11 de setembro | 2011

Psicóloga diz que apenas o toque de recolher não resolve situação

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Embora se posicionando a favor do toque de recolher, até porque uma criança necessita de descansar o suficiente para enfrentar o dia seguinte, a psicóloga Sônia Queiroz (foto) entende que apenas uma lei implantando a medida, mesmo que em todo o Estado de São Paulo, não seria suficiente para solucionar todas as questões envolvendo crianças e adolescentes, principalmente, quando se trata da prática de crimes, como, por exemplo, o tráfico de entorpecentes.


Porém, ressalva que o menor não pode permanecer na rua no período entre 23h30 e 5 horas, conforme prevê a lei proposta pelo deputado Jooji Hato. “Acho que o menor, a não ser a acompanhado pelos pais, teria que estar em casa nesse horário, porque ele precisa dormir, ele precisa descansar”, avisa.


Mas ela também entende que essa medida não resolverá a questão, principalmente do envolvimento com drogas. “Eles (menores) pegam drogas durante o dia e nas escolas”, afirma. Por isso, diz que ficar em casa no período que a lei prevê não modificará nada. “É lógico que eles ficarão numa situação de risco, que é muito maior nesse horário, apesar de morarmos numa cidade relativamente tranquila”, avalia.


Mas a psicóloga aponta para um problema ainda maior, caso eles fiquem em casa a noite, em razão do toque de recolher. “O pai e a mãe estarão em casa para cuidar deles”, questiona. Muitas vezes, diz a psicóloga, os menores estão nas ruas porque pai e mãe também não estão em casa e, ainda teria uma agravante: “pode acontecer deles serem mal tratados em casa”.


Sônia Queiroz cita a possibilidade de um menino que, se sair durante o dia e não levar dinheiro para casa, não poderia entrar para dormir a noite em casa. Esse menino, segundo ela existiu e atualmente é maior de idade. “Primeiro ele pedia dinheiro, saia com uma caixa de engraxate para a rua, depois começou com pequenos furtos, sem contar o vício de drogas e prostituição também”, relatou.


Isso demonstra que o problema é maior do que o simples horário de toque de recolher, passando a exigir uma solução social para a questão. “É obvio que diminuirá a quantidade de drogas, de prostituição, mas não impede que aconteça em outro período do dia”, reforça.


PREVENÇÃO E
ORIENTAÇÃO

Para a psicóloga é preciso medidas preventivas e de orientação através de um trabalho do município para orientar os pais e crianças. “Já tive caso no meu consultório que a mãe fica em cárcere privado pelo companheiro e não podia acompanhar o filho nas coisas”, contou.


“A gente não sabe ao certo qual seria a medida preventiva para isso, mas o ideal é que tivessem esclarecimentos, palestras. Começaria nas escolas, fazendo reuniões com os pais e mestres, colocar alguém que tenha conhecimento sobre isso para orientar esses pais. Se bem que essas crianças que tem problemas, os pais nem na escola vão para a reunião, então é muito complicado você resolver esse problema da adolescência”, reclamou.


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