16 de maio | 2010

Medida liminar suspende livro sobre vôo 3054 da TAM

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 Uma medida liminar expedida pela justiça de São José do Rio Preto proibiu a publicação de novos exemplares do livro “Vôo da Esperança”, sobre a tragédia do vôo JJ 3054 da TAM, que matou 199 pessoas no dia 17 de julho de 2007, quando caiu no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

O livro foi editado pelo médico olimpiense e médium Woyne Figner Sacchetin e publicado pela editora Universo das Letras. A decisão do juiz da 3ª vara de Rio Preto, Antônio Roberto Andolfato de Souza, fixou multa diária de R$ 1 mil para ambos, no caso de descumprimento.

A decisão atende pedido de Carmem Elizabete Silva Caballero, que perdeu duas filhas e a mãe no acidente aéreo. O livro, segundo consta da ação, ofende a dignidade das vítimas e de Carmem, já que o texto informa que os passageiros foram “membros de um pelotão de mercenários a serviço de Roma que teria existido na Gália no ano de 60 antes de Cristo”.

A advogada da editora Universo das Letras, Andrea Marcondes Machado de Mendonça, afirma que a determinação judicial será cumprida e não haverá impressão de novos exemplares. “Vamos recorrer dessa decisão, pois pode haver prejuízo à editora”, disse ao jornal Diário da Região.

”Por se tratar de uma decisão liminar, o juiz precisa ter o cuidado de verificar que nenhuma parte será prejudicada até o julgamento final do pedido, o que pode acontecer se o livro puder ser novamente editado”, acrescentou.

Ao jornal, o médium informou que não sabia nada a respeito da decisão. Já para Carmem, a liminar é uma vitória parcial. “Eu ainda espero uma condenação. O mínimo que a gente quer é respeito pela nossa dor, o que não houve nesse caso. Ele generaliza no livro, com todas as letras, que as vítimas morreram por merecer. Não me revoltei com a perda, porque minha fé é maior. Mas quando li o livro, não suportei”, lamenta.

O advogado de Carmem, Marco Aurélio Bdine, afirma que entrará com agravo para que os livros que ainda estiverem nas prateleiras também sejam recolhidos. Uma nova audiência foi agendada para o dia 10 de junho, para decidir sobre a indenização, se houver. Bdine sugeriu mil salários mínimos, o equivalente a R$ 510 mil.

ALGOZES DA GÁLIA

No livro espírita, uma das teses apresentadas é que todos os passageiros morreram na explosão da aeronave porque tinham débito em suas vidas passadas. Eles seriam “os algozes da Gália”, membros de um exército mercenário romano que, 60 anos antes de Cristo, teriam queimado pessoas vivas.

“Ontem vocês queimaram seres humanos, hoje vêem seus corpos queimados”, diz um dos trechos da obra, ditada ao autor, segundo ele, pelo espírito de Alberto Santos Dumont.

O livro descreve o acidente aéreo do ponto de vista espírita. “A providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros”, diz outro trecho.

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