03 de novembro | 2013

Morte de Pedro Henrique aos 10 anos citada em editorial do Diário da Região

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Praticamente um mês e meio depois e ainda sem ter informação oficial a respeito da investigação que está sendo realizada pela Polícia Civil, a morte do menino Pedro Henri­que Pereira de Jesus, que faleceu aos 10 anos de idade, na tarde de uma terça-feira, dia 17 de setembro, volta a fazer parte do noticiário regional.

Desta feita o caso foi citado em editorial no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, na edição da quarta-feira, dia 30 de outubro, comparando à morte do garotinho Willian Henrique, de apenas dois anos, que morreu depois de ter contraído catapora e passar por pelo menos quatro médicos naquela cidade.

Tal qual o que aconteceu com Pedro Henrique, que sofreu uma corriqueira torsão de tornozelo e foi várias vezes atrás de atendimento médico, Willian Henrique morreu de catapora depois de passar por pelo menos quatro médicos.

Assim como com Pedro Hen­rique, apesar de todos os sinais que o quadro da criança apontava no sentido de exigir medidas mais efetivas para o tratamento, seu caso foi empurrado dia após dia até o desfecho trágico.

“Infelizmente, esse caso não é uma exceção na região. Em setembro, Pedro Henrique, um garoto saudável de dez anos, morador de Olímpia, que sofreu uma corriqueira torção no tornozelo ao brincar na escola, morreu num hospital de Catanduva após peregrinar durante uma semana por inúmeros postos de atendimento. Em ambos os casos, ao menos um médico afirmou que as crianças estavam fazendo manha. Como se viu, não estavam”, diz trecho do editorial.

O teor do editorial está relacionado com uma eventual falta de médicos “nos grotões do país e nas periferias das grandes cidades, em especial depois da criação pelo governo federal do programa Mais Médicos, que está trazendo doutores estrangeiros para esses lugares.

Mas nos casos de Olímpia e Rio Preto não faltaram médicos e nem estrutura. Também não eram casos de extrema complexidade, pelo contrário, uma catapora e uma torção de tornozelo”.

“Como sempre, as autoridades de saúde das cidades deram as mesmas respostas pré-fabricadas já conhecidas. Afirmam que os casos serão investigados e, se houver responsáveis, eles serão punidos. Mas sabe-se que a norma é que o corporativismo prevaleça em episódios como esses, que serão esquecidos antes que a próxima tragédia ocorra”, cita outro trecho.

PEDRO HENRIQUE

O caso do menino Pedro Henri­que pode ter sido tratado como se fosse simplesmente uma dor comum, sem que os médicos que o atenderam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), embora com fortes dores e constantes, chegassem a desconfiar de que poderia se tratar de um problema mais sério, como a­ca­bou sendo confirmado, aliás.

Pelo menos é essa a impressão que ficou das explicações do diretor técnico da UPA, José Carlos Ferraz, quando praticamente confirma que no sistema de saúde pública de Olímpia acaba prevalecendo o “achismo”: “Nós não saímos fazendo tomo­grafia ou ressonância magnética na cabeça de todo mundo que tem uma simples queixa de dor de cabeça”.

Trata-se de uma situação que pode vir a confirmar uma grande e talvez a principal falha do sistema. Também seria um indício da falta de capacitação técnica dos profissionais contratados para atuarem na UPA.

Há muitas reclamações de pessoas que chegam a UPA com algum sintoma e saem com o diagnóstico de uma simples virose, sendo medicada apenas com uma simples dipirona, por exemplo.

Ao ser questionado se a realização de exames mais avançados, como, por exemplo, uma tomo­grafia computadorizada, não teria detectado a doença, Ferraz não garantiu o sucesso.

ECONOMIA DE EXAMES

Mas o que chamou ainda mais a atenção foi a explicação dada por Ferraz em relação a não realização desses tipos de exames: “Uma dor de cabeça de uma pessoa hoje, 3 dias depois pode estourar uma veia na cabeça e virar um aneurisma. Nós não saímos fazendo tomografia ou ressonância magnética na cabeça de todo mundo que tem uma simples queixa de dor de cabeça.

Infelizmente muitas vezes nós vamos perceber a doença depois de vários dias do início do processo infeccioso e infelizmente muitas do­enças, quando começam a manifestar ai já é tarde e apesar de todos os esforços que a gente tem de recuperação do paciente, nem sempre nós temos sucesso”.

 

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