19 de janeiro | 2014

Fim de lixões leva urubus a buscarem comida nas cidades

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Com o fim dos lixões e as beiras de matas, bosques e rios onde era o seu habitat natural e que existiam na maioria dos municípios do Brasil, os urubus passaram a buscar comida migrando para as zonas urbanas. A definição foi da­da pelo veterinário Alexandre Guedes Fraga (foto), durante entrevista, na quinta-feira, dia 16. Segundo ele, agora o lixo está espalhado pelas cidades, o que pode ser considerado um convite para essa espécie de ave viver nas áreas urbanas.

“Tudo começou com a lei da Ma­rina Silva, quando era ministra do Meio Ambiente, que acabou com os lixões que tinham a céu aberto no Brasil. A partir daí o lixo doméstico vai para aterros sanitários e os urubus ficaram sem os seus alimentos, porque viviam no lixão e se alimentavam do lixo”, explicou.

Claro, isso ocorreu também depois do desmatamento desenfreado já que o urubu também se alimentava de restos de animais mortos quando ainda existia nas matas na região.

E essa situação vale também para Olímpia. “Como não existe mais lixão nem o habitat natural das aves em Olímpia, eles migraram para a cidade onde estão encontrando lixo agora. A gente vê muitos urubus em lixeiras. Eles ficam nos postes de luz espalhados por todos os lugares”, acrescentou.

Se a migração dessas aves para a cidade pode ser considerado um desequilíbrio para a vida urbana, conforme ressalta o veterinário o próprio lixão já era um problema: “O lixão já era um desequilíbrio provocado pelo homem, esses li­xões aumentaram muito a população de urubus, e agora eles estão passando fome e estão vindo para as cidades”.

No entanto, a ave não apresenta nenhum risco para o ser humano: “a única coisa é que é um animal que por ser feio é discriminado; porque querendo ou não é feio mesmo e, até agora, nenhuma ONG se interessou pelo problema do urubu e o urubu está passando fome”.

O urubu, segundo Guedes Fraga, se alimenta de qualquer coisa ou tipo de alimento, desde ração a até alimentos em estágio de putrefação: “coisas podres mesmo, eles comem qualquer coisa”.

Entretanto, a ave tem sua importância ao Meio Ambiente: “é um lixeiro da natureza. Vamos ter que entrar nesse processo de equilíbrio novamente, então muitos morrerão de fome e diminuirá a postura de ovos até achar o equilíbrio novamente”.

Urubu, segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, é a designação comum às aves catar­tidiformes, catartídeas, de cabeça pelada, que se alimentam de carnes em decomposição.

URUBUS POR TODOS OS LADOS

Percorrendo as ruas da cidade é comum deparar com a ave, principalmente onde há muita concentração de lixo. Há grandes lixeiras que pertencem a hotéis ou restaurantes e vários urubus se concentravam nesses locais se alimentando do lixo armazenado.

Mas um que chamou a atenção é de uma lixeira no cruzamento da Avenida Aurora Forti Neves com a Avenida Dr. Andrade e Silva. Nesse local há uma grande lixeira em forma de caixa, onde cerca de 20 deles se alimentavam de restos de comida.

Outro caso foi registrado em outubro de 2013, quando o Gru­pamento do Corpo de Bombeiros de Olímpia foi acionado para resgatar um urubu que passava mal no centro da cidade. E pelo que menos o que se conhece da história de Olímpia foi a primeira vez que um caso dessa espécie foi registrado.

O urubu estava na calçada da Rua São João, defronte a uma loja de bijuterias. Além dos sintomas de vômito, a ave apresentava ferimentos em um dos pés. A ave foi resgatada e solta na periferia.

Por outro lado, em junho de 2007 uma concentração de urubus podia ser vista em outdoor nas proximidades do Parque Aquático Thermas dos Laranjais. O local, então um terreno baldio, estava sendo usado para despejo de animais mortos.

Imagens registradas por esta Folha da Região à época mostravam 18 unidades das aves chamadas popularmente de urubus.

Segundo consta, era bastante comum pessoas irem até ao local e despejarem seus lixos como se ali fosse um verdadeiro aterro sanitário, o que pode estar acontecendo em outras regiões da cidade.

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