09 de janeiro | 2012

Políticos podem ter pago para publicar enquetes sobre desempenhos políticos

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Um jornal só com enquetes sobre o desempenho político de prefeitos, vereadores e políticos da região, circulou no final de 2011 e início deste ano, com milhares de exemplares despejados na cidade, coincidentemente ou não, contendo apenas matérias e atos oficiais e parcos espaços publicitários, levando a crer que a publicação tenha sido bancada por protagonistas de enquetes mostrando seu ótimo desempenho junto ao eleitorado.

Entre os profissionais de imprensa, este tipo de publicação onde só figuram matérias e atos de prefeituras é considerado “picaretagem impressa”.

Entre os favorecidos pelas enquetes do pseudo jornal aparece o prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, com mais de 60% de aprovação ao seu governo.

Por outro lado, não se sabe se maliciosamente ou não, também é criada uma confusão em razão de o pseudo jornal fazer uso do nome “Folha da Região” do Norte Paulista, ao que tudo indica para tentar fazer parecer que seria uma publicação especial desta Folha.

A Folha da Região vem esclarecer que não existe nenhum vínculo entre este e aquele pseudo jornal que parece ser publicação de ocasião que pode ter como objetivo manipular a opinião pública em benefício de seus patrocinadores.

Por princípio, a Folha da Região nunca publicou enquetes por não acreditar na metodologia que é inexata, e estas, cujo sentido somente pode ser entendido como o de tentar alavancar candidaturas, não pode ser atribuída a nenhum órgão de comunicação comprometido com a responsabilidade social.

Para o perfil do jornalismo exercido nesta Folha, que condena por princípio e convicção manipulações eleitoreiras, é impensável que tal publicação, que grotescamente tenta imitar o desenho gráfico do jornal, fosse pelo menos encarte deste semanário.

Portanto, informa a seus leitores, que durante a semana ligaram perguntando sob a responsabilidade deste jornal sobre a enquete realizada e distribuída gratuitamente através do pseudo jornal, que parece sobreviver de verbas públicas, pois tem parcas propagandas, que nada têm a ver com a mesma e que condena tal método frequentemente ressuscitado no período próximo das eleições.

E mais: esta Folha jamais publicaria um caderno de 12 páginas apenas com enquetes de prefeitos e vereadores da região, sem nenhuma mensagem publicitária para garantir as despesas do jornal, portanto, o que é pior, significando que podem ter sido os próprios prefeitos ou presidentes de Câmaras, ou vereadores que estariam bancando a publicação de enquetes que os favorecem.

Proprietário garante que “enquete” não tem fundamentação científica

O diretor-proprietário da publicação que inclusive teria tentado confundir os leitores locais imaginando que seria um trabalho realizado por esta Folha, Márcio Rogério Pereira Gomes, embora tenha garantido que se trate de “um trabalho sério” bancado pelo próprio jornal, afirma que a “enquete” que divulgou não tem nenhuma fundamentação científica.

De acordo com o que ele teria afirmado ao radialista Orlando Rodrigues da Costa, que inclusive publicou texto em seu blog na Internet, não haveria vínculo da publicação com nenhum órgão de poder da cidade ou das cidades onde já efetuou este tipo de levantamento, como, por exemplo, Guaraci, também retratado em percentuais nesta mesma edição.

Gomes ressalta que não há um rigor científico nos resultados, uma vez que não se trata de pesquisa, mas sim de uma enquete. E que, por isso, também, não há abrangência geral no âmbito do eleitorado olimpiense, como uma pesquisa científica permitiria, ou seja, a chamada proporção numérica. “O que está aqui é o que o povo realmente falou”, garantiu Gomes.

Até porque, segundo ele, manipular estes dados não daria a seu veículo a credibilidade que diz querer angariar junto ao povo. Ele diz mais: “Nas eleições passadas tivemos 99% de acertos no que fizemos”, garante.

Rebatendo sua informação, consta que a empresa de Gomes foi constituída em 14 de agosto de 2009, mas começara a operar dois dias antes – 12 daquele mês. Na Jucesp está registrada como editora de jornais e promotora de eventos e publicidade. O endereço atual é General Glicério 4.685, em São José do Rio Preto. Antes, era Rua 14, 236, em Barretos, onde ainda reside Gomes, segundo ele mesmo disse ao blog do radialista.

Só que os CNPJs da Jucesp e o registrado no expediente do jornal não batem. São diferentes do começo ao fim. A mudança de endereço ocorreu em 9 de outubro de 2009.

MÉTODO UTILIZADO

Consta que as entrevistadoras conversavam detalhes do que já haviam apurado com entrevistados, não perguntavam antes se o entrevistado tinha algum interesse, seja profissional, financeiro ou político em relação ao Executivo Municipal; se era político praticante ou não, se exercia cargo público ou político, ou mesmo se representava grupo político ou se era, por exemplo, profissional da imprensa, etc.

São detalhes que parecem insignificantes, mas que geram enormes distorções no resultado final, principalmente sendo uma enquete e não uma pesquisa com todo rigor científico. Para se ter uma ideia, um grande instituto, como, por exemplo, o Datafolha, IBOPE, Sensus, caso fizesse pesquisas por aqui nem precisariam ouvir tantas pessoas porque, no caso deles, a distorção é tanto maior quanto maior o número de pessoas ouvidas.

Por isso é feita a pesquisa de modo extrativado, por segmentos – idade, sexo, região, etc. E neste caso vale a proporção numérica – número de entrevistados proporcionalmente ao contingente eleitoral. Como exemplo, o Datafolha usa um contingente de entrevistados em nível nacional que fica entre 2 mil a 2,5 mil eleitores para apurar intenção de voto para presidente.

Aqui em Olímpia, segundo o jornal, foram ouvidas 2.830 pessoas nesta enquete. Gomes disse ainda que em fevereiro deve voltar à cidade para novo levantamento.

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