29 de outubro | 2022

Prefeito quer criar Museu de História na área com pinturas na Beneficência

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AFRESCOS HISTÓRICOS!
Afrescos foram pintados pelo artista Durval Pereira, que nasceu em 1917 e faleceu em 1988. Técnica de pintura mural sobre base de gesso ou cal ainda úmida.

O prefeito Fernando Cunha explicou recentemente que vai aproveitar as várias áreas do prédio do antigo hospital da Beneficência Portuguesa, que recentemente passou para o município, para abrigar alguns setores da administração pública, mas uma parte está vendo com muito cuidado para conseguir a sua preservação: é a área onde estão os afrescos (pinturas) do artista plástico Durval Pereira (FOTO), onde pretende transformar num museu histórico para a cidade.

O prefeito quer evitar um grande prejuízo cultural para o município, pois as obras existentes no local são parte integrante da história de Olímpia. Embora com uma estimativa de custo para a recuperação que necessita ser realizada por artistas conhecedores da técnica de pinturas em afresco, a falta de conservação sempre o preocuparam, mas desde 2017 vinha tentando conseguir que a propriedade passasse para o município.

PRÉDIO AGORA É DO MUNICÍPIO

Como agora a situação se resolveu, está ultimando os preparativos para a recuperação do local (uma área de 6 mil metros quadrados) que foi tombado pelo CONDEPHAT e tem que ser preservado, mas podendo ser adaptado internamente para abrigar outras repartições da prefeitura.

Um laudo de vistoria do Poder Judiciário aponta que os afrescos são da década de 50, que precisam ser recuperados e mantidos, mas por pessoas especializadas. Há um valor estimado de quase meio milhão de reais para a realização desse serviço.

No prédio há um cômodo com diversos afrescos da década de 50, pinturas alusivas à comunidade portuguesa feitas na parede, que estão danificadas pelas infiltrações, segundo informação do oficial de justiça João Simões Rodrigues, que consta no laudo da vistoria realizada no dia 19 de dezembro de 2016.

PINTURA DE MURAL E BASE
DE GESSO OU CAL AINDA ÚMIDA

Na realidade trata-se de afrescos, técnica de pintura mural, executada sobre uma base de gesso ou cal ainda úmida – por isso o nome derivado da expressão italiana fresco, de mesmo significado no português – na qual o artista deve aplicar pigmentos puros diluídos somente em água.

Em razão disso, se a recuperação dos afrescos for entregue a pessoal não especializado, o patrimônio artístico estará perdido.

O AUTOR DOS AFRESCOS

Esses afrescos foram pintados pelo artista plástico Durval Pereira, que nasceu em 1917, na cidade de São Paulo e faleceu em 1988. Ele perdeu o pai aos 9 anos e teve que trabalhar para ajudar a sua família, fato que não o afastava dos desenhos.

Aprendeu retocar fotografias com o José Piciochi, indo trabalhar como retocador por conta própria e cinegrafista do Governo, sem, no entanto, abandonar a pintura.

Em 1944, recebeu o Primeiro Prêmio Menção Honrosa no Salão Paulista de Belas Artes. Foi viver da pintura. Em 1946, estudou artes plásticas na Associação Paulista de Belas Artes.

Recebeu inúmeros prêmios e participou de muitas exposições coletivas, dentro e fora do Brasil. Em 1983, nos Estados Unidos, recebeu troféu. Considerado pelos americanos como o maior impressionista dos tempos atuais.

A CRUZ DE MALTA PINTADA
NO TETO É SELO DE IDENTIDADE

O trabalho de Durval Pereira é notável, segundo o site “Notícias do Bem”, em suas cores e mínimos detalhes. A cruz de malta que pintou no teto seria uma espécie de “selo” de identidade, a não restar dúvidas da origem de seu autor. E os afrescos, oito telas ao todo, são todas da mais pura inspiração portuguesa.

Os painéis, que chegam a medir até 3,5 metros de largura por 3 de altura, levam a assinatura do artista e a mesma data (1/1/1952). E todos eles têm a mesma inspiração da terra de Camões e de Pessoa. E, acima de cada um, uma frase de um autor português. Para a pintura que representa a colheita da uva (um dos mais castigados pela infiltração), um verso do cancioneiro popular: “Os teus olhos são castanhas, o meu peito canjirão; Eu quisera ser o vinho, para encher-te o coração”.

A falta de conservação do prédio custou caro às obras. Algumas estão mais intactas, como o do carro de boi e o das caravelas. Outras estão mais danificadas e uma das frases está parcialmente oculta pelas manchas de bolor.

DURVAL HARMONIZOU
SUA OBRA COM O AMBIENTE

Tristes constatações em um cenário a “respirar” o talento de Durval Pereira, que se preocupou em harmonizar a sua obra com todo o ambiente. Emoldurou os afrescos na cor marrom e fez o mesmo com os batentes das janelas e portas, cujas folhas duplas foram pintadas no mesmo tom.

Tudo para combinar com o marrom da madeira maciça da qual são feitas a mesa de reuniões e as nove cadeiras personalizadas com a insígnia da Sociedade Beneficência Portuguesa de Olímpia. Nove eram os assentos dos membros do alto conselho que decidiam os rumos do hospital e da associação.

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