19 de abril | 2012

Mãe culpa prefeito pela morte de seu bebê de seis meses

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Luciana dos Santos da Costa, 21 anos, dona de casa,
moradora na rua Miguel Said Aidar, culpou taxativamente o prefeito Eugênio José
Zuliani pela morte de sua filha Rafaela dos Santos Pereira, de seis meses de
idade, ocorrida por volta de 11h30, de quinta-feira, dia 19, após dois dias de
peregrinação pela rede pública de Saúde em busca de atendimento.


Quando
perguntada se acreditava que houve falha no atendimento, a mãe afirmou
revoltada: “sim e o culpado é o Geninho (prefeito Eugênio José Zuliani),
porque pra fazer festa tem dinheiro, mas para empregar médico não. Lá
(postinho) tem dois médicos e as moças marcam consulta para 15 crianças e se
tem a mais o médico vai lá e acaba com elas. Não podem colocar nem uma pessoa
fora aquelas que estão marcadas”, complementou.


A mãe
acredita que se tivesse tido um atendimento mais rápido, ou seja, se tivesse
sido atendida por pediatra logo na primeira vez que foi à UBS – Unidade Básica
de Saúde, na manhã de quarta-feira, a criança estaria viva.


A morte
do bebê de seis meses, por volta de 11h30 da manhã de quinta-feira, dia 19,
após uma peregrinação por socorro médico na rede pública, além de expor mais
uma vez a triste realidade de caos na saúde pública de Olímpia, também traz à
tona um problema que já não se acreditava que existia nos postinhos do
município: os médicos estariam atendendo apenas 15 consultas por dia e não
cumprindo o horário pelo qual teriam sido contratados em concurso público. Pelo
menos é isso que fica evidente nas declarações da usuária do serviço público
citado que teve a filha morta certamente em razão de não ter acesso ao serviço.


Segundo
Luciana dos Santos da Costa, 21 anos, dona de casa, moradora na rua Miguel Said
Aidar, no Jardim Santa Ifigênia, tudo começou às três horas da manhã da
quarta-feira, 17, quando a criança começou a passar mal.


“Eu levei ela logo de manhã no postinho do Santa Ifigênia e perguntei se tinha
algum pediatra para atender e a atendente falou que a agenda estava cheia e não
tinha nenhum pediatra. Voltei pra casa e levei ela para a Santa Casa. Chegando
lá, o médico perguntou o que ela tinha, eu expliquei e ele nem pôs a mão.
Apenas prescreveu medicamento, um sorinho, uma injeção. Aí eu perguntei pra ele
o que tinha acontecido. O médico falou que era pra eu dar água e se ela não
vomitasse que eu podia ir embora”, contou.


A mãe,
revoltada, contou que a menina não vomitou no pronto socorro, mas chegando em
casa vomitou, mas acabou tendo uma melhora e até dormiu bem.
 “Hoje de manhã (quinta-feira –
19) ela mamou e dormiu. Então, eu levei a irmã dela na creche e quando cheguei
em casa, o meu marido já estava me esperando na rua porque ela estava passando
mal novamente. Ai levei ela de novo no postinho e a agenda estava cheia e não
tinha como ela ser atendida. Então fomos na UBS da Cohab II e o médico Atsushi
Kuroishi atendeu e mandou internar ela na Santa Casa”, afirmou Luciana.


E
continuou: “No hospital ela tomou soro e deitei do lado dela, ela respirou uma
vez e parou. Então chamei: minha filha, minha filha e ela não acordou. Chamei a
médica e nada; ai a enfermeira pegou ela e levou pra UTI e logo após vieram com
a notícia de que não tinham como salvá-la pois ela estava muito desidratada”,
lamentou.


Luciana
espera por justiça; que alguma coisa seja feita. “Desse jeito, como foi a morte
da minha filha, amanhã pode ser outra. Ela tinha seis meses e tinha muito pra
viver. Agora estão dizendo no postinho do Santa Ifigênia que iriam fazer exames
na minha filha e que foi eu que num esperei; que minha filha estava desnutrida.
Depois disso tudo eu vou atrás deles vão ter que provar porque eu não ia causar
a morte da minha filha. Se fosse pra ficar de madrugada pra fazer exame eu ia
esperar, não ia embora e minha filha, é só olhar, morta mesmo, e ver que não
tem como dizer que estava desnutrida”, comentou no velório da filha, cujo
enterro estava marcado para a manhã de sexta-feira, 20.


OUTRO
LADO 1

A
secretária da Saúde foi procurada para apresentar a sua versão dos fatos, mas
não foi encontrada na secretaria. Uma assistente sua, de nome Iscila, que não
quis gravar entrevista, apenas disse que deverá ser aberta uma sindicância para
apurar o caso.


OUTRO
LADO 2

Já na
Santa Casa de Olímpia, o diretor clínico, Nilton Roberto Martines, afirmou que
o hospital fez tudo o que podia fazer pelo bebê, mas quando ele chegou e foi
internado já não dava para fazer nada além do que foi feito. O diretor clínico
contou que a criança esteve no pronto socorro no período noturno e o médico
plantonista disse que era preciso consultar um médico pediatra. Acontece que a
família não conseguiu atendimento a tempo na rede pública e quando chegou ao
hospital e foi internada, já estava em situação muito difícil de reversão de
seu quadro clínico.

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