25 de fevereiro | 2007

Revistas de seguranças nas pessoas constrangeram quem ia ao baile popular

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 Revistas em crianças de nove, dez, onze anos, algumas acompanhadas pelos pais, entrando em bailes noturnos e sendo revistadas como se fossem adultos, com os seguranças verificando até dentro dos bolsos e sendo obrigados a tirar tênis e sapatos, segundo a reportagem da rádio difusora. Possíveis abusos cometidos por agentes de segurança femininos apalpando lugares íntimos de mulheres que pretendiam entrar no local dos bailes. Tudo isto fez parte de revistas pessoais de seguranças que constrangeram as pessoas que queriam ir aos bailes de carnaval no barracão instalado na Praça da Matriz de São João Batista.

Por outro lado, depois de entrarem, embora houve um espaço de cerca de dois metros entre o final da lona e as grades colocadas para cercar o local, as pessoas não podiam sair debaixo da tenda na tentativa de fugir um pouco do forte calor, tendo que permanecer totalmente presos dentro do curral armado para o carnaval. De acordo com a reportagem da Rádio Difusora AM, não podiam se aproximar da grade para evitar a alta temperatura que tinha no interior da barraca.

Os constrangimentos femininos parecem ter sido mais contundentes. Celina, moradora do Jardim Luiz Zucca, contou na emissora de rádio que foi no carnaval na terça-feira à noite e depois do desfile das escolas de samba pensou em ir um pouco no baile.

Apertando os seios

Para entrar disse que sofreu constrangimento de uma das seguranças que foi fazer a revista pessoal nela: "Cheguei lá com minha netinha de três anos no colo e minha outra menina de 14 anos do lado, a Luciane, pra mulher fazer a revista. Fizeram uma revista na minha menina, ela estava de boné, meteram três tapas na cabeça dela pra ver se ela tinha alguma coisa embaixo do boné. Aí a moça foi fazer a revista em mim, passou a mão pra tudo quanto é lado e eu senti a mão dela numa daquelas partes minhas que não precisava fazer, botar a mão lá naquele lugar. Aí ela foi por a mão nos meus peitos, ela pegou tanto nos meus peitos que ela ergueu o meu seio pra cima, ela não fez revista, ela meteu os dois mãozão dela nos meus peitos e ergueu. Eu falei para bem. Calma, fazer revista é uma coisa".

Disse ainda que houve até uma certa discussão com uma outra segurança e ela chegou a quase desistir de entrar no baile, mas por interferência de uma pessoa amiga que estava ao lado, resolveu entrar e passar pela revista com a mesma agente de segurança, principalmente porque os amigos que a acompanhavam já haviam todos adentrado no local: "Aí eu falei: faz a revista em mim que vou entrar, mas não rela a mão nos meus seios, você já viu que não tem nada e ela foi de novo. Eu falei no meu seio você não rela a mão".

Mesmo assim acabou se sentindo humilhada pelas atitudes que a segurança adotou, mesmo depois da interferência de um que parecia ser o chefe da segurança. Ela disse que no domingo não teve o mesmo problema.

Tudo torto

A própria netinha acabou sendo constrangida pela ação das mulheres que trabalhavam como segurança. Embora tenha gostado das escolas de samba, afirmou que não vai mais ao carnaval em Olímpia. Depois acrescentou: "Aquela mulher lá eu falei pra ela: meu negócio não é mulher não bem. Falei: se seu negócio é mulher é problema teu".

O desabafo da mulher colocou às claras o grave problema da falta de segurança que a cidade de Olímpia vem sofrendo. Ela reclamou da mudança que o Bloco Todo Torto foi obrigado a fazer de última hora, inclusive com intervenção do Ministério Público, situação que expôs um neto seu às ações de marginais.

Segundo ela, o bloco foi obrigado a se reunir no Jardim Santa Ifigênia, num local bastante próximo de uma região onde haveria grande atuação de marginais.

Mais reclamação

Outra mulher que se identificou como Lurdes, que reside no Jardim Alfredo Zucca (Cohab IV), que tinha ido a Guaraci nos dias anteriores, contou na mesma emissora que chegou a desistir do carnaval de Olímpia.

"A primeira vez que fui foi ontem aqui em Olímpia. A hora que cheguei lá e vi aquelas mulheres tocando as mãos nos peitos das mulheres para entrar, falei pro meu marido vamos embora. Eu fui em Guaraci, é completamente diferente. A praça tinha banda e em volta trio elétrico", destacou reforçando a reclamação levada ao ar um pouco antes.

Depois ainda disse: "Aqui tinha crianças até 2h30, três horas da manhã, tinha criança pequena na praça. Completamente diferente. Aqui em Olímpia não existe carnaval, não devia nem fazer mais. Fiquei horrorizada com o que vi ontem. Hora que cheguei pra entrar vi que tava tacando a mão numa mulher lá, fiquei olhando. Toda mulher tinha que levantar o seio lá em cima. Parece que tava mexendo com boiada, tirando leite. É um absurdo".

 

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