02 de fevereiro | 2014

Paratleta de futuro pensa em parar de competir por falta de patrocínio

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Considerado um paratleta de futuro, inclusive pelos resultados que vem obtendo, por causa da falta de apoio e dificuldades financeiras que tem enfrentado, Luan Perpétuo Bertasi agora pensa em parar de competir ou mesmo de passar a defender outra cidade.

Deficiente visual, Luan Perpetuo Bertasi, que compete nas modalidades 100 e 400 metros rasos e ainda salto a distância, concedeu entrevista para esta Folha explicando os motivos que o levaram a pensar em parar. “Porque eu não tenho patrocínio. Então, está difícil para me manter. A coisa está complicada”, reclamou.

Ele sempre competiu contando com recursos próprios. Até 2013, por exemplo, ele tinha um trabalho remunerado na Escola Estadual Dr Wilquem Manoel Neves. “Eu tinha o dinheiro do meu serviço. Agora, estou sem serviço e sem patrocínio. Então, é difícil para me manter”, conta.

Até então, Luan competia em regionais por Olímpia e levando também o nome da escola: “o estado pagava, mas agora como terminou meu compromisso com a escola eu tenho outras provas, mas essas são por fora do circuito escolar e vai ser difícil para me manter”.

De acordo com ele, as despesas são grandes “porque a gente tem que pagar hotel se a cidade for fora, ônibus, essas coisas. E tem a pessoa (guia) que corre comigo também. Tem alimentação tem que pagar o guia, tem a parte do material esportivo também como sapatilhas”.

ESPERANDO AJUDA DO THERMAS

Luan conta que já procurou por patrocínio com a direção do Parque Aquático Thermas dos Laranjais, onde deixou seu currículo relatando as provas das quais participou, os tempos obtidos e as medalhas que conquistou: “mas até hoje não me deram resposta, desde novembro antes de ir para São Paulo. E quando vou em competição e chego lá as pessoas me perguntam: onde você mora? Eu digo: em Olímpia. As pessoas dizem que: lá parece ser uma cidade grande e que tem bastante turista, tem o Thermas dos Laranjais, eles não te dão apoio? Eu digo que não e eles me falam que isso é uma pouca vergonha”.

De acordo com ele, o patrocínio seria bom: “se eu quiser continuar no esporte, vou ter que ter alguém que me patrocine para conseguir evoluir. Se não, vou ter de parar”.

Um dos problemas é a manutenção de um guia para poder treinar e competir: “tenho de pagar o guia que corre comigo e tenho que bancá-lo todo mês”. Por outro lado, pelo menos ele não tem de pagar para treinar porque faz isso, quando está em condições, numa pista ao lado do Recinto de Exposições e Praça das Atividades Folclóricas Professor José Sant’anna. No entanto, não vê o recinto com um lugar ideal: “não tem estrutura. Falta água lá e não é uma pista adequada”.

“Olha até hoje eu consegui me manter, mas a partir de agora vai ficar mais complicado. Se não conseguir patrocínio eu vou parar. Vou ter que arrumar serviço. Terei de estudar, pois terminei a escola e vou iniciar na faculdade. Isso (competir) é o que eu gosto de fazer, é o meu hobby, mas acho que vou ter que partir para outra”, reforça.

Segundo ele, a maior necessidade mesmo é o dinheiro: “porque com dinheiro dá para comprar as coisas, tudo certinho do que você precisa. Se for treinar para adquirir um alto nível talvez eu tenha que ir para outra cidade. Talvez em Rio Preto, onde tem uma pista”.

APOIO OFICIAL

Até mesmo um apoio oficial, ou seja, da Prefeitura Municipal, já foi tentado: “eu fui lá com o meu treinador, mas até hoje não obtivemos respostas. Eles disseram que iriam ver o que poderiam fazer para ajudar, mas está difícil. Já conversamos várias vezes com eles e nada”.

E sem apoio financeiro a possibilidade de continuar competindo exige que vá embora de Olímpia: “Se não conseguir nada por aqui estou indo embora. Talvez até pra fora do estado. Estou pensando em fazer faculdade e tudo que indica vou fazer administração”.

Ainda sobre a possibilidade de alguém patrocinar ele informa: “tem o meu e-mail luanbertasi@ hotmail.com. Então eu deixo o apelo e se tiver empresários interessados em patrocinar, isso vai ajudar bastante”, finaliza.

Conquistou 7 medalhas de ouro e 5 de prata em 3 anos

O deficiente visual Luan Perpetuo Bertasi, que compete nas modalidades 100 e 400 metros rasos e ainda salto a distância, já conquistou sete medalhas de ouro e cinco de prata nos três anos em que participa de competições. Em razão disso, já se pode considerar que é um medalhista representando a cidade em categorias que são dominadas por brasileiros em competições internacionais.

“A competição mais importante que conquistei uma medalhe foi a dos jogos abertos. Como se diz: tudo começa devagar. O meu tempo não era muito bom, mas a penúltima eu estava fazendo com 1m10s. os 400 metros”, relembra.

Mas quando da última prova que participou era claro o ganho de tempo que conseguiu: “antes de me machucar eu estava fazendo com 1m7s. Nesses jogos abertos eu conquistei uma medalha de prata, competindo com pessoas de alto nível e de seleção brasileira”.

Foi numa competição em São Paulo que Luan lesionou a coxa no dia 26 de novembro de 2013: “foi um rompimento do músculo, uma distensão muscular. Eu estava disputando os 100 metros rasos e na saída do bloco eu senti uma fisgada”.

Entretanto, mesmo contundido Luan não abandonou a prova: “eu não deixei de correr e competi até o final da prova e na minha série eu cheguei em segundo, mesmo machucado. De três eu cheguei em segundo, mas não deu para pegar medalha”.

E foi a partir da contusão que Luan deixou de treinar: “em São Paulo mesmo já fizeram os exames e comecei a fisioterapia, que continuei fazendo em Olímpia para recuperar totalmente”.

Agora, surge outra dificuldade para Luan continuar competindo: “não estou mais treinando porque não tenho mais os meus guias. Eles estão trabalhando e agora fiquei sem”, lamenta.

 

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