companheiros, vive livre, leve e solto, como se nada tivesse acontecido.

Inclusive, tentando conseguir documentos que podem ser classificados de suspeitos e até ameaçando este jornalista com BOs, narrando que estava fazendo um favor de cumprir medidas protetivas que a justiça levou mais de 30 dias para determinar.

MAIS DE 10 AÇÕES NA JUSTIÇA.
O ASSÉDIO JUDICIAL PARA INTIMIDAR

Além de tudo isso, o seu amigo, que parecia ser o autor intelectual da manifestação contra o prefeito na praça, que foi filmado junto com ele pelas câmeras de segurança, antes do atentado, simplesmente, nos últimos dois meses, ajuizou, em nome próprio ou patrocinou como advogado em nome de outros membros de uma espécie de gabinete do ódio contra este jornalista, apenas e tão somente 06 queixas crimes e 06 ações de dano moral.

Segundo a Abraji – Associação brasileira dos Jornalistas Investigativos, isso, além de ser técnica considerada fascista para tentar calar a boca da imprensa utilizando a justiça, também pode ser considerado como assédio judicial.

Além de tudo isso, em 90 dias, só se chegou ao bombeiro, porque foi insistido para que este fosse suspeito, pois se chegou a descartá-lo em razão de sua moto ter um farol diferente do que aparecia nas filmagens das câmeras de segurança.

QUEBRA DE SIGILO QUE ESTÁ SEMPRE
SENDO AGUARDADA E NUNCA VEM

De lá para cá, até agora, a única informação que se tem é a de que se aguarda a quebra do sigilo das redes sociais que nunca vem, dando a impressão de que tudo caminha a passos de tartaruga para que se saia do nada para o lugar nenhum.

O sistema parece conspirar para que a figura inédita de um bombeiro incendiário que tentou matar dois idosos e uma criança de 09 anos, com o passar do tempo e o amainar da incredulidade da população, seja o único culpado, mas, ainda assim, por não ser um pobre coitado que vai preso por furtar uma galinha, se livre de tudo sem ficar um dia sequer atrás das grades.

De acordo com o artigo 220 da Constituição Federal do Brasil, datada do ano de 1988, a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição.

TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO

Mais especificadamente, no parágrafo primeiro do mesmo artigo, pode ser visto que nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social.

O caso, além de ser um atentado terrorista contra as liberdades de expressão e de imprensa e a própria democracia, que pode ser enquadrado na lei de segurança nacional e, se fosse investigado a fundo e não houvesse o denotado desinteresse do sistema de se chegar a outros partícipes ou incentivadores, também caberia no tipo da nova lei de perseguição criminal.

Com certeza, também não pode ser desprezado o fato inequívoco de que o bombeiro incendiário agiu com intenção de matar, pois, além de ser treinado para lidar com incêndios e ter noção de que o estrago seria de grandes proporções, não tem como se esquivar do fato de que os cachorros latiram quando ele jogou o combustível debaixo da porta e que tinha uma luz acessa no corredor. Além, é claro, de não poder alegar desconhecimento de que o jornalista morava no andar superior do jornal.

PARECE QUE TUDO ESTÁ SENDO PREPARADO PARA
QUE FIQUE COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO

Mas tudo parece caminhar para que a investigação vá se prolongar para que caia no esquecimento e não chegue a nenhum outro partícipe. Com isso, é grande a possibilidade que os crimes mais graves sejam descartados e o folclórico, inusitado, e digno de figurar no livro dos recordes da incoerência, o bombeiro incendiário seja enquadrado no crime de incêndio (que é contra a incolumidade pública) e, ao depois, desclassificado para dano qualificado e o dito cujo continue sua vida normalmente, passeando de bicicleta, curtindo a vida e para que aqueles que o incentivaram ou planejaram fiquem sem ter sequer seus nomes escancarados para a população saber até onde vai a desumanidade do negacionismo e do ódio que ele produz. O jornalista e sua família que amarguem para o resto da vida as consequências deste ato vil.

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