23 de abril | 2007

Queima da palha da cana acelera degradação da terra

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 A queima da palha da cana-de-açúcar, prática utilizada fortemente pelas usinas para favorecer o corte para o abastecimento das unidades agroindustriais da região, é um fator de aceleração do processo de deterioração da terra. A atividade, além dos fatores positivos, apresenta uma preocupação muito grande e já debatida pelos cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, cujo relatório divulgado em fevereiro deste ano prevê aumento de três graus centígrados na temperatura média ao longo deste século.

O relatório de 20 páginas foi elaborado a partir quase uma centena de pesquisas apresentadas por quase 2,5 mil cientistas do mundo inteiro. O documento mostra apenas os temas que foram consenso entre todos eles.

Por analogia pode se afirmar que o documento indica que as usinas de açúcar e álcool inclusive as localizadas ao redor de Olímpia, proporcionam a aceleração do processo. A presença e a possibilidade de futuras instalações de usinas na região de Rio Preto tendem a agravar o aquecimento global com a queima desenfreada da palha da cana-de-açúcar.

A queima da palha da cana aliada à indústria e à poluição está acelerando o aumento da temperatura na região. Especialistas explicam que o aquecimento global é conseqüência do aumento de gases do efeito estufa, fenômeno causado pela emissão de substâncias provenientes da queima de combustíveis fósseis, como carvão e derivados de petróleo, além dos incêndios florestais.

Para os cientistas a queima da palha da cana-de-açúcar não está sendo discutida com a seriedade merecida. Se o uso do álcool hidratado é um paliativo que substitui o combustível a partir do petróleo, por outro lado, não se sabe o que fazer com a queima da matéria-prima para a elaboração do produto.

As perspectivas para o setor, a partir de levantamentos realizados em 2006, apontavam um crescimento de aproximadamente 65% na quantidade de usinas na região em 2007. As informações davam conta da instalação de nove novas unidades industriais. Atualmente, 14 estão em operação.

Expansão

Se a expansão do setor pode ser positiva à economia brasileira e por conseqüência ao município de Olímpia, a manutenção das técnicas de cultivo e a não aplicação rigorosa da legislação de queimadas da palha da cana-de-açúcar, pode agravar ainda mais a situação do meio ambiente.

De acordo com especialistas em meio ambiente em 2100 é quase uma certeza que o clima terá mais dias quentes e menos dias frios. As tempestades fortes vão ficar mais comuns, assim como chuvas intensas em poucos dias. Boa parte da fauna e flora atual não conseguirá se adaptar a essas mudanças climáticas. Os cientistas estimam que no fim do século XXI cerca de 40% de todas as espécies animais da região estarão sob risco de extinção. Caso se confirme o aumento de três graus centígrados em alguns rios da região a água tende a desaparecer. Em outros, a evaporação vai provocar a diminuição do nível de água, aumentar o teor de sais minerais e consequentemente a presença de bactérias, que acarretará a morte de peixes.

A região terá o solo prejudicado com o aumento das usinas de cana-de-açúcar.

A cinza em pouca quantidade é considerada elemento fertilizante. Porém, quando se trata de incêndios de grandes proporções como nos casos das queimas da palha da cana, ocorrem alterações por excesso de calor deixando a tendência de esterilidade do solo. A elevação da temperatura aumenta as chances de incêndios e consequentemente a diminuição da vegetação.

Outro fator que vai contribuir para a redução das matas é o desaparecimento de 40% de todas as espécies animais.

 

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